Capítulo 22

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Um silêncio perturbador tomou conta daquele ambiente e só conseguia ouvir a minha respiração acelerada.

- Quem é o pai?-a voz de meu pai se tornou grave e ameaçadora de uma forma que nunca ouvi antes.- Quem ousou tocar em minha menina?

- Fui eu senhor.-o Allan se empoderou diante de nós e minha mãe começou a chorar. Segurei sua mão e ainda olhando para meu pai ele continuou.-E quero assumir um relacionamento com sua filha. Ou melhor, quero que saiba que temos um relacionamento.

- Seu desgraçado, vou acabar com você...- meu pai partiu para cima do Allan como um cão furioso, mas me levantei depressa e me posicionei diante dele.

- Não!-digo firme com o pouco e força que me restava.

- Filha,sai da frente. Vou acabar com a raça desse homem, não vou deixar em pune o que ele te fez, filha.- sendo segurado por mamãe, ele tentava chegar até o Allan.

- Ele não fez nada que eu não quisesse. Eu o amo.- digo e acabo chorando.- Vocês aceitando isso ou não, eu o amo.

- Não diga isso,filha.- meu pai diz e me avalia.- Você é uma menina ainda, não sabe o que é o amor e esse espurco se aproveitou da sua inocência.

- Não sou mais aquela menina,pai. Deixei de ser criança há muito tempo.-me aproximei mais dele e toquei seu rosto.- Eu o amo,por favor, entenda isso.

- Eu amo demais sua filha, senhor Ross e quero me casar com ela.- o Allan diz olhando para mim com um sorriso apaixonado.

- Você não vai enganar minha filha!-ele consegue se desvencilhar dos braços de minha mãe e avança.

- Pai, não!-grito e tento proteger o Allan.

- Não se meta nisso, isso aqui é assunto de homem.- ele me empurra da sua frente e cambaleio para trás.

Meu coração palpitava rápido demais, era tudo muito barulho. Só deu tempo de ver meu pai socar o rosto do Allan uma vez e vi tudo girar até que eu caísse desacordada no chão.

Abri os olhos devagar e vi um teto branco, logo algumas vozes surgiram ao meu lado e só apartir daí que observei ao meu redor.

- Onde estou?-pergunto baixo e aperto os olhos tentando normalizar minha visão que estava embaçada.

- Você está num hospital, filha.- minha mãe disse enquanto acariciava meu rosto com delicadeza.

- Onde está o Allan?-tentei me levantar,mas minha mãe me segurou na cama.

- Ele foi para casa.

- Como assim?

- Seu pai achou melhor que ele estivesse longe.- ela diz e sorri fraco.-O relacionamento de vocês dois já foi um erro, mas não precisa persistir nesse erro. Vamos cuidar dessa criança com ela bem longe do Allan.

- Mas eu não quero isso,mãe.- finalmente me sento.- Quero passar por isso junto dele. Qual parte do "Eu amo o Allan" que não deixei clara?

Percebi que fui rude demais por conta da expressão assustada que surgiu no rosto da minha mãe.

- Desculpa, mãe.-digo e abaixo a cabeça.- Eu só quero dizer que eu e o Allan nos amamos.

- Isso é só coisa de adolescente, vai passar.

Suspirei alto e um médico entrou na sala. Ele olhava sua caderneta e sorriu para minha mãe.

- A senhorita Ross não está grávida.- diz olhando os dados na caderneta.

- Como assim? Eu fiz o teste de gravidez.-pergunto confusa.

- Na verdade o que você tem é um teratoma.- ele diz e,ao ver nossas caras de confunsas, ele explica.-Quando você ainda era um feto, acabou absorvendo sua irmã gêmea e, como consequência, a existência desse feto está dando sinais para ser expulso do corpo e esses sinais são muito parecidos com o de uma gravidez.

- E o teste positivo?-minha mãe pergunta.

- Um teratoma também indica gravidez em testes de farmácia, mas não há nenhum bebê no seu útero.

Abri a boca para falar, mas não conseguia formular nenhuma frase em minha mente. Sinceramente, não sabia como me sentir. Certo que agora eu posso seguir minha vida como uma adolescente normal, mas acho que acabei me acostumando com a idéia de que estaria carregando um filho do Allan. Um filho do homem que eu amo.

- Mas isso é um notícia incrível, não é filha?- minha mãe me olha e apenas assinto tentando forçar um sorriso.- Mas como se tira esse teratoma?

- É uma pequena e rápida cirurgia, na qual ela deverá ficar um mês em recuperação por precaução.-o médico afirma.-Precisa só agendar a cirurgia e você logo se livrará desse teratoma.

- Mas que ótimo!- minha mãe segura firme minha mão.-Então,já podemos ir?

-Sim, só assinarei a permissão de alta e vocês já poderão voltar para casa.

- Okay.

O médico sai e fico encarando o teto branco tentando digerir o que acabou de acontecer.

- Eu comi minha irmã gêmea e achei que tinha um filho...- falo em voz alta o que se passou em minha cabeça e me pareceu uma loucura ainda maior.

- Olha o lado bom, você não está grávida do seu professor. Já parou para imaginar o que os outros diriam?-minha mãe me encara e sorri gentil.- Ao menos agora podemos reparar o seu erro. Lembre-se: ninguém pode saber dessa relação,okay?

-Mãe, a senhora não me ouviu mesmo, não é?-fiz uma pergunta retórica e suspirei.-Acho melhor não falarmos nisso agora.

Me levantei da cama e calcei meus sapatos. O médico me entregou a alta e saí do hospital.

O caminho inteiro até em casa fui em silêncio no lado do passageiro do carro da minha mãe, apenas observava a paisagem.

Entrei em casa rápido e vi meu pai sentado em sua poltrona segurando um copo de whisky. Ele nunca bebe e quando bebe, ou é porque ele está comemorando ou ele está extremamente decepcionado com algo. Com toda certeza ele não está comemorando.

- Você está de castigo.- ele diz seco e sem olhar para mim.

- Por quê?-perguntei involuntariamente.

- Não vá se fazer de desentendida.- ele sorri sem graça.-Um mês sem sair com seus amigos e sem celular.

Ele estende a mão a sabia que era pra entregar o celular. Tirei ele do meu bolso e pus em sua mão.

- Direto para seu quarto, sai quando o jantar for posto à mesa.- continua falando sem me olhar.

- Não tinha planos de ficar aqui mesmo.- resmungo e, antes de sair não me segurei.- Antes de ir, só queria saber: quando se tornou crime amar alguém?

Dei as costas e subi as escadas até meu quarto e me tranquei no mesmo. Comecei a chorar e caminhei para o banheiro.

- O que tem de errado em amar?-pergunto ao meu reflexo no espelho e tento me controlar.

Enchi a banheira,tirei minhas roupas e me deitei nela, deixando meu corpo afundar naquela água morna, na tentativa de conseguir relaxar.

Querido professorOnde as histórias ganham vida. Descobre agora