Capítulo Treze

17 3 0
                                    


   Puxei a fita adesiva com bastante força. Havia um envelope dentro, li as informações escritas impressas que dizia:

De: Seu Grande amor, seu passarinho azul, seu romeu

Para: Meu namorado, Abel, meu futuro cônjuge

Namorado? cônjuge?, pensei. Eu ainda precisava descobrir quem realmente era ele, e conversar os seus sentimentos por mim. Porque é tão apaixonado? Porque ainda não desistiu? Mas, pelo menos existem pessoas que gostam de mim assim. Abri devagar o envelope, e li:

Feliz aniversário Abel,

Sei que será amanhã. Quero apenas que não desista de mim! Para sua curiosidade, eu agora estou chorando, escutando a música Not Today, da banda Imagine Dragons; ela me acalma... Eu necessito do seu abraço, do seu beijo, em modo geral, do seu amor. Tantas vezes eu tentei mostrar meus sentimentos na nossa infância e você nunca enxergava isto. Porque não me ama? te vejo todos os dias e você nunca me observa, nem desconfiado. Eu peço que me encontre logo após sua festa de aniversário... Eu não estarei na festa... Quero que me encontre no Bosque das Macieiras, para resplandecer nosso amor. Esqueça o Joaquim, talvez um dia você se arrenda de não ter me amado. Eu te amo incondicionalmente.

P.S DO SEU ROMEU ANÔNIMO

Atrás da folha estava uma foto colada. Era um menino com uma farda branca, cabelo penteado para o lado, sorrindo — sem mostrar os dentes —, e atrás dele estava um corpo de outro menino. Porém, este outro menino saiu cortado na foto. Reconheci aquele local. Era a escola onde fiz minha alfabetização. Ainda na foto, o corpo estava marcado com lápis de quadro, com uma pequena seta para direção da mensagem, li: ESTE SOU EU. Meu Deus, eu já estudei com o romeu anônimo, pensei. Fiquei boquiaberto. Minhas lembranças deste tempo, infelizmente foram excluídas da minha memória. Ele me ama desde a infância, até hoje. Minhas lágrimas caíram, avancei a foto para a posição do meu coração que batia aceleradamente. Depois de horas, refletindo meu silêncio, baixei a mesma música que ele citou na carta e ouvi. O amor acertou meu destino com uma flecha muito bem afiada. Eu sofria e amava ao mesmo tempo. Os meus dois amores estavam presentes, mas eu não sabia quem escolher.

— Joaquim e romeu, eu amo vocês — falei baixinho, quando a música começou.

Com meu celular juntamente com o fone de ouvido, deitei na cama, ainda refletindo neste triângulo amoroso. Apertei em play, e começou a música: A thousand years, da Christina Perri. Deixei que a música acalmasse meu nervosismo ou meu distúrbio sentimental. E felizmente, funcionou.

— Abel... Abel... Abel — chamou mamãe, batendo na porta apressada.

— Oi! — gritei. Sequei as lágrimas e fingi um sorriso assim que ela entrou.

Ela entrou com uma caixa grande embalada, na mão. Pelo menos, ela estava animada para a grande festa amanhã à noite.

— Feliz aniversário de novo, filho — ela sorriu e começou a chorar.

— Obrigado mãe. Posso abrir?

— Sim. Agora — ela secou as lágrimas. Balancei a caixa, até que estava pesada.

Ao abrir, fiquei boquiaberto. Era um terno masculino preto com uma gravata cinza. Ao lado da gravata, destacava a minha máscara prateada masculina. E também observei ao lado da máscara, um frasco pequeno de perfume, li as palavras pequenas na zona horizontal da embalagem que dizia: IMPORTADO. MADE IN FRANCE. AFRODISÍACO.

— Mãe! Já leu estas palavras? O que tem a me explicar sobre isto?

— De nada! É melhor ir dormir... O que aquela mulher queria com você?

P.S DO SEU ROMEU ANONIMO / Livro I Onde as histórias ganham vida. Descobre agora