6º Capítulo

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Passaram três semanas após esse incidente estranho com os esquilos. Ocasionalmente, Dalila esbarrava com mais algum acontecimento estranho mas para o qual as respostas eram sempre desconhecidas. À noite, antes de cair no sono tentava encontrar explicações lógicas para tudo o que acontecia mas nada fazia sentido e depois o som do piano, fazia-a sempre dormir.

Por outro lado, desenvolvera uma amizade com Bárbara e falava sobre banalidades com a Cátia, a Rute e a Jéssica. Alguns rapazes da turma também entravam no grupo normalmente para interromper as conversas e causar boas gargalhadas. Não dependia tanto de Tiago para manter as conversações embora ele estivesse presente a maioria das vezes. Ela finalmente, percebeu em quem ele estava interessado.

Jéssica. Alta, cabelo pintado de loiro com algumas madeixas cor-de-rosa, olhos castanhos mas ela usava lentes de contacto para torná-los verdes. Era uma rapariga com um sentido de humor picante, atrevida e gostava de colocar a bainha da saia do uniforme um pouco mais acima. Bebia latas de Ice Tea e fazia competições de arrotos com os rapazes.

Isso normalmente causava algum desconforto a Dalila que descobriu que Bárbara também não achava piada nenhuma a isso e portanto, ficou contente por não ser a única pessoa normal por ali.

- Sempre te juntaste ao clube de teatro? – Perguntou Jéssica, mastigando uma pastilha elástica e produzindo um barulho no mínimo irritante pelo menos para duas presentes.

- Sim.

- Nem me contaste nada. – Comentou Tiago. – Que peça estão a ensaiar?

- “Anjos do Bosque”. – Respondeu Rute, encostando-se ao muro atrás de si.

- Isso é de quem? – Perguntou Fernando, aproximando de Rute.

Bárbara e Dalila sabiam que ele andava a tentar “fazer-se entender” e notar mas Rute não parecia interessada em rapazes de secundário e andava a sair com um universitário.

- Foi escrito pela Marla. Já sabes, a escritora de peças amadora cá da escola. Por acaso até faz umas coisas fixes. – Disse Cátia, mexendo no seu telemóvel.

- Sempre pensei que te fosses juntar a algum clube desportivo. Safas-te muit’a bem para uma rapariga. – Comentou o Gil.

- Agradeço o elogio meio machista, mas fiquei pela representação.

- Tenho que ir ver um desses ensaios. – Comentou Tiago.

- Sim, vai ver a tua namoradinha. – Disse Jéssica, provocando um visível desconforto da parte dele que Dalila tratou de tentar dissipar.

- Hum, ele tem coisas mais interessantes para fazer, além disso, não me lembro de namorar com ele. Se calhar, namoramos sem saber.

- Vocês vêm sempre juntos para a escola. – Insinuou a Jéssica.

- Isso é porque… - Começou Tiago, sentindo que faltava uma boa explicação para isso.

- Intercâmbio de alunos.

Todos se voltaram para Ricardo que mais uma vez, Dalila não vira chegar.

- Intercâmbio? Desde quando vocês metem-se nisso?

- Desde de que tu te metes na vida dos outros. – Respondeu.

“Ups, essa doeu mas nisso ele tem razão. Ui, vai chover hoje. Concordei com ele”.

- Então conta lá essa história do intercâmbio. – Pediu Rui, sentado no chão.

- A nossa casa é grande o suficiente para acolher mais uma pessoa. O director pediu à nossa família que fizesse esse favor visto que o nosso Colégio não possui dormitórios e todos regressamos às nossas casas. O Director não quis restringir o nosso Colégio aos alunos da cidade por isso, estamos à experiência. Se tudo der resultado no próximo ano haverá mais alunos de intercâmbio.

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