Capítulo 3

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Lizzie ficou aturdida nos momentos seguintes, sua cabeça dava voltas e voltas. Então aquele homem altivo era Darcy? Como podia? Terminantemente ele era páreo para o personagem no quesito beleza. Elizabeth pareceu perder a habilidade de falar por alguns segundos, até que Darcy, percebendo sua surpresa, continuou:

— Você mora aqui perto? O mínimo que posso fazer é levá-la até sua casa.

Lizzie pareceu recobrar a consciência e negou veementemente, mas de um jeito que não soasse mal-agradecido.

— Não há necessidade, eu estou bem e moro muito perto.

— Você está pálida e com uma expressão assustada. Não acho seguro te deixar ir sozinha; vamos, prefiro levá-la em segurança. - Argumentou resoluto.

Elizabeth não teve forças para recusar uma segunda vez, estava bastante intrigada. E, quando se deu conta, encontrava-se dentro de um mercedes cinza, a caminho de sua casa.

— Pode virar à direita. - Informou tentando demonstrar certa naturalidade.

Darcy prontamente obedeceu e, enquanto girava o volante, Lizzie notou um brilho dourado quase ofuscar sua visão, ele tinha uma aliança enorme na mão direita; ou seja, era noivo. Ela achou aquilo mais do que provável, lógico que um homem daquele porte já seria comprometido. A Boaventura desviou o olhar, fingindo não ter notado e ambos ficaram em silêncio.

Após mais algumas coordenadas, Lizzie estava em casa.

— Obrigada pela carona. - Agradeceu sem olhá-lo nos olhos.

— Disponha. - Afirmou espontâneo. - Quero dizer, não nessas condições. - Corrigiu e Lizzie o olhou de soslaio.

Percebendo que ao contrário do Darcy de Jane Austen, esse não parecia ter dificuldades para sorrir. Nem deveria, pois ficava ainda mais bonito quando o fazia, como se algo assim fosse possível, pensou. Ela devolveu o sorriso, mesmo um pouco tímida e desceu, entrando em casa sem olhar para trás, estava completamente desconcertada.

Enquanto isso Darcy seguiu para o seu compromisso rindo pela coincidência dos nomes. Ele, por sua vez, havia aprendido a gostar e, com o tempo, começara a usá-lo a seu favor, antes odiava ser chamado de Darcy. De modo que, seguiu seu caminho pensando na Elizabeth que quase atropelara sem querer. Também precisou reconhecer; que, apesar da simplicidade, ela era bonita e tinha olhos muito expressivos.

Fez que não com a cabeça, afastando a ideia, já imaginando Melania repreendendo-o pelo pensamento, sua noiva era extremante ciumenta, apesar de ele não lhe dar motivos para tal. Sendo quatro anos mais velha do que Darcy, a arquiteta muitas das vezes sentia-se insegura, apesar de ser uma mulher muito bela. O motivo para o ciúme; no entanto, eram as ninfetas que ficavam se jogando para cima de seu noivo, já que, além de bem sucedido, Darcy era lindo de morrer.

Ele chegaria atrasado à reunião, mas não poderia deixar Elizabeth tão atordoada pelas ruas daquele jeito. Um tempo depois do ocorrido, conjeturou se o nervosismo dela, era devido a quase ter sido atropelada. Ou se por quase ter sido atropelada por um Darcy, era normal para ele ver as pessoas olharem-no com curiosidade, sempre que se apresentava. Afinal, encontrar um Darcy em pleno século XXI, era no mínimo peculiar, ainda mais quando a pessoa em questão, chamava-se Elizabeth.

A mãe de Darcy havia colocado esse nome no filho, devido a sua grande paixão por romances clássicos. Mas, também, porque assim como Elizabeth Bennet, ela teve dificuldades para reconhecer os seus reais sentimentos pelo atual marido. As coincidências paravam por aí, já que ambos estavam vivos, ao contrário dos pais do personagem literário. Além de tudo, não havia uma Georgiana na história, visto que a Sra. Conceição não pudera mais engravidar, depois de dar a luz ao seu primeiro e único filho.

Um pedido à estrela cadenteOnde as histórias ganham vida. Descobre agora