17º Capítulo

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Nos dias que se seguiram, ainda que continuassem a trocar palavras pouco agradáveis, Dalila sentia que agora pensava um pouco mais antes de falar com Ricardo sobretudo quando a conversa acontecia em casa. Os quadros com as fotografias na sala faziam com que recordasse a conversa sobre os pais dos irmãos Gomes. Muitas vezes, durante as limpezas, parava diante de algumas fotografias, perguntando-se que tragédia teria levado aquele casal que sorria em todas as fotografias. Certa vez, deu por si a comparar o sorriso do pai deles com o mesmo sorriso que Ricardo mostra naquela noite em que falara dos pais. Ela concluíra que não sabia muito bem como era a personalidade do pai deles mas pelo menos aparentemente, Ricardo em comparação aos seus irmãos, era o que se parecia mais. Sobretudo na aparência.

Contudo, um espaço oco permanecia. A rapariga de cabelos loiros que ocasionalmente, em algumas fotografias abraçava Ricardo.

“Tudo leva a crer que seja a irmã mas eles nunca falam disso…”, pensou, olhando mais uma vez para a fotografia da sala antes de sair de casa.

- Mal começou o dia e já estás a sonhar acordada.

- É proibido?

- Não mas explica-me que prazer tens tu ao fazer-nos esperar por ti cá fora?

- Humpf…

- Deixa lá, Cardy. Não esperamos assim muito. Vamos andando?

O edifício da escola continuava com as últimas remodelações mas com o objectivo de não se perderem mais aulas, estas haviam sido transferidas para um novo edifício temporariamente. As salas ficavam muito cheias e as aulas desportivas passaram a ser apenas aulas em que corriam por algumas ruas da cidade. Claro que muitos dos alunos, aproveitavam para que assim que deixassem de ver o professor, começassem a caminhar.

- Está demasiado frio pra correr!

- Mas o que estás a dizer, Bárbara? Tens que correr para aquecer! – Disse Dalila, passando a sua amiga. – Huh? Não é a Esmeralda?

- Agora aproveita estas aulas para sair com o Ricardo. – Disse Bárbara, visivelmente cansada.

- E ele vai e nunca ninguém diz que ele saiu a meio da corrida. – Comentou aborrecida.

- Li esquece! Ninguém repreende os Gomes. – Falou Bárbara.

No fim das aulas, Bárbara e Dalila decidiram ir fazer algumas compras de natal juntas de modo a inspirarem-se mutuamente pois ambas tinham sérias dúvidas acerca dos presentes.

- O que achas deste perfume? Será que a minha mãe gosta?

- Hum…cheira bem. É suave. Acho que já encontraste o teu primeiro presente. – Respondeu Dalila.

- Menos mal já aqui estamos há quase uma hora. – Comentou Bárbara começando a rir-se juntamente com Dalila.

A atenção de ambas voltou-se para o ruído que se ouvia numa loja ao fundo do corredor.

- Será que estão a fazer alguma promoção especial? – Perguntou Dalila, espreitando para o exterior da loja de perfumes enquanto Bárbara completava o pagamento e esperava que o perfume fosse embrulhado.

- Vai lá ver! Pode ser que tenha lá algo de interessante e eu já lá vou ter!

- Ok. – Concordou a jovem, vendo mais algumas raparigas passarem com grandes sorrisos na direcção de uma loja… - De esoterismo? Mas o que…?

Alguém veio contra ela e quase bateu contra uma vitrina. Ouviu um “desculpa” abafado e seguiu com o olhar um rapaz que entrou num corredor ao seu lado onde dizia “Em limpezas”.

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