Capítulo Dois

65 6 0
                                    


Apertei fortemente a válvula pump do meu creme hidratante, saiu uma quantidade excessiva que eu adorava. Todos os dias, todas as horas, todos os momentos, o meu hidratante era crucial, exclusivamente antes de ir a escola — o último passo do cuidado diário. Usei rapidamente meu terno escolar, vislumbrei meu olhar cínico em frente ao grande espelho por trás da porta do quarto.

— Verificação concluída com sucesso — respondi feliz, após ver meu look escolar.

Puxei a mochila para as costas mantendo sempre a coluna ereta, levantei o rosto firmemente e tentei segui rumo às ruas, predestinado a Escola pública Napoleão Bonaparte. Lembrei-me dos meus fones de ouvidos, guardados na gaveta da cômoda desde a semana passada, os peguei e tomei caminho — guiado a luz do sol.

Eram apenas dez minutos de caminhada, da minha casa até a escola. Nunca agora as coisas eram tão neutras, agora normais: como o casal de idosos que sempre compram bolos, pães e ovos na padaria próxima a Igreja Católica, as mulheres correndo com seus fones de ouvidos ativos enquanto fazem exercícios, o carteiro entregando os produtos da vizinhança calma e hostil ao mesmo tempo.

Minha família morava em um bairro chamado de Princesa Isabel.

Eram um bom bairro, as casas eram grandes e bem cuidadas; na frente delas, as decorações naturais de maior prestígio eram as árvores de Jatobá e Aroeira, grandes e verdes, os passarinhos e os macacos pequenos tinham um forte contato nelas — parecia mais, em plano imaginário, parecia que andávamos nas trilhas de um zoológico público —, as árvores eram tão grandes que projetava grandes sombras sobre a estrada e as calçadas. Uma rua larga ilimitada, com as casas uma a frente da outra, com os Jatobás e as Aroeiras — uma boa conexão ambiental. O chão não existia lixo ou esgotos, era completamente asfaltada com projetos sanitários perfeitos.

Aumentei o volume no máximo.

Escutava a música Yellow, da banda inglesa de rock alternativo, Coldplay. A música, calma e serena, romântica e bela, sentia saciar meu desejo amoroso da puberdade, apenas um beijo na boca talvez e bastaria.

Assim que virei a esquina da biblioteca pública cheguei ao meu destino final, no mesmo horário de sempre, às seis e vinte e oito da manhã, as aulas começavam às sete horas. Forçava esta lei forjada de ir cedo para conversar mais tempo com minha amiga para todas as coisas, a maravilhosa Larissa, assim escrito oficialmente, Larissa Teles da Silva. Larissa é minha melhor amiga desde quando me mudei para a escola do Pernambuco. Ela tinha um belo sorriso, sempre estava com seu cabelo solto, obviamente grande e com toque castanho-claro. Sua pele era branca. Seus olhos eram castanho-escuros. Naquela fria manhã, usava seu casaco da Minnie, da marca Disney, juntamente com seu terno escolar. Me aproximava a Larissa sem tirar meu olhar para ela. Estávamos na área de lazer entre os estudantes, um lugar aberto que parecia mais um enorme ginásio para esportes; era propriedade da escola, os alunos seriam permitidos para utilizar a internet sem fio da diretoria, comer seus lanches já tragos de casa, conversar ou ler seus livros. Naquela hora, graças aos céus, apenas eram a área, Larissa e eu. Sorri e caminhei até a entrada.

Após Larissa me observar, ela moveu sua força para o grande abraço de BOM DIA.

— Oi Abel. Pensei que não vinha hoje, já faz mais de vinte minutos a espera de amigo para conversar abertamente! — propôs ela, rodando seu fone de ouvido na mão direita.

— Menina, calma! Cheguei agora — exclamei sorrindo na brincadeira, retirando a mochila das costas, senti um alívio assim que tirei.

— Perdoado. Hoje, quero começar o dia já perguntando uma coisa... ou melhor... duas coisas — prosseguiu Larissa com agitação nas palavras.

P.S DO SEU ROMEU ANONIMO / Livro I Where stories live. Discover now