capítulo 24

1.6K 86 2
                                    

Até que enfim já saí da fase de recuperação, não aguentava mais ficar naquele quarto. Bem, agora estou fazendo algo um tanto errado, mas acho que entre tantas coisas que poderia estar fazendo, essa é a que me deixa mais feliz.

Bati à porta de quem dedico minha paixão. Sim, vim visitar o Allan. Eu sei que não deveria estar fazendo isso, já que fui proibida pelos meus pais de fazer tal coisa, mas eu precisava fazer isso.

Ouvi vozes vindas de dentro do apartamento. Ele não está sozinho, talvez seja "perigoso" estar aqui. Deveria ir embora e apenas ligar para ele.

Antes que eu pudesse dar as costas  e voltar pra casa, a porta se abriu e o Allan me encarou com uma aparência cansada, mas logo abriu um grande sorriso.

- Viol?- ele me abraçou a retribuo da mesma forma.

- Quem é essa, querido?- ouvi uma voz feminina que logo ganhou a face de uma loira bonita e grávida.

O Allan se afastou de mim e levou as mãos ao rosto. Ele estava evidentemente cansado e com raiva. Ela era a pessoa que ele estava falando a pouco.

- Espera um pouco...-minha mente agiu como uma mente de detetive e juntou todos os pontos. A voz, a gravidez, ela estar na casa do Allan.- Você é a mulher que falei ao telefone. Você que está grávida do Allan.

Ela sorri orgulhosa e dá alguns passos firmes para perto de mim.

- E você é a namorada dele.-ela põe a mão na cintura.-Ou devo dizer, ex-namorada?

- O que ela faz aqui, Allan?- olhei nos olhos dele com um ar de decepção.

- Ela veio "acertar" as coisas do bebê.-ele fala sem muita vontade.-Porém expliquei a ela que só farei isso quando tiver certeza de que esse filho é meu.

-Mas claro que é seu filho,amor.- ela para ao lado do Allan e passa as mãos no peito dele.- Não lembra das nossas frequentes noites de amor? Você sempre foi o único homem que me teve.

- Você não me engana, Hope.- ele sorri sem graça e afasta as mãos dela.-Não fui o primeiro nem o único. Você sabe que há mais probabilidade desse filho não ser meu. E de você só quero distância.-ele cospe as palavras.

- Não precisa fingir que não gosta de mim, sei que me ama. Eu também te amo, querido.- ela sorri.- E vamos criar esse filho juntos.

Ela o puxa para um beijo,o surpreendendo e sei que ver àquilo é demais para mim. Meus olhos lacrimejaram.

- Eu...Eu volto outra hora. Vou deixar vocês cuidarem disso.- meu estômago embrulha e saio rápido dali.

- Violett, espera!-ouço a voz firme do Allan e vejo seu rosto de relance, até que as portas do elevador de feche completamente.

Meu corpo inteiro tremia, pensei que ele não gostasse dela, mas como competir com uma mulher tão bonita e que carrega um filho dele?! Acho que realmente isso não é para mim. Talvez meu pai esteja certo, talvez seja só um capricho de adolescente que vai passar quando menos esperar.

Parei numa sorveteria qualquer daquela rua e liguei pelo telefone público daquele lugar para a Lisa e Carol, queria um apoio. Me sentei à mesa e pedi um sorvete tradicional de baunilha.

Depois de um tempinho encarando o sorvete e sem tomar nada, elas chegam e sentam comigo.

- O que aconteceu?-a Lisa pergunta preocupada e sorrio.

- Nada de mais, só queria um tempo com vocês duas. Um momento para as garotas.- tomo um pouco do sorvete.

- Ótimo,então hoje é o dia das garotas!-a Carol se anima e chama o garçom.-Quero um sorvete de flocos, por favor. E você, Lisa?

-Um de amêndoas.

O garçom anota e vai buscar seus pedidos. A Carol olha para mim empolgada.

- Eu conheço um ótimo spa para irmos depois daqui.

- Maravilha, quero mesmo relaxar um pouco.- sorrio para elas.

Depois de um tempo fomos ao spa que a Carol havia citado. As pedras quentes nas minhas costas relaxavam meu corpo enquanto a massagista fazia seu trabalho em minhas pernas. Após uma hora lá dentro fui arrastada para o salão de beleza, o Carlos se aproximou de nós três com um sorriso sagaz.

- Minhas clientes preferidas! Como posso deixar vocês ainda mais lindas?-ele põe a mão na cintura e nos avalia.

- Pensei em cortes novos, unhas novas...- a Lisa começa a falar várias coisas que acabei parando de acompanhar.

Sentada diante de um enorme espelho, o Carlos põe meu cabelo pra frente e começa começa a cortar.

-Você vai ficar maravilhosa, Viol.- ouço ele sorrindo e retribuo da mesma forma.

 Quando ele acaba, percebo que perdi metade do meu cabelo. Ele estava cortado  num Channel curto realçando meu rosto, eu estava realmente maravilhosa.

-Minha nossa!-passo a mão entre meus cabelos.-Carlos, você faz milagres! Está incrível demais!

-Que nada querida, você é incrível por natureza. Eu só dei um realce.- ele põe a mão na cintura e sorri simpático.-Então, como vai o Colégio?

- Ah, está tudo bem.-me levanto.- Confesso que estou ansiosa para a volta às aulas.

- Aproveite bem, querida. Será seu último ano.- ele põe uma mecha do meu cabelo para trás.

- Fiquei sabendo.- sorrimos.

- Como vão os garotos?-ele me olha malicioso.

- Vão bem longe de mim...-sorrio nervosa.-Infelizmente um em especial.

- Opa, quer dizer que alguém ganhou seu coração?

-Sim, mas acho que seria melhor que não tivesse acontecido.-suspiro com um sorriso fraco.

- Acontece,mas bola pra frente! Você é maravilhosa, ainda tem muitas coisas boas te esperando.

- Assim espero.- cruzo os dedos e sorrio esperançosa.

 A Carol sai da cadeira, conversamos um pouco mais com o Carlos e depois vamos embora. Saímos à rua e o vento frio e úmido, anunciando uma chuva, bate em nossos rostos, agora podia sentir o vento em minha nuca me causando um arrepio gostoso.
Caminhamos juntas até de volta à minha casa.




.

.
.

Querido professorOnde as histórias ganham vida. Descobre agora