★★★
A tarde está escura e trovejante. O tráfego em Stratford é lento apesar de não ter quase neve na rua. Atravesso a rua escorregadia por causa da água a passos largos, sentindo a chuva se infiltrar no espaço entre minha jaqueta jeans e a blusa. Eu vou chegar em casa ensopada. Me enfio debaixo do toldo de uma loja, a luz alaranjada dos postes refletiam nas poças ao redor da calçada e até consigo ver os raios iluminarem o céu no horizonte.
Puxo o telefone da mochila e conecto os fones de ouvido. Vasculho na playlist Chris Young e aperto o play, e ao som de Gettin you home nos meus ouvidos, eu espero a chuva passar.Tinha uma senhora de cabelos brancos e desarrumados que aparentava ter seus 57-59 anos, se abrigando da chuva. A mulher trazia na pele marcas de um tempo não tão caridoso com ela, e vestia trapos velhos e maltrapilhos como roupas. Seus olhos marrons e sem brilho faziam parte de seu semblante cansado e simpático, que funcionavam de forma tão potente quanto uma arma.
A mulher estava sentada sobre um pedaço de papelão velho, e ao lado dela havia um carrinho de compras velho e sujo lotado de bugigangas.
Ela parecia faminta.
Retiro os fones e enfio a mão dentro da mochila tateando o sanduíche de geleia e atum, que eu não havia comido no meu almoço. Foi minha mãe quem preparou e sei que está delicioso. Ofereço-o a mulher.
— Mas você não vai comê-lo? — Ela perguntou, a voz cansada.
Enquanto penso no que dizer para aquela mulher, meu telefone toca. É minha mãe.
— Alô — atendo. — Já estou quase chegando.
A resposta dela é abafada por um carro que passou, os pneus silvando em contato com a água e esguichando água nos meus pés.
— Desculpe, mas tenho que desligar. — Guardo o telefone na mochila e volto minha atenção para a pobre senhora. — Sei que não dá para matar a fome, mas aceite, por favor — insisto. — Por favor, pegue.
Ela sorriu e aceitou. Eu havia feito minha primeira boa ação do dia; mas nunca saberei o quão necessitada aquela mulher está.
— Minha filha, muito obrigada. Que Deus a proteja. Por favor, me deixe ler sua mão.
Tentei mostrar desinteresse no que a mulher me oferecia, eu disse que não e pedi desculpas. Eu não acredito muito que o meu futuro esteja escrito na palma da minha mão.
Ela começou a repetir isso muitas vezes seguidas e eu não conseguia intervir, mas resisti o quanto pude. Ela baixou os olhos aparentemente magoada. Estendo a palma da mão esquerda para ela, eu estava me sentindo uma idiota e minha única alternativa era me agachar e esperar o que ela tinha a me dizer. A mulher pegou sem que eu esperasse minha mão direita.
— A esquerda não pode — disse ela, a voz suave. A mulher passou os dedos enrugados pela palma da minha mão, olhando-a de forma convincente como se decifrasse minha alma. — Seu futuro é incerto — ela disse. — Seu coração ainda vai dar muitas voltas. Eu vejo um homem no seu presente. Ele vai te trazer tristezas. O amor vem e vai. O amor é confuso na sua cabeça, minha criança. Mas o sol do amanhã...
Sinto uma mão enluvada tocar meu ombro, e olho de soslaio para a figura magra escorregando para o lado. Levanto a cabeça.
Enrique Petrovic, está aqui.
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Perseguindo Estrelas
RomantizmHarry e Isabella eram amigos inseparáveis desde crianças, dividiam a mesma barraca no quintal à noite para admirar as estrelas e inventavam codinomes para quando fizessem besteiras e precisassem de ajuda. Anos depois, o destino fez com que ambos se...
CAPÍTULO QUINZE
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