Ter Gustavo por perto era muito bom para Elizabeth, ele era simpático e divertido, por isso acabava tornando o ambiente de trabalho bem agradável e descontraído. Darcy, por sua vez, não se importava que conversassem. Sua assistente sempre realizava todas as suas tarefas e ainda lhe sobrava tempo. Já o amigo era assim mesmo, ele não pretendia reprimi-lo. Pelo contrário, estava muito feliz por Gustavo estar tomando juízo e, na realidade, seus projetos lhe eram de grande ajuda. Como se não bastasse, com o primo da sua noiva por ali, era impossível para Darcy ter qualquer conversa fora do padrão com Elizabeth e isso era tão importante quanto suas principais atribuições.

Darcy pretendia continuar mantendo-se distante de Lizzie, pois temia suas ações se ficassem perto demais. Não faria movimento algum sem definir como ficaria sua relação com Melania. Ele sabia que estava praticamente acabado, já não sentia o mesmo por ela. Contudo, o que podia fazer? Jogar tudo para os ares, por causa de uma garota que conhecia a menos de dois meses? Pior, sem nem saber se era correspondido? Não era uma opção. Com Melania era seguro, o amor era assim, não era? Com o tempo aquela paixão avassaladora se extinguiria e restaria àquele sentimento mais ameno, não necessariamente significaria que o casal não se amava mais. Darcy não poderia abandonar Melania do nada, ela sempre esteve ao seu lado, lhe dando apoio. Que tipo de homem seria se rompesse repentinamente, só por sentir atração por outra garota? Já sentia culpa o suficiente por isso e não queria piorar ainda mais as coisas. Desde que não desse vasão a tal sentimento, não estaria fazendo nada de errado, concluiu.

— Quem pode ser assustadora, Gustavo? - Darcy inqueriu antes de ir para sala.

Pois tinha ouvido a voz do amigo antes de entrar no escritório.

— Lizzie. - Ele disse de bate pronto.

Darcy sorriu e encarou a garota que agora fitava o computador, como se àquilo requeresse toda a sua atenção no momento.

— Gustavo está te importunando de novo por causa de Cecília? - Ele voltou a indagar, dessa vez sua atenção estava na assistente.

— Sim. - Ela afirmou e o encarou por um breve instante, desviando os olhos rapidamente.

Gustavo olhou a cena e meneou a cabeça, ele tinha quase certeza da queda de Elizabeth por Darcy, mas nada dizia. Em pouco tempo Lizzie tornara-se uma pessoa bem-querida para ele. Gustavo não queria pressioná-la, muito menos constrangê-la, até porque o amigo era noivo de sua prima. Ele não iria se meter naquele assunto. Na verdade, achava que Darcy retribuía de alguma forma, apesar de negar com veemência. Porém, os poucos olhares que trocavam vez ou outra os denunciavam. Entretanto, não passava disso, visto que ele estava sempre por perto. Gustavo chegou a cogitar se não era um placebo ou algum tipo de barreira imaginária entre eles.

Afinal, já tinha percebido que ambos evitavam ficar sozinhos na companhia um do outro. Darcy sempre procurava enfiá-lo no meio do que quer que estivessem resolvendo, mesmo que fosse uma simples organização de agenda. Não obstante, Gustavo não queria e não iria tomar parte naquilo, prezava muito pelo bem-estar de Elizabeth.

Sabia que Darcy, muito provavelmente, não era o cara certo para a amiga, visto que era comprometido. Além disso, Gustavo tinha ciência de que precisava preocupar-se com sua própria vida sentimental, que já estava bastante complicada nas últimas semanas.

Cecília não lhe dava abertura para aproximar-se, Gustavo até havia tentado beijá-la em um acesso de coragem. Mas a moça afastou-se e pediu que ele não avançasse mais o sinal daquela forma. Gustavo prontamente cumpriu. Ele não queria de forma alguma afastá-la, pois gostava cada vez mais de Cecília. Inclusive, desde que chegara à cidade, não se envolvera com mulher alguma. O que, para Gustavo, era quase como um recorde olímpico, ainda assim, Cecília não confiava totalmente na veracidade de seus sentimentos e ele já não sabia o que fazer para mudar isso.

— Gus? - A voz do amigo o trouxe de volta a realidade.

— Oi Darcy, me distrai. - Respondeu com um sorriso amarelo.

— Para de viajar e de atormentar Elizabeth e venha até a minha sala, acho que finalmente o projeto poderá sair do papel em breve. - Afirmou entusiasmado e o amigo o seguiu.

Elizabeth suspirou e voltou às suas atividades, ela estava aguentando a convivência com Darcy estoicamente, mesmo nutrindo um tipo estranho de admiração por ele. Durante aquele mês em que trabalharam juntos, Lizzie percebeu que Darcy era um rapaz sério, altruísta e espirituoso. Ainda assim, decidiu não pensar mais nele de outra forma e esquecer a proximidade anterior que tiveram, àquilo não era certo. Ele tinha Melania e ela fazia questão de deixar isso claro sempre que aparecia no escritório, o que era frequente. Elizabeth agradecia por ter Gustavo por perto, ele sempre a divertia e até fazia piadas com Melania, além de imitar a prima assim que ela virava as costas. Elizabeth passou a entender porque Cecília estava quase se apaixonando, se já não estivesse. Durante aquele tempo, Lizzie acabara descobrindo em Gustavo um amigo muito querido. Afinal, ele era bom de papo, engraçado, atencioso, gentil e bonito, sim, ela assim o considerava. Porém, sua preferência física ainda recaia com mais força sobre Darcy.

O dia passou bem rápido e logo Elizabeth se viu em casa, no entanto, teve uma grata surpresa. E sua mãe fez questão de lhe dar logo a notícia:

— Ah minha querida Lizzie, você não sabe! - Exclamou indo pegar a mão da filha do meio. - Seu pai encontrou um emprego.

— Sério? - Ela indagou incrédula.

Já tinha meses que ele procurava e não conseguia nada.

— Sim, seu pai trabalhará como eletricista no mesmo prédio que você. Parece que o lugar precisa de ajustes urgentemente e o síndico contratou seu pai. - Relatou animada.

Lizzie abriu um sorriso de orelha a orelha e abraçou a mãe.

— Isso é uma ótima notícia! - Exclamou alegre. - Cadê o papai?

— Está organizando a documentação, acho que começa na segunda-feira. - Informou e saiu cantarolando.

Elizabeth foi procurar pelo pai e o encontrou na biblioteca.

— Pai?

— Oi querida. - Sr. Heitor respondeu virando-se para a filha.

— Eu soube da novidade, parabéns! - E foi abraçá-lo.

Elizabeth estava verdadeiramente feliz por ele, sabia que o desemprego abalava completamente seu pai.

— Agradeça ao seu patrão, o síndico disse que me contratou por recomendação dele. - Relatou retribuindo o abraço.

Todavia, a notícia a pegou de surpresa, devido a isso, Lizzie cessou o abraço de supetão. Consequentemente encarou o pai esperando respostas. Só que ele não poderia fornecê-las, por isso mesmo, ela precisaria ir à fonte.

Um pedido à estrela cadenteWhere stories live. Discover now