— Minha vida servirá para te seguir, diga teus motivos que lhe te sufocam — repeti as palavras do teatro do ano passado, onde Larissa foi uma camponesa inglesa que sofria de amor; atuei igualmente a ela. Ela sorriu em maneira extrovertida. Sempre brinquei com as pessoas queridas do meu coração. Aquelas confiáveis podemos dizer. Larissa suspirou um pouco e continuou agora mais calma nas palavras.

— Irei dizer os meus motivos agora — ela ergueu a sobrancelha fina esquerda e sorriu maliciosamente — Diga — respondi, intrometendo um pouco nestes motivos. Esperei a resposta, comecei a ofegar inexplicavelmente.

— Espera logo eu terminar de falar. Bom, primeiro, como está a lista de convidados para a festa? E segundo, soube da novidade da nossa sala? — seu rosto parecia arder de aflição, contudo, aflição de respostas.

— Infelizmente minha mãe não tirou a ideia de Cinquentas Tons mais escuros da cabeça... Maldito livro — a música havia acabado, larguei os fones. Minha mãe é doutora em Letras, ela ensina mais de cinco escolas, tanto públicas quanto privadas, assim que a trilogia de 50 tons foi trazida ao Brasil, minha querida mãe os comprou e os leu, resultando na grande paixão da trilogia, principalmente o segundo livro. E neste marco da linha do tempo, colocou na cabeça que no meu próximo aniversário será uma festa de máscaras, parecendo o leilão de caridade da família Grey, só que com a minha festa de dezoito anos. Pena para o meu ver, pois todo mundo gostou, só não o protagonista da festa — A lista já está feita. Qual novidade? — prossegui.

— Hoje será o primeiro dia de aula de um novato no nosso curso integrado!

— Quem? — perguntei, curioso.

— Eu ainda não sei. Mas, quem sabe ele não pode ser o seu Christian Grey. Para finalmente tirar essa sua virgindade de uma vez. Não sei como podem existir jovens assim Abel, igual a você. E o pior é que esses doentes da puberdade são bonitos demais. Mas, obviamente alguns são héteros, os mais comuns são os homossexuais e os bissexuais. Concorda?

— Sem sombras de dúvidas. Larissa, os bissexuais não gostam dos dois? Porque você falou... Então, você entendeu — comentei.

— Gostam dos dois. Então ainda é da parte dos homossexuais, então fique calado. Estava pensando um esquema aqui, voltado a tu Brutus!

— Como assim? — hesitei e fingi ser o mais inocente possível.

— Vamos descobrir... Informações podemos dizer, sobre este novato. Se for bi ou homo, gruda com você. Se for hétero, gruda em mim. Pode ser? — perguntou Larissa mordendo os lábios. Eu não sabia nada sobre esse tal novato desconhecido: se era inteligente ou não, se era bonito ou feio, vaidoso ou humilde, rico ou pobre, ignorante ou simpático, qualquer coisa interessante. Larissa possuía um olhar com muita expectativa;

— Eu não sei Larissa... Nem conhecemos ele, vai se... Sei lá, seja um psicopata, igual do livro Boneco de Neve, do Jo Nesbo. Pode acontecer! — tentei tirar a ideia maluca da cabeça de Larissa, porém, a teimosia predominava ela mais do que tudo.

— Até parece Abel, um psicopata que faz bonecos de neves e tiram cabeças de mulheres — zombou ela — eu queria ser a psicopata e poder tirar a cabeça dele em todos os sentidos possíveis!

— Como você soube desse novato? — perguntei, analisando a origem dessa história.

— Eu não vou te contar agora. Mas você sabe... Quero te ajudar a perder este medo de vez, nenhum jovem, adolescente, homossexual, é boca virgem aos 17 anos de idade, por favor Abel.

Balancei a cabeça refletindo nos pensamentos das pessoas com os virgens. Nada demais um beijo. Poderia esquecer tudo e mentir para o mundo todo, exclusivamente para a sociedade jovem da escola; minha cabeça era mais ligada em abraços e conversas, nunca namoros, beijos e sexo. Meu corpo pedia isso. Acontecia comigo novamente igual na fase das primeiras masturbações nos banheiros do cinema — aqueles pensamentos estranhos e sensações estranhas. Porém, as experiências de namoro era bem mais intensas do que a masturbação. Algumas vezes são tão fortes que não tenho sede, fome, sono, e outras necessidades fisiológicas. Eu nunca havia contado nada sobre essas sensações a ninguém.

— Acho que é sempre bom ser uma categoria exclusiva — comentei, aceitando a crítica dela sobre mim.

— Mas calma, eu vou te ajudar — disse ela, me abraçando.

— Obrigado. Realmente preciso — respondi.

Larissa conversou um pouco mais sobre os trabalhos de geografia e história da semana que vem, depois comentou algumas séries e filmes sobre demônios e bruxas, na qual havia odiado e as próximas que ainda veria assistir. Ela saiu para a direção dos banheiros. Novamente, puxei meu fone de ouvido, coloquei o play da minha playlist e ouvir minhas músicas depressivas favoritas. Ouvi-lás me satisfazia esse desejo absurdo do amor, na qual tudo acabava em apenas possibilidades ou seu amante morto.

Está bem frio agora.

Aumentei o volume no máximo. A música mais tranquila e intrigante que escutava era Sorry, de Halsey, após assistir a série 13 porquês, fiquei mais apaixonado ainda. Principalmente o refrão.

Fechei os olhos e concentrei na música. 

P.S DO SEU ROMEU ANONIMO / Livro I Where stories live. Discover now