Capítulo 2

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Elizabeth trabalhou o restante do dia um tanto eufórica, julgando extremamente peculiar a chegada inesperada daquele visitante em questão. Ela não queria criar expectativas, nem sabia como esse tal Darcy seria, tanto na aparência quanto na personalidade. Às vezes poderia ser só mais um homem estranho com dentes encavalados.

Afinal, quais eram as chances de alguém com o nome de um dos seus personagens favoritos; por ventura, ser também gentil, bonito e cavalheiro? Nulas, certamente. Elizabeth logo afastou os pensamentos que sondavam sua mente, porque precisava concentrar-se na nova função. Ela nunca ficara tanto tempo no caixa mexendo com dinheiro. No trabalho anterior, só servia mesas; salvo claro, quando alguém faltava, sendo necessário realizar a função de balconista.

Entretanto, quanto mais tentava abstrair a mente e esquecer a informação que recebera, mais ficava curiosa para saber como seria um encontro com esse Darcy. Apesar do nervosismo e da distração anterior, Lizzie conseguiu sair-se muito bem para o primeiro dia e já estava pegando as artimanhas da bomboniere.

Charlene era bem paciente, explicava tudo em detalhes, para que a nova funcionária entendesse. Passando a executar as novas atribuições com eficiência e segurança necessárias para tal. Ao final do dia, as duas começavam a fechar o caixa, fazendo um balanço do que tinha entrado e saído, tarefa rotineira na vida de uma balconista.

— Obrigada por ter sido tão atenciosa. - Lizzie demonstrou sua gratidão.

— Imagina, eu gostei de você, confesso que seu nome favoreceu a afeição, eu amo literatura e livros de época. Orgulho e Preconceito é um dos meus favoritos. - Respondeu animada.

— Eu também amo! - Exclamou Elizabeth, identificando-se ainda mais com a garota à sua frente. - Poderíamos sair qualquer dia para discutirmos sobre livros e nos conhecermos melhor, aqui é bem difícil com tanto cliente entrando e saindo.

Pensou que seria ótimo ter alguém para falar mais a fundo sobre uma de suas maiores paixões, os livros. Pois, Cecília, por mais que gostasse de ler vez ou outra; na realidade, preferia mil vezes outras atividades. Dessa forma, raramente as conversas entre elas eram pautadas nesse assunto. Elizabeth sentia falta de ter alguém para discutir sobre o que ela fazia de melhor, ler. Todo seu tempo livre era enfiado em um novo exemplar de romance.

Depois de pegarem o número uma da outra, Lizzie retornou para sua casa, estava completamente exausta porque o dia havia sido extremamente puxado. A bomboniere dava muito movimento e em meio ao treinamento, as duas precisavam se virar para atender os clientes.

No meio do caminho; no entanto, voltou os pensamentos novamente ao ilustre visitante. Não conseguia deixar de imaginar como ele seria, se o encontraria em breve, e como Darcy reagiria conhecendo uma Elizabeth. Obviamente, era bem possível que ele já tivesse cruzado com alguma na vida. Ainda assim, a curiosidade de Lizzie não permitia que deixasse de imaginar tais coisas.

Estava tão absorta em suas divagações, que atravessou a rua sem sequer olhar para os lados, coisa que jamais faria em um dia comum. Só deu conta da irresponsabilidade do ato, quando ouviu o barulho da frenagem brusca de um carro muito próximo de si.

Arregalou os olhos atônita e congelou, quase tinha sido atropelada no primeiro dia de trabalho! Consequentemente, no instante seguinte, viu a porta do motorista abrir e um homem muito bonito, por sinal, aproximar-se de si ligeiramente nervoso e um tanto assustado.

— Moça, você não olha por onde anda? Eu poderia tê-la atropelado, imagina o contratempo que seria, tenho uma reunião de negócios daqui a pouco! - Desatou a falar sem nem preocupar-se com o estado dela, ou, se a havia machucado.

— Desculpe-me, estava distraída. - Limitou-se a dizer, um tanto envergonhada pelo ato inconsequente.

— Certo, desculpe-me também. Aliás, nem perguntei se está bem. - Voltou atrás e a encarou por alguns segundos, esperando uma resposta.

— Estou bem, obrigada. - Agradeceu não deixando de notar o quão elegante e distinto ele era.

Não aparentava ter mais que vinte e cinco anos, era alto, olhos castanhos e amendoados, cabelos escuros e pele clara. O contraste entre claro e escuro era muito harmonioso e Lizzie o considerou extremamente charmoso de imediato.

— Que bom, acho que tenho o direito de saber seu nome, visto que quase te atropelei, não? - Um sorriso torto apareceu em seus lábios.

Lizzie o encarou, notando que sua voz também era muito boa de se ouvir. O estranho tinha um timbre aveludado, bem sedutor para um homem ridiculamente bonito.

— Elizabeth. - Finalmente se tocou que precisava responder à pergunta, apesar de seu notável embaraço.

Ele sorriu ainda mais abertamente ao ouvi-la:

— Prazer, Elizabeth. - respondeu ainda sorrindo. - Eu sou o Darcy.

Um pedido à estrela cadenteOnde as histórias ganham vida. Descobre agora