Capítulo VII

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Eu prometi para a fantasma que eu irei ajudá-la a descobrir quem ela é, mas realmente não sei por onde começar.

Vou tentar perguntar aos vizinhos sobre os primeiros donos daqui. Talvez alguém saiba a respeito.

— Já sabe como vai me ajudar?

A fantasma aparece em minha frente o que me faz tomar um susto.

— Você pode, por favor, aparecer de forma mais natural? — Digo com a mão direita no peito.

— Lógico. Quer que eu bata na porta também?

— Você está zombando de mim? — A encaro.

— Talvez... — Ela me olha e sorri.

Nossa, ela é realmente muito bonita sorrindo.

— Quê? Tem alguma coisa de errado comigo? — Ela me pergunta.

— Não, nada. Só estava observando seus detalhes para poder descrever para as pessoas.

Sim. É isso. Só estou preocupado em descobrir quem ela é para me ver livre dela.

— Onde nós estamos indo? — A fantasma me pergunta pela milésima vez.

— Na escola estadual.

— Você acha que eu estava no ensino médio? — Ela me acompanha enquanto eu ando em direção à escola.

— Se não estava, já esteve.

A fantasma caminha ao meu lado em silêncio – o que é um pouco estranho, visto que ela nunca fecha a boca – e observa tudo atentamente.

Eu evito falar. Será um pouco estranho se as pessoas me virem falando 'sozinho'. E ela também não puxa papo. O que é um alívio.

Após subir um pequeno morro, nós chegamos à entrada da escola. É um portão eletrônico de aproximadamente três metros de largura e dois de comprimento. A escola tem um misto de azul e branco em suas paredes.

O guarda se aproxima.

— Bom dia, deseja falar com alguém? — Ele pergunta sucinto.

— Ah, sim. Eu gostaria de conversar com a secretária daqui.

— Venha comigo, por favor.

Eu o acompanho e nós passamos por outro portão e então estávamos dentro na escola. A secretaria ficava a dois metros dessa entrada. Acima do balcão de atendimento tinha uma grade.

Será que é tão perigoso assim esse lugar?

Uma moça negra de cabelos cacheados logo veio me atender.

— Bom dia. Posso ajudá-lo? — Ela pergunta se apoiando no balcão, do outro lado da grade.

— Eu gostaria de saber se vocês tiveram alguma aluna que faleceu há alguns anos? — Ela me olha assustada — Eu sou estudante de arquitetura e urbanismo, então estou trabalhando em um projeto de memórias. Estou morando em uma casa na Boa Esperança e acabei encontrando alguns cadernos de uma jovem. Mas não possui assinatura ou nome, então eu queria saber mais a respeito dela. Tem uns relatos muito interessantes que eu acho que enriquecerão a minha pesquisa.

— Nós não podemos dar informações sobre os alunos. E eu também não saberia dizer. Eu trabalho aqui há oito meses apenas. Nunca ouvi nenhum comentário a respeito.

— Eu não preciso de nenhuma documentação, se alguém puder apenas conversar comigo já vai ser de grande ajuda.

— Há um ano o corpo docente foi renovado. Houve também votação e troca da gestão. Somente o pessoal da limpeza e da cozinha que permaneceram. Tente conversar com alguns deles. Talvez eles saibam dizer.

Quem É Eva?Where stories live. Discover now