A arte de fazer merda.

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- Duna, quer descer dessa pedra agora se não você vai se machucar? - Malu me grita. Malu é minha amiga de infância, ela faz faculdade em outra cidade mas aos finais de semana ela fica na casa dos pais. Desde sempre a gente andou juntas, eu tendo a ela e ela tendo a mim. Como irmãs, sou mais nova que ela, então ela me protege.

- Tá bem chatonilda - faço careta e ela faz cara de brava se segurando pra não rir.

- Desça com classe. Como uma lady- ela zoa.

- Isso é lady pra você? - Dou um salto alto da pedra e ao cair fortemente no chão, acabo  torcendo o tornozelo. Droga.

- aaai aaai aaai - a dor do choque logo vem.

- EU FALEI DUNA, porraaa, presta atenção garota - Malu se ajoelha preocupada tateando meu tornozelo para localizar de onde vem a dor. Sem sucesso.

-ALGUÉM ME AJUDA? - desesperada, ela grita.

Mesmo agoniada de dor, sinto-a assustada com meu chororô, lembro me que até mesmo antes de descer eu tinha visto um grupo de pessoas na orla, ela deve estar chamando alguns dos rapazes que estão por ali perto. Mesmo assim não consigo olhar pra ela por causa da dor. Silêncio, até as mãos de Malu já não seguram mais meus ombros, ela já não pede mais por ajuda, estranho, olho pra ela e ela está lá parada como uma múmia, nem pisca , hipnotizada, espera, ela está fazendo careta?. (Risos) Mas gente que boba alegre,  quis zoar da boca aberta de ela mas a curiosidade me atinge fortemente, pra que merda ela está olhando?. Logo nessa mesma hora um rapaz esbelto aparece, enquanto a mulher continua babando o rapaz esbelto pergunta a ela o que está acontecendo, ainda em transe mas consciente ela imediatamente aponta pra mim com o dedo indicador, ela NÃO desvia ao olhar de em nenhum instante. Misericórdia mulher.

- Ela ó, ali. "Dor no zelo caiu quebrou"- Malu dispara essa cômica frase e te juro, vou usar isso num futuro muito em breve, isso é hilário. Seguro pra não rir, a "Dor no zelo" fala mais forte. Acompanhando o gesto de Malu ele me olha e observa a cena, seus olhos param no local em que estou pressionando com duas mãos, mas algo dentro de mim, uma sensação estranha começa a crescer lentamente. De repente me sinto quente como o inferno, ate então eu não tinha olhado-o literalmente, apenas de soslaio, mesmo assim sentindo o calor estranho, não resisto e olho pro homem também. Droga, péssima ideia acompanho seu olhar e lá está ele olhando pra mim, direto nos meus olhos, merda!!!
No mesmo instante meu coração acelera,  sinto o pé de minha barriga recuar quase que automaticamente, uma sensação estranha vai subindo e fazendo meu corpo aquecer, um calafrio estranho sobe pela minha espinha e fazem minhas mãos suarem me deixando cada vez mais ...excitada?. Sem cortar a tensão ele se aproxima.

- Está tudo bem?- pergunta, ele aponta pra onde estou com a mão como se pedindo autorização pra verificar. Eu balanço a cabeça autorizando o , enquanto ele passa a mão por cima da minha pra segurar meu tornozelo.

-Não, dói muito. - digo finalmente. Enquanto franze o cenho concentrado, parece estar pensando em alguma coisa.

- aguarde aqui, vou pegar meu jipe- ele levanta e sai.

Sem entender nada Malu o encara ir embora, de relance posso vê-lo também.

- menina, o que foi aquilo?.- Malu fica cheia de alegria - ainda bem que isso aconteceu. -bate palmas ainda olhando o rapaz se distanciar.

- Malu, cê tá doida garota? Estou morrendo de dor e você ai torcendo por isso? vê se me erra Malu- falo meio mal humorada. Rapidamente ouço o ronco do motor. Um jipe enorme e confortável aparece, e o boy magia desce pra vir ao meu lado.

- Consegue apoiar em mim pra te ajudar a subir no carro?

- Hmm, não sei.

- coloque os braços ao meu redor, que eu te puxo e você usa sua força com a perna direita! Pode ser?.- pergunta.

- Você me aguenta?- solto automaticamente.

- Claro, porque?- ele pergunta sem nenhuma pretenção e isso me conforta.

-Hmm, nada - certo, vamos lá

- No três?- o rapaz encoraja.

- Sim - concordo.

- então, 1, 2, 3 levanta- ele impulsiona e me puxa ao mesmo tempo, consigo ficar de pé enquanto passo os braços pelo seu ombro, lentamente vou pulando com apenas uma perna, ate que consigo subir no jipe, devidamente sentada, ele da a volta e sobe no carro, já prestes a dar partida.

- Onde você vai And?- pergunta uma garota bonita que parece sair da capa de uma revista, muito linda.

-Pra casa, meu irmão vai olhar o tornozelo dela.- ele responde ela.

- Você vai voltar neh? Meus pais não estão em casa hoje. Podemos fazer uma "festinha" novamente - ri maliciosamente. Boquiaberta estou com a ousadia da moça.

- Faça sem mim hoje Roberta, até a próxima.- ele acelera e parte deixando poeira. Toma lambisgoia penso comigo.

- Vocês se importam de parar em minha casa? Meu irmão é médico e está em casa, ele dará uma olhada.- pergunta.

-Magina, pode nos levar aonde preferir bonitão. - Malu flerta. Ele olha pelo retrovisor e pisca. Meu pai, que biscateiro. Fico com cara de bolacha, deve ser um galinha. Entediadas seguimos, até ele parar em frente à maior mansão da Costa da praia, enorme mesmo, é chique, pensa no paraíso das mansões, prazer, casa do "And".

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