The Words I Wrote About You || h.s

iii (everything about you)

Acordei e como sempre fiquei a fitar o teto, mas desta vez era diferente. Eu não fitava o teto porque sentia a falta do meu pai, eu fitava o teto a pensar nos olhos dela. Aqueles dois circulos de mel, a olhar nos meus, havia algo naquele olhar que me atraía e eu não sabia o que era. Será que queria descobrir? Será que estava pronto para ter contacto com alguém desconhecido depois de tudo o que se passou?

Parei. Continuava a fitar o teto mas fiquei determinado. Parei de pensar e de fazer perguntas a mim mesmo. Tenho sempre a mania de duvidar de mim, quer dizer, eu antes não era assim antes de ele ter-se ido embora, voltei a ser mas parou a partir de agora. Eu quero conhecer pessoas, sair, divertir-me e eu quero conhece-la. Quero conhecer os seus interesses e tudo o que ela já passou. Quero conhecer a sua história e os seus habitos.

Levantei-me da cama e fui tomar um banho. Sequei o cabelo e meti o lenço que o Zayn me tinha emprestado há uma semana no dia em que a vi pela primeira e única vez. Em vez de usar uma blusa preta decidi ir ao armário do Zayn e colocar uma branca. Ficava-me apertada porque ele era mais magro que eu, mas não havia problema. Hoje não vou usar tudo preto. Fui para a cozinha e o Zayn já estava lá, com uma taça de cereais na mão e quando me viu engasgou-se.

"Estás bem, Zayn?" Interroguei-lhe.

"Se eu estou bem? Eu é que pergunto isso a ti! Branco? O que se passou contigo?" Ele estava com os olhos esbugalhados, parecia um maluco.

"Decidi que não quero ficar mais a morrer pelos cantos. O meu pai foi embora, mas eu continuo aqui, portanto tenho que viver a vida."

"Isso é óptimo Harry, estou feliz por ti." Z, sorriu para mim e apontou para uma taça de cereais pronta para mim. "Então, onde vais?"

Lá estava eu à porta da livraria. Vou fazer isto, tenho que fazer isto. Entrei na livraria e comecei a andar entre os corredores até que vi pelo canto do olho uns cabelo mel. Fui atrás e quando entrei no corredor ela já não estava lá.

"Aqui." Violet disse atrás de mim e quando olhei para trás ela já não se encontrava lá. Ela quer brincar? Então vamos brincar.

Corri atrás do som da sua voz e ela continuou nesses jogos de me chamar e de desaparecer.

"Anda lá Violet, eu não corro há muito tempo, já estou cansado. Sabes, eu não só lá muito social e qualquer atividade física não é para mim porq..."

Fui interrompido por uma linda figura, vestida com um vestido floral e os seus longos cabelos soltos. Ainda bem que sai do meu quarto hoje.

"Com que então não gostas de correr?" Ela sorriu e eu fitei os seus lábios que hoje estavam num tom de cor de rosa.

"Não, nem de fazer exercício, nem de fazer nada em que eu tenha que sair da cama." Respondi e ela sorriu. Adoro este som.

"Então como sais-te da cama e vieste cá ter?"

Ela riu e eu apenas fiquei a olhar para ela. Não sei como ganhei forças para sair da cama, mas se ganhei foi por ela.

"Porque nunca te cheguei a dizer o meu nome." Disse-lhe.

"E decidis-te sair da tua cama só para me vires dizer o teu nome?" Ela interrogou-me.

"Para te dizer o meu nome e para te convidar a ir almoçar?" Eu respondi-lhe com uma afirmação mas em forma de pergunta.

"Hum, claro. Mas só vou porque te deste ao trabalho de fazeres algo sem ser ficares na cama como dizes."

"Gosto de chocolate, carne, o peixe incomoda-me, bolos de qualquer tipo são os meus favoritos, gelados, doces no geral, queijo..."

Ela estava a falar e eu estava perdido nos seus traços. Eu nem sei o que estava a sentir simplesmente tinha a sensação que ela é algo de especial. A sua maneira de falar era doce e sincera, a sua voz é o tom perfeito nos meus ouvidos. A maneira como ela gestícula com as mãos quando tenta explicar algo mais complexo, ou como franze o nariz quando eu digo alguma das minhas piadas sem graça nenhuma ou como levanta uma das suas perfeitamente esculpidas sobrancelhas quando eu estou a contar algo sobre mim, não por estar chateada ou algo parecido, mas sim por estar curiosa e atenta ao que eu estou a dizer. A maneira como toma o seu café e vai rodando o copo para se manter entretida. A forma como os seus olhos olhavam para a minha boca quando eu falava e como isso me aquecia por dentro. Os seus olhos cor de mel que continham vários pontinhos negros o que os tornava intimidantes mas são aquele tipo de olhos em que nos conseguiamos perder.

"Estás a ouvir-me?" Ela riu e eu despertei do meu pensamento.

"Desculpa, estava distraído." Respondi. "O que estavas a dizer?"

"Perguntei-te do que é que tu gostas" Ela respondeu docemente.

"Bem..." Eu estava a fazer um esforço para lhe dar uma resposta coerente, mas assim que olhei nos seus olhos outra vez, perdi toda a capacidade de raciocínio. "Tudo em ti. O que eu gosto é tudo em ti."

" Quinta-Feira, 22 de Novembro de 2013

Pai,

Hoje decidi parar de pensar em ti. Não que eu não goste de ti ou algo do género, mas tenho que seguir em frente. Espero que compreendas. Hoje também não usei preto e saí à rua. Deves de estar a perguntar-te de onde veio toda esta determinação. Bem pai, lembras-te daquela rapariga em que eu te falei durante todos os dias da última semana? Bem, é ela. Ela foi a minha determinação, é ela que não me tem saído da cabeça nos últimos dias e eu começo a dar em louco só de pensar nos seus olhos mel. Será que estou a dar em doido, pai? É porque eu não sei mesmo o que se passa comigo, será algum tipo de atração? Só sei que sinto-me na obrigação de sair da cama, olhar-me no espelho, sentir-me bem comigo mesmo e ir aquela livraria para puder ver o seu sorriso.

Diz-me o que se passa comigo, porque não faço ideia do que seja. Só sei que tudo nela me fascina pai, e quanto mais estou com ela, mais eu quero estar. Respostas pai, preciso de respostas. Prometo que te as darei em breve.

Com saudades, o teu filho,

Harry Styles."