Capítulo 17

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Ele estava estático e sem reação. Já não conseguia me controlar a deixava as lágrimas caírem em meu rosto.

- Eu posso te explicar.-ele diz e se aprixima de mim.

- Sou toda ouvidos.- cruzei os braços braços comecei a bater os pés, tentava reprimir as lágrimas, mas estava bem difícil.

- Eu não sei se esse filho é meu, teminei meu relacionamento com ela a quase um ano, não acredita nela, por favor.- sua voz se torna de súplica.-Não acredita nela. Esse filho não é meu.

- E se for? E se você me enganou esse tempo todo? Porque quatro meses não são muita coisa de diferença entre nosso relacionamento.Você só queria transar comigo e parabéns...-comecei a bater palmas.-Você conseguiu. Agora me leva de volta pra casa.

- Viol, me escuta,isso foi tudo um mal entendido.- ele me segura pelos braços.

- Mal entendido é o...- respiro fundo.- Nem suas explicações são plausíveis. Você me enganou esse tempo todo? Fala pra mim...

Comecei a chorar descontroladamente, não queria que aquilo fosse verdade.

- Me escuta, eu e ela não temos mais nada! Eu te amo, Violette, nunca iria te trair.- ele segura meu rosto com as duas mãos e cola nossas testas.

- Mas e aquele filho?-perguntei baixo.

- Ele não é meu,eu sei disso.

- Até que ele nasça e tenhamos certeza disso, eu quero que você ajuda essa mulher a criar essa criança.- nos afastamos.- Todos precisamos de um pai, se ele não for seu,tudo bem, mas até que descubra eu quero que você a ajude.

- Por que faria isso por ela? Por uma mulher que quer acabar com minha felicidade?

-Então faça por aquela criança. Faça por mim.- minha voz afina por conta das lágrimas e respiro fundo.-Agora, vamos voltar pra casa.

- O quê? Você vai mesmo acabar com o que temos por ela?

- Não sei, mas sei que preciso pensar.- caminho até a ponta da escada e paro no primeiro degrau.- Mas se você for o pai dessa criança, você assume ela.

- E nós?- sua voz ficou falha. Meu peito doeu, mas preciso dizer isso.

- Nós seguimos com nossas vidas...separados.

Subi os degrais sem olhar para trás, entrei em meu quarto e desabei em lágrimas. Sabia que estava tudo muito perfeito, estava tudo muito fora da realidade. Talvez o Matt estivesse certo, talvez ele só quisesse brincar comigo, mas pensar nessa possibilidade acaba comigo.

Minha cabeça começou a doer, meu corpo sacudia a cada soluço e me sentei no chão do banheiro. Previsava voltar pra casa, precisava desabafar com meus amigos e, até que ele resolvesse a questão desse filho,nossos destinos ficarão bem longe um do outro e nosso relacionamento será como deveria ter seguido desde o início: apenas como aluna e professor, nada além disso.

Após um tempo pensando em tudo eu refiz as malas sem muita paciência e com bem menos empolgação que da primeira vez. Desci as escadas e eu o encontrei pronto para irmos, havia pensado em outra forma e voltar para casa,ao menos em parte.

- Você me leva até a rodoviária, de lá seguimos separados.-digo autoritária.

- O que vai fazer lá?

-Pegarei um ônibus e volta para casa.

- Não posso te deixar voltar sozinha, Violette.- seu tom de forma grave e me faz querer ouvir sua voz como ouviu mais cedo, mas aquilo não era possível.

- Não sou criança, sei me virar sozinha.- tanto parecer firme, mas minhas lágrimas insistem em cair.

- Sei disso, só não queria te deixar sozinha num lugar que não conhece.

- De certa forma, nunca estaremos sozinhos nesse mundo. E o que há e tão difícil em pegar um ônibus?

Saímos e ele pegou sua moto,subi na garupa e senti o cheiro do seu perfume amadeirado. Segurei nas laterais da moto e ele deu partida,era uma despedida, não só ao lugar,mas também a nós dois.

Ele me parou na rodoviária,desci da moto e ele segurou meu pulso. Seus olhos estavam implorando para que eu ficasse, mesmo que de seus lábios não saíssem uma só palavra.

- Boa viagem de volta.-digo e sorrio.

- Viol, não faz isso.

- Olha,quando tudo isso se resolver, nós voltamos, okay?

- Promete? Mesmo que aquele garoto seja mesmo meu filho?

-Vou procurar alguém para me ajudar com a passagem, quero voltar o mais rápido possível.

Dou as costas e vou andando o mais rápido que posso até a bilheteria. Minha visão estava embaçada por conta das lágrimas que insistiam em cair. Aquele era um sacrifício necessário, não deixaria uma criança sem pai por causa de mim.

Dei sorte e consegui um bilhete de um ônibus voltando para Seattle, ele sairia em menos de vinte minutos,não iria demorar tanto. Avisei às garotas que estava voltando, confesso que desabei em lágrimas, mas não contei o real motivo da volta, contaria apenas na volta.

Entrei no ônibus e sentei na quarta fileira da esquerda, na janela. Pus meus fones de ouvido e a playlist foi no automático, encostei minha cabeça da janela e fechei os olhos tentando esquecer um pouco minha vida, o mundo ao meu redor, esquecer os problemas.

**

Seattle pareceu bem mais melancólica diante de meus olhos inchados e ao som de Lana Del Rey. O céu estava escuro, cinza, sem vida. O tempo estava frio, não muito aconchegante.

Peguei um táxi e dei as coordenadas da casa da Caroline, não queria voltar pra casa agora,  não nesse estado. O carro parou em frente a uma grande e luxuosa casa branca, conheço aquela casa desde pequena, não que eu tenha crescido muito.

Bati na porta e logo fui atendida pela Carol, ela me avaliou atentamente e suspirei.

- Podemos conversar?-minha voz saiu baixa e entrecortada.

- Claro, Viol. Entra.- ela dá espaço na porta para que eu passe e entro.

Fomos para seu quarto e me jogo na cama. Ela se deita de bruços na cama e observa meu rosto.

- O que houve?-ela pergunta baixo e suspiro alto.

- O Allan tem um filho.

- Nossa, mas por que essa cara?

- A mulher está grávida de cinco meses,eu acho e esse é o problema, é o tempo em que estamos juntos. Ele estava com ela e comigo, Carol.- começo a chorar.

- Não tem chance do filho ser de outro?

-Ela disse que não era dele, mas como ter certeza? Pedi um tempo até que ele pudesse saber se é ou não filho dele.- enxugo meu rosto e ela segura minha mão.

- Vamos torcer pra que ele esteja certo.

- Espero que sim. Agora posso ficar aqui um pouco? Não quero que meus pais me perguntem as coisas, não vou aguentar.

- Fique o quanto precisar.- ela sorri e forço um sorriso.

Querido professorOnde as histórias ganham vida. Descobre agora