Capítulo 11

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O despertador não tocou essa manhã, levantei as pressas e desci correndo as escadas ainda de pijama.

- Mãe, por que não me acordou? Já são onze e meia,perdi a aula!-estava tremendo de nervosa, não queria perder aula.

- Filha, você está dormindo ainda ou só esqueceu que está de férias?-minha mãe realmente parecia não entender.

Espera, férias? Eu ouvi férias?

- Oh céus, eu estou de FÉRIAS!-comecei uma dancinha que me envergonharia se outra pessoa se não ela visse e lhe abracei.-Acabou!  Estou de férias!

- Parece que tirei minha filha de um manicômio.-minha mãe ri e eu também.

- Vou tomar um banho pra aproveitar o dia, até porque estou de férias!

Subi as escadas novamente, mas dessa vez com mais calma e cantarolando. As aulas acabaram e eu nem percebi, mas isso é bom. Finalmente férias para quem se esforçou tanto no ano.

Vesti uma calça preta que aquecia minhas pernas, uma blusa de manga nos pulsos branca, um casaco cor caramelo por cima da roupa, uma bota coturno de cano curto preta, deixei mais cabelos soltos e peguei uma bolsa. Desci rápido as escadas e tomei o café da amanhã.

- Mãe, vou aproveitar o dia, okay?-digo me levantando da cadeira.

- Okay, não volta tarde. Hoje eu irei as duas da tarde ao escritório, então se chegar e eu não estiver, estarei trabalhando.

- Okay, te amo.

Mando beijo para ela e saio. Minha mãe era gerente de Banco, podia sair a qualquer momento, meu pai médico cirurgião ortopedista, saia em determinada hora e voltava quando dava, sempre cheio de plantões não ficava muito em casa e minha mãe, sempre cheia de trabalho, mesmo em casa não dava muita atenção. Essa é minha família.

Peguei um táxi até a casa do Allan, queria lhe fazer uma surpresa. Passei antes na Starbucks e comprei uns bolinhos e dois cafés macchiato. Subi no elevador até seu andar e parei em frente a porta de sua casa, bati três vezes e ouvi passos devagar em direção à porta.

Ela foi aberta lentamente e me deparei com Allan de cabelos bagunçados e úmidos, vestindo uma calça de moletom cinza, seu abdômen estava esposto exibindo suas tatuagens e um belo tanquinho. Um calor, que já era costume ele me visitar sempre que vai o Allan, sobe por meu corpo. Meus olhos observavam atentamente cada tatuagem sua, em seu peito havia um batimento cardíaco que parecia fraco, segundo aprendi com meu pai, como alguém que está morrendo, em seu braço havia um lobo, essa foi a tatuagem que vi pela metade no outro dia.

- Parece que não fui a única que acordou tarde.-digo tentando parecer inabalada,  mas só parecer mesmo.

- Não esperava te encontrar.-ele levou a mão a cabeça e passou o dedo dentre os cabelos.-Desculpa, pode entrar.

- Obrigada.

Entrei e pus na bancada os cafés e os bolinhos. Tirei meu casaco e o pendurei no gancho próximo a porta.

- Acho que fiz bem trazer isso comigo.-digo e sento no banco alto próximo a bancada.

- Nossa, você é um anjo,Viol.-ele sorri e percebe que observo seu abdômen.-Acho melhor vestir uma camisa.

- Não precisa! Digo...-realmente não queria perder aquela visão. Ele parecia envergonhado.-Eu estava olhando suas tatuagens...são bonitas.

- Obrigado.-ele senta no banco ao meu lado e ficamos frente a frente.

- De quem são esses batimentos?-perguntei olhando para a a tatuagem que me chamou atenção.

- Eram da minha mãe.- sua voz se partiu e ele prosseguiu.-Foi quando ela estava internada e antes de morrer, ela disse que eu sempre seria seu lobinho e sorriu. Essa foi sua última risada.

Um nó se formou em minha garganta e ele respirou fundo logo dando um sorriso.

- Hey, vamos comer esses bolinhos. Parecem deliciosos.-diz e me entrega um.

- Claro.-peguei e mordemos ao mesmo tempo, não consegui esconder um gemido de satisfação.-É realmente bom.

- É mesmo.-diz e passo o dedo no chantilly sem que ele veja.

-Allan, tem uma coisa no seu nariz...

- Onde?-ele tenta olhar.

- Bem aqui!-passei o dedo em seu nariz o deixando melado e gargalhei.

- É assim é?-ele passou o chantilly de seu bolinho em minha bochecha.

- Allan!

-Você fez o mesmo, eu só devolvi.-ele deu de ombros e sorri.-Eu limpo isso pra você.

Ele pegou um pano e levou sua mão a minha bochecha, ele tinha um cheiro marcante que exalava seu corpo, mesmo sem perfume, cheiro parecido a frutas exóticas, algo assim, mas sei que era um cheiro muito bom. Ele se afastou após limpar minha bochecha delicadamente e limpou seu nariz.

- Vamos voltar a comer os bolinhos.-diz e assinto.

- É melhor mesmo.

Terminamos e fomos em direção à varanda, me encostei na borda e ele me abraçou por trás. O vento frio toca minha pela como se fosse gelo e me arrepiei, mas ele continuava quente como uma lareira.

- Você não sente frio?-fiquei de frente para ele e nossos corpos continuaram colados.

-Estou acostumado com as baixas temperaturas.- diz segurando mais firme minha cintura.

Repousei minhas duas mãos em seu peito e ambas ficaram aquecidas, toquei aquela tatuagem e ele direcionou seu olhar para ela.

- Como é a Rússia?-perguntei e levantei meus olhos até os seus.

- É frio, tem muita vodka, considero um bom lugar. É tão bonito que chega a ser poético.

- Por que saiu de lá?

- Queria mudar de ares,começar uma nova vida.- deu de ombros e assenti.

- Gostaria de conhecer a Rússia um dia, quem sabe você poderia ser meu guia turístico.

- Quem sabe.-ele pôs uma mecha do meu cabelo para trás da orelha.-Por falar em viagem, queria te convidar para uma viagem.

- Pra onde?

-Para uma cabana no Oregon, é um lugar lindo.

- Eu não sei se meus pais deixariam.- abaixei a cabeça.

- Entendo, Violett, mas poderia tentar ,não? Eu realmente queria te mostrar esse lugar.

- É longe, não é?

-Um pouco.

- Vou conversar com eles.

- Ótimo, seu que você vai adorar.

- Tudo com você é ótimo, Allan.

Beijei seus lábios quentes e ele me apertou mais contra si. Ele me puxou para cima e passei minhas pernas em volta do seu colo, ele caminhou comigo e me pôs sentada na bancada. Sua mão passeou por minha coxa  e a outra me segurava pelo cabelo, arranhei de leve seu peito e ele se afastou me deixando um pouco confusa.

- O que houve?-perguntei e ele sorriu.

- Nada, Viol. Só não quero te forçar a nada.- ele acaricia meu rosto.

- E se eu quiser?-mordi o lábio e olhei para baixo.

- Eu quero fazer isso direito, okay?-ele levantou meu rosto e passou o dedo no meu lábio inferior, o qual estava a morder.- Quero que após ficarmos juntos, você nunca mais esqueça de mim. Quero que seja da forma certa.

- Okay.- sorri e nos beijamos novamente, mas dessa vez com mais tranquilidade.

Passamos metade do dia juntos e, quando anoiteceu, voltei para casa. Agora preciso pensar numa forma de pedir aos meus pais para viajar com o Allan, mas sem eles saberem que é com o Allan. O que faço?




Querido professorOnde as histórias ganham vida. Descobre agora