Acordo no dia seguinte e não encontro o Sebastian na cama. Me levanto, caminho até o banheiro e tomo um banho rápido. Me seco, pego uma calça jeans e uma camiseta, visto, calço uma sandália e vou em direção ao corredor. Ouço algumas vozes abafadas mas quando vou me aproximando descubro que é a minha madrinha e a tia Lilian, quando vou descer as escadas escuto:
— Você tirou o meu bebê de mim, Lilian, você tirou a minha filha. — ouço minha madrinha gritar e fico sem entender.
— Não... — ouço minha tia falar mas não consigo escutar a outra parte.
— Eu te odeio, você é o ser mais desprezível, você me entregou uma criança morta e me fez acreditar que era minha filha. Você não sabe a dor de perder um filho. — minha madrinha grita entre soluços e continua. — Você não esperava que a Maria Cecília e o Roberto morressem e deixassem ela só, você é tão irresponsável e inconsequente que deixou que um menino de 17 anos cuidasse dela.— fico em choque com essa parte.
O que meus pais tem a ver com isso? Que filha que a minha madrinha está falando? Menino de 17 anos? Bom, quando meus pais morreram o Robert tinha 17 anos e cuidou de mim, logo essa pessoa que elas estão falando seria... eu. Começo a ficar desesperada.
— Você tirou a Elizabeth de mim, dos meus braços, dos braços da mãe. A minha filha.
Começo a tremer descontroladamente. Vou até a porta do quarto e acabo esbarrando no aparador, um jarro de vidro que estava em cima se estilhaça no chão.
As vozes dentro do quarto se calam e abro a porta, elas ficam visivelmente em choque quando me vêm.— Do que estão falando? Porque estão falando essas coisas? — grito desesperada.
— Fala, Lilian, fala que a Elizabeth foi o bebê que você tirou de mim na maternidade. — minha madrinha diz entre soluços.
Minha tia Lilian não responde nada.
— Elizabeth, como você sabe, sua mãe teve três gravidezes complicadas, e o Robert é quase um milagre, você sabe. Depois dele ela teve mais duas gestações e perdeu os bebês. Algum tempo depois ela descobriu que estava grávida de uma menina, e a Cíntia também, nenhum dos partos foram normais, então, ambas tiveram o bebê no mesmo dia, pois estavam no mesmo tempo de gestação. Quando eu fui ver a bebê da sua mãe no berçário vi que estava morto. Eu não queria que a minha irmã passase por isso novamente, então troquei o bebê dela e coloquei o da Cíntia no lugar. Mas sua mãe não sabia disso, ela sempre pensou que você era filha dela. — Tia Lilian diz entre soluços.
— Vocês estão mentindo. — grito e saio correndo.
Quando chego no corredor encontro o Sebastian. Ele me olha confuso e corro escada a baixo, passo pela sala correndo e entro dentro do meu carro correndo e fecho a porta atrás de mim. Tento ligar mas minha visão está muito embaçada por conta das lágrimas. Passo as mãos rapidamente em meu rosto e giro a chave do carro, vejo alguém abrir a porta ao meu lado e dou partida no carro. Olho rapidamente e é o Sebastian.
— Nãoooooo. Saí daqui, sai agora. — grito.
— Calma, Elizabeth.
— Como você me pede pra ter calma, pelo amor de Deus, todo mundo sabia disso e eu não, Sebastian, eu não acredito... — digo chorando e tento enxergar a estrada mas minha visão está muito embaçada e minha cabeça a ponto de explodir.
Sebastian toma o volante da minha mão e desliga o carro.
— Me deixa ir embora, por favor. Eu não vou aguentar. — falo tremendo. Tento desesperadamente arrancar a chave das suas mãos e começo a bater em seu peito, ele não me diz nada apenas fica quieto e quando estou sem forças, ele me abraça.
— Ei, fica calma, vai ficar tudo bem. — ele fala enquanto tremo em seus braços.
— Porque você não me contou? Todo mundo sabia e eu não, Sebastian, é da minha vida que estamos falando.
— Lizzie, esse segredo não era meu pra mim contar.
Choro e tremo descontroladamente, e o Sebastian fica no meu ouvido o tempo todo dizendo que tudo vai ficar bem.
Quando já estou mais recuperada mas não menos quebrada saio bruscamente de seus braços.— Me dá as chaves.
— Lizzie, eu não vou deixar você dirigir nesse estado, você pode fazer uma besteira.
Na verdade a única coisa que eu quero é morrer e sumir, mas o Sebastian não precisa saber disso.
— Eu não vou fazer nada, pelo amor de Deus, eu vou fazer uma besteira é se eu continuar dentro dessa casa olhando pra essa gente.
— Elizabeth, me perdoe... mas eu não vou te dar essas chaves, eu sei como você é impulsiva.
Começo a soluçar.
— Então me tira daqui.
Falo saindo do carro e o Sebastian sai logo em seguida. Ele entra no lugar do motorista e me sento onde ele estava. Ele logo da partida no carro.
— Pra onde você quer ir? — ele pergunta.
— Eu não sei... me leva pra qualquer lugar. Mas por favor me tira daqui.
Passo a viagem inteira, quieta e olhando pela janela. Depois de quase três horas de viagem o Sebastian para em frente a um hotel.
Saio de dentro do carro e observo o Sebastian colocar as chaves no bolso de sua calça. Ele segura a minha mão.— Você está fria. É como se não estivesse aqui. — ele diz.
Entramos dentro do hotel e ele fala alguma coisa com a recepcionista que da a ele um cartão pra abrir a porta.
Entramos no elevador e o Sebastian me olha preocupado.— Lizzie, eu tô muito preocupado com você, você está fria, distante, seus olhos... azuis tão claros, agora está de um tom escuro, enevoado. Seus olhos não brilham mais.
— Eu quero muito ficar sozinha. Sebastian, eu agradeceria se você me desse as chaves. — falo fracamente.
— Eu vou te deixar sozinha, mas no quarto. Eu já disse, você é muito impulsiva e temo que faça uma besteira.
Me encolho no canto do elevador e fico em silêncio até chegar ao andar. Quando o elevador se abre o Sebastian tenta segurar minha mão mas a afasto bruscamente.
Ele faz um sinal com a cabeça para mim segui-lo. Ele para em frente a uma porta grande de madeira e coloca o cartão, logo a porta é destrancada e o Sebastian abre, ele espera eu entrar e em seguida entra atrás de mim. Passamos por um hall e chegamos a uma sala enorme, não reparo na decoração.— Eu quero tomar um banho. — falo tocando em meu celular no bolso da calça.
— Certo. Vem, vou te levar até meu quarto. — ele diz e o sigo.
Caminhamos por um corredor e ele para e abre uma porta. Entramos e ele me mostra onde fica o banheiro.
— Sebastian, quero tomar um banho demorado, agradeceria se não me incomodasse. — ele concorda e sai.
Caminho até o banheiro e ligo a torneira pra encher a banheira.
Entro com roupa e tudo dentro da banheira e começo a chorar. Porque isso tem que acontecer comigo, minha vida já não é incrivelmente fodida? Fico o tempo todo perdida nesses pensamentos e quando vejo a banheira já está bem cheia. Desligo a torneira e me levanto. Vou até a pia do banheiro e começo a abrir as gavetas em busca de uma tesoura. Quando finalmente acho pego meus cabelos que já estavam batendo na cintura e os corto sem dó.
Quando termino me olho no espelho e eles estão um pouco abaixo do ombro. Olho no chão do banheiro e vejo meus cabelos no chão. Tiro a roupa que está encharcada em meu corpo e pego uma toalha. Me enrolo e saio do banheiro, caminho até o quarto e vejo uma calça jeans e uma blusa preta em cima da cama, provavelmente ele deve ter pegado no meu carro enquanto tomava banho. Visto e vou até o banheiro pegar meu celular, ligo a tela rapidamente e vejo que tem mais de 100 ligações perdidas. Apago todas as mensagens e ligações e ligo para a única pessoa que eu sei que poderia me ajudar nesse momento. Toca algumas vezes até que ele atende.
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Segredo Irresistível (CONCLUÍDO)
RomanceMeu nome é Elizabeth Parker tenho 23 anos, e eu estou me afogando em um mar de mentiras. Afinal o que é verdade o que não é ? Posso confiar em alguém? Eu não sei mais. E justamente quando acho que estou entendendo, tudo é puxado para debaixo de mim...