Capítulo XIII

48 16 75
                                    

— Mateus... Você é o Mateus?

Estupefato, Mateus vira lentamente.

Quando ele a vê fica assustado por um instante. Em seguida um sorriso brota em seus lábios, enfeitando o rosto carrancudo de antes.

— Eva! — ele se aproxima dela — Eu não acredito. É realmente você? — ele tenta tocá-la, assim como eu fiz, mas a mão dele atravessa o espectro.

— Humanos não podem me tocar... — Eva diz.

— Eu to tão feliz... — os olhos verdes de Mateus se inundam em lágrimas — Tive medo de não poder te ver. Mesmo achando que fosse uma mentira eu quis acreditar.

— Você é tão bonito. — Eva diz nos deixando estupefatos.

— Hã? — Mateus olha interrogativo.

— Você é tão bonito quanto em minhas lembranças.

Mateus corou. Achei que nossa Eva nunca fosse capaz de dizer isso um dia. Muito menos para meu irmão.

— Você se lembrou de mais alguma coisa Eva? — pergunto ansiosa.

— Não. Ainda não, eu...

Ela leva a mão à têmpora novamente. Começa a se contorcer.

— O que está acontecendo? — Mateus diz assustado — Por que ela está assim?

— Fique calmo. É o processo de lembranças dela. — Jonathan fala.

— O que isso quer dizer? — Mateus questiona o encarando.

— Ela é uma fantasma desmemoriada. Sempre que encontramos algo sobre ela, isso acontece. Da última vez ela conseguiu se lembrar de você. Por isso fomos até sua casa. Ela não se lembrou de Lara, mas de você sim.

Mateus observa nossa fantasminha se contorcendo.

— Mas isso dura quanto tempo? — Mateus diz ansioso. Acho que ele está preocupado.

— Não temos estimativas. — digo por fim — Acredito que depende da quantidade de lembranças.

Eva para e me encara.

Não sei explicar, mas posso jurar que vi lágrimas nos olhos castanhos dela.

— Lara... — ela pronuncia docemente — Minha amiga!

— Você se lembrou de mim? — digo emocionada.

— Sim! Eu me lembro de você! Me lembro de todos nossos momentos juntas.

Começo a chorar. Não consigo descrever a felicidade que invadiu meu peito nesse instante.

— Oh Eva. Estou tão feliz que você se lembrou de mim.

Minha vontade é abraçá-la e dizer para não ter medo. Dizer que tudo vai ficar bem. Contudo não posso. Ela não pode ser abraçada. E isso parte meu coração novamente.

— Como vocês têm vivido? Como vão as coisas? — ela me pergunta com expectativas na voz.

👻👻👻

Conto para Eva o que sabemos sobre o assassinato. Ela ainda não consegue se lembrar do que aconteceu naquela noite. Estamos sentados à mesa.

— Então quer dizer que você só se lembra de ter ido lanchar comigo? — pergunto.

— Sim. As memórias param aí.

— Temos que descobrir mais coisas sobre o ocorrido na sua casa. — Jonathan diz.

— Sim, concordo com ele. — Mateus afirma — Talvez a polícia possa nos dar alguma informação sobre o caso.

— O bom seria se encontrássemos o seu pai. — digo olhando para Eva.

Quem É Eva?Where stories live. Discover now