Eu

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A poesia mais difícil que um dia eu escrevi


Ela é tudo aquilo que você não pensa.

Ela é tudo aquilo que você não vê.

Alguém não está pronto?


Seus pés são como trovoadas silenciosas.

Seus passos ferem o concreto.

(Mas isso, só eu que vejo)

São firmes e confiantes,

Mas medrosos e vacilantes.

O ambiente pulsa quando ela o percebe:

É como um estrondo

(Mas isso, só eu que ouço)

E a vibração da Terra ascende do núcleo para a superfície, como lava armazenada num vulcão prestes a entrar em erupção.

Ela pode eclodir.

Pode sentir vida emanar do planeta,

E tristeza,

Desespero,

Gritos,

Choros,

Desespero,

Desespero

E a morte.

Toda vez é um veneno diferente.

Toda vez é isso.

Toda vez.


Responda: alguém não está pronto?


Suas pernas falam por si só,

São papelão

Madeira,

Ferro,

Aço resistente.

Elas a guiam para onde são ordenadas pelo corpo.

Atravessam paradigmas.

Quebram expectativas.

Elas correm.

(Mas ninguém vê ainda)

São suportes para seus pés reluzentes.

Elas estão envolvidas por cipós, ramos de espinhos e veias pulsantes que saem deles.

Tudo isso se enrosca em suas pernas e penetra seus músculos com agilidade, mas temo que ela não sinta dor.

(Talvez os outros sintam. Ela não.)

Arde,

Vive,

Queima sua pele.

Ela sabe o que está acontecendo.


Eu te pergunto: alguém não está pronto?


Sua barriga é revestida por uma armadura,

Que esconde um estômago fraco,

Envenenado,

Propício

E vazio.

Ela come as impurezas do mundo

NubladamenteOnde as histórias ganham vida. Descobre agora