Capítulo 13

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Dizer que eu acordei assustada foi pouco. 

Lucas dormia profundamente ao meu lado. Levantei-me devagar para não acordá-lo. Fui tomar banho e tentar acalmar um pouco minha mente.

Que diabos tinha acontecido? Será que eu havia mudado de nome e Samanta era meu nome verdadeiro? Pior que esse nome era familiar, como se realmente fosse meu. Que coisa esquisita.

Eu tinha que arrumar um jeito de investigar sobre isso. E não podia contar a ninguém. E se eu cometi alguma coisa grave antes de vir pra cá e mudei meu nome por causa disso?

Precisava ter acesso a algum documento com meu sobrenome de solteira para poder pesquisar sobre meu passado. Provavelmente eu tinha minha certidão de nascimento em algum lugar.

Eu teria que esperar que Lucas acordasse pra poder procurar. Como ele não acordava, eu desci pra não sucumbir à tentação e revirar o quarto agora mesmo.

A hora do almoço chegou e alguém subiu pra chamar meu marido que continuava dormindo. Coitado, devia estar esgotado por ter trabalhado a noite inteira.

Depois que o almoço acabou, esperei até todo mundo voltar a seus afazeres e saí de fininho. Fui para o quarto e revirei meu guarda-roupa.

Após muita bagunça e coisas reviradas, achei uma caixa com vários documentos. Ali estava, entre tantas coisas, uma certidão de nascimento com meu nome.

Fiquei exultante. Agora tinha um ponto de partida.

Ia ter que investigar meu passado, se esse documento era legítimo e se não, ia ter que descobrir meu nome e passado verdadeiros. 

O problema ia ser como conseguir isso. 

Fiquei quebrando um pouco minha cabeça e nenhuma idéia aparecia. Meu olhar vagava perdido pelo quarto e de repente eu vi o computador. Isso! 

Corri pra ele e me pus a pesquisar sobre meu nome de solteira. Nada apareceu. Humpf. Procurei pelo nome de minha mãe e pai que estavam escritos ali e também não consegui nada.

Fiquei navegando pela rede, pra ver se achava qualquer coisa e nada. Na ferramenta de busca coloquei ‘investigar passado’. Apareceram vários contatos de investigadores particulares. Aha. Anotei vários números. Só que antes de ligar eu fiquei analisando a situação.

Teria de contratá-los pelo telefone mesmo, sem encontros cara-a-cara. Se eu fosse culpada de alguma coisa, não poderia deixar que me vissem.

Voltei na página que mostrava os contatos, aí fiquei procurando se em um deles havia alguma informação sobre isso. Achei apenas um, dizia fazer contratos com total discrição, com pagamento via transferência bancária. Não dava pra saber se era confiável, mas teria de arriscar.

Agora faltava resolver o problema do dinheiro. Eu não tinha nenhum, pois Lucas sempre comprava o que eu precisava e nunca me passou pela cabeça em pedir-lhe dinheiro. E se eu pegasse um de seus cartões de crédito, ele descobriria quando fizesse o pagamento.

Talvez Sara pudesse me emprestar, só que eu tinha de inventar uma mentira.

Liguei para o investigador, dando um nome falso. Contei que precisava checar o passado de uma mulher que eu iria empregar. Ele aceitou o contrato, só que pediu o pagamento adiantado de 50% de seus honorários. Disse-lhe que retornaria a ligação em no máximo dois dias. 

Agora eu tinha de bolar uma boa mentira. O único motivo crível que podia imaginar era sobre comprar algum presente surpresa para meu marido. Depois ia ter que me virar para poder devolver-lhe o empréstimo.

Assim fiquei aguardando uma oportunidade para falar em privado com ela. Esse momento chegou rápido, logo após o jantar. 

Quando os outros estavam distraídos, consegui puxá-la em um canto e contei a mentira. Ela nem desconfiou e ficou muito alegre com minha “surpresa”. Senti uma pontada no coração por enganá-la dessa forma, mas o propósito era importante demais.

Com essa etapa concluída fiquei um pouco aliviada. 

Nessa noite não demorei muito a pegar no sono. Pra variar tive mais pesadelos. A maioria se passou na minha infância no orfanato. Sempre sozinha e rejeitada. Continuava a ser a Samanta, só que em momento algum tive acesso ao meu sobrenome, isso teria facilitado muito minha vida.

Acordei resignada a enfrentar com o que quer que eu possa me deparar nessa busca.

Quando estive sozinha, liguei para o investigador. Passei todos os dados do documento (meu nome, nome de meus pais, cidade e local onde foi feito o registro). Ele me disse que assim que fizesse o primeiro pagamento começaria as investigações. Peguei os dados bancários dele para a transferência, combinamos em trocar emails assim que ele conseguisse alguma coisa e desliguei. 

Ia ter que fazer o pagamento com o cartão de crédito que Sara me emprestou, aí quando viesse à cobrança eu diria que cometi um erro e foi cobrado errado, mas de qualquer forma eu ia arrumar um jeito de pagá-la. 

Fiz o pagamento na íntegra, já que não havia chance de usar essa desculpa duas vezes seguidas. Só tinha que torcer para que este homem fosse um profissional sério e não um vigarista.

Com meu plano em andamento, agora só poderia esperar se isso geraria algum fruto. 

Duas VidasWhere stories live. Discover now