Capítulo 54

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Acordo no dia seguinte e não encontro o Sebastian na cama. Me levanto, caminho até o banheiro e tomo um banho rápido. Me seco, pego uma calça jeans e uma camiseta, visto, calço uma sandália e vou em direção ao corredor. Ouço algumas vozes abafadas mas quando vou me aproximando descubro que é a minha madrinha e a tia Lilian, quando vou descer as escadas escuto:

— Você tirou o meu bebê de mim, Lilian, você tirou a minha filha. — ouço minha madrinha gritar e fico sem entender.

— Não... — ouço minha tia falar mas não consigo escutar a outra parte.

— Eu te odeio, você é o ser mais desprezível, você me entregou uma criança morta e me fez acreditar que era minha filha. Você não sabe a dor de perder um filho. — minha madrinha grita entre soluços e continua. — Você não esperava que a Maria Cecília e o Roberto morressem e deixassem ela só, você é tão irresponsável e inconsequente que deixou que um menino de 17 anos cuidasse dela.—  fico em choque com essa parte.

O que meus pais tem a ver com isso? Que filha que a minha madrinha está falando? Menino de 17 anos? Bom, quando meus pais morreram o Robert tinha 17 anos e cuidou de mim, logo essa pessoa que elas estão falando seria... eu. Começo a ficar desesperada.

— Você tirou a Elizabeth de mim, dos meus braços, dos braços da mãe. A minha filha.

Começo a tremer descontroladamente. Vou até a porta do quarto e acabo esbarrando no aparador, um jarro de vidro que estava em cima se estilhaça no chão.
As vozes dentro do quarto se calam e abro a porta, elas ficam visivelmente em choque quando me vêm.

— Do que estão falando? Porque estão falando essas coisas? — grito desesperada.

— Fala, Lilian, fala que a Elizabeth foi o bebê que você tirou de mim na maternidade. — minha madrinha diz entre soluços.

Minha tia Lilian não responde nada.

— Elizabeth, como você sabe, sua mãe teve três gravidezes complicadas, e o Robert é quase um milagre, você sabe. Depois dele ela teve mais duas gestações e perdeu os bebês. Algum tempo depois ela descobriu que estava grávida de uma menina, e a Cíntia também, nenhum dos partos foram normais, então, ambas tiveram o bebê no mesmo dia, pois estavam no mesmo tempo de gestação. Quando eu fui ver a bebê da sua mãe no berçário vi que estava morto. Eu não queria que a minha irmã passase por isso novamente, então troquei o bebê dela e coloquei o da Cíntia no lugar. Mas sua mãe não sabia disso, ela sempre pensou que você era filha dela. — Tia Lilian diz entre soluços.

— Vocês estão mentindo. — grito e saio correndo.

Quando chego no corredor encontro o Sebastian. Ele me olha confuso e corro escada a baixo, passo pela sala correndo e entro dentro do meu carro  correndo e fecho a porta atrás de mim. Tento ligar mas minha visão está muito embaçada por conta das lágrimas. Passo as mãos rapidamente em meu rosto e giro a chave do carro, vejo alguém abrir a porta ao meu lado e dou partida no carro. Olho rapidamente e é o Sebastian.

— Nãoooooo. Saí daqui, sai agora.  — grito.

— Calma, Elizabeth.

— Como você me pede pra ter calma, pelo amor de Deus, todo mundo sabia disso e eu não, Sebastian, eu não acredito... — digo chorando e tento enxergar a estrada mas minha visão está muito embaçada e minha cabeça a ponto de explodir.

Sebastian toma o volante da minha mão e desliga o carro.

— Me deixa ir embora, por favor. Eu não vou aguentar. — falo tremendo. Tento desesperadamente arrancar a chave das suas mãos e começo a bater em seu peito, ele não me diz nada apenas fica quieto e quando estou sem forças, ele me abraça.

— Ei, fica calma, vai ficar tudo bem.  — ele fala enquanto tremo em seus braços.

— Porque você não me contou? Todo mundo sabia e eu não, Sebastian, é da minha vida que estamos falando.

— Lizzie, esse segredo não era meu pra mim contar.

Choro e tremo descontroladamente, e o Sebastian fica no meu ouvido o tempo todo dizendo que tudo vai ficar bem.
Quando já estou mais recuperada mas não menos quebrada saio bruscamente de seus braços.

— Me dá as chaves.

— Lizzie, eu não vou deixar você dirigir nesse estado, você pode fazer uma besteira.

Na verdade a única coisa que eu quero é morrer e sumir, mas o Sebastian não precisa saber disso.

— Eu não vou fazer nada, pelo amor de Deus, eu vou fazer uma besteira é se eu continuar dentro dessa casa olhando pra essa gente.

— Elizabeth, me perdoe... mas eu não vou te dar essas chaves, eu sei como você é impulsiva.

Começo a soluçar.

— Então me tira daqui.

Falo saindo do carro e o Sebastian sai logo em seguida. Ele entra no lugar do motorista e me sento onde ele estava. Ele logo da partida no carro.

— Pra onde você quer ir? — ele pergunta.

— Eu não sei... me leva pra qualquer lugar. Mas por favor me tira daqui.

Passo a viagem inteira, quieta e olhando pela janela. Depois de quase três horas de viagem o Sebastian para em frente a um hotel.
Saio de dentro do carro e observo o Sebastian colocar as chaves no bolso de sua calça. Ele segura a minha mão.

— Você está fria. É como se não estivesse aqui. — ele diz.

Entramos dentro do hotel e ele fala alguma coisa com a recepcionista que da a ele um cartão pra abrir a porta.
Entramos no elevador e o Sebastian me olha preocupado.

— Lizzie, eu tô muito preocupado com você, você está fria, distante, seus olhos... azuis tão claros, agora está de um tom escuro, enevoado. Seus olhos não brilham mais.

— Eu quero muito ficar sozinha. Sebastian, eu agradeceria se você me desse as chaves. — falo fracamente.

— Eu vou te deixar sozinha, mas no quarto. Eu já disse, você é muito impulsiva e temo que faça uma besteira.

Me encolho no canto do elevador e fico em silêncio até chegar ao andar. Quando o elevador se abre o Sebastian tenta segurar minha mão mas a afasto bruscamente.
Ele faz um sinal com a cabeça para mim segui-lo. Ele para em frente a uma porta grande de madeira e coloca o cartão, logo a porta é destrancada e o Sebastian abre, ele espera eu entrar e em seguida entra atrás de mim. Passamos por um hall e chegamos a uma sala enorme, não reparo na decoração.

— Eu quero tomar um banho. — falo tocando em meu celular no bolso da calça.

— Certo. Vem, vou te levar até meu quarto. — ele diz e o sigo.

Caminhamos por um corredor e ele para e abre uma porta. Entramos e ele me mostra onde fica o banheiro.

— Sebastian, quero tomar um banho demorado, agradeceria se não me incomodasse. — ele concorda e sai.

Caminho até o banheiro e ligo a torneira pra encher a banheira.
Entro com roupa e tudo dentro da banheira e começo a chorar. Porque isso tem que acontecer comigo, minha vida já não é incrivelmente fodida? Fico o tempo todo perdida nesses pensamentos e quando vejo a banheira já está bem cheia. Desligo a torneira e me levanto. Vou até a pia do banheiro e começo a abrir as gavetas em busca de uma tesoura. Quando finalmente acho pego meus cabelos que já estavam batendo na cintura e os corto sem dó.
Quando termino me olho no espelho e eles estão um pouco abaixo do ombro. Olho no chão do banheiro e vejo meus cabelos no chão. Tiro a roupa que está encharcada em meu corpo e pego uma toalha. Me enrolo e saio do banheiro, caminho até o quarto e vejo uma calça jeans e uma blusa preta em cima da cama, provavelmente ele deve ter pegado no meu carro enquanto tomava banho. Visto e vou até o banheiro pegar meu celular, ligo a tela rapidamente e vejo que tem mais de 100 ligações perdidas. Apago todas as mensagens e ligações e ligo para a única pessoa que eu sei que poderia me ajudar nesse momento. Toca algumas vezes até que ele atende.

Segredo Irresistível (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora