O penúltimo dia de viagem foi atribulado para Fiona, as únicas vezes que via Catherine era à noite no quarto, desde que se engalfinharam nunca mais se sucedeu mais nada entre as duas. Catherine ignorava a sua existência e Fiona fazia o mesmo.Passou o dia todo com Doug, ele fazia questão de a animar e Fiona agradecia-lhe por isso. Ele fora impecável e algo que ela admirou nele foi a coragem que ele teve em contar-lhe o sucedido, podia ter escondido e esquecido mas preferiu contar do que omitir. Já de Catherine não se podia dizer o mesmo, mesmo sabendo que Doug era o seu maior amigo ali dentro, sabendo que isso a podia magoar de alguma forma, preferiu sucumbir aos seus pecaminosos desejos carnais do que dar valor à amizade que Fiona outrora pensou ser real.
A tarde ia a meio, Fiona estava numa das mesas do convés com Doug, ele dizia alguma coisa mas Fiona estava demasiado aérea para prestar atenção ao que ele dizia.
- Ei, terra chama Fiona, estás a ouvir-me? - perguntou Doug estalando os dedos à frente do seu rosto.
- Hum... O que disseste? - perguntou Fiona retornando à realidade.
- Não ouviste nada do que eu disse pois não?
- Desculpa, estava distraída. - desculpou-se fitando o tampo da mesa.
- Para de pensar no que aconteceu, tu não tiveste culpa de nada. Terei que repetir o mesmo muitas vezes ainda? Porque se for preciso eu faço-o.
- Por mais que tente não consigo. Pensar no que ela te fez não é o problema e pensar que eu a considerei minha amiga. - o problema era mesmo esse, sentia-se traída e feita parva.
- Eu já vi que deves ser o tipo de pessoa que toma as dores dos outros para si própria, mas não deves fazê-lo pois só é pior para ti. Eu não gosto de te ver triste, por isso anima-te que amanhã chegamos a Marselha e a partir daí podes começar um nova vida. - disse Doug tentando soar convincente e animador.
Fiona deu um sorriso fraco mas verdadeiro e Doug sorriu também.
- Assim gosto mais. - disse Doug referindo-se ao sorriso de Fiona.
Mas Fiona sabia que ele tinha razão, amanhã o Aquarius aportará em Marselha e a partir daí viajará até Versalhes. Lá começaria de novo a sua vida. A sua nova vida.
Regressou ao quarto meia hora depois e felizmente este estava vazio, ao fitar a cama viu um envelope em cima dela e um bilhete ao lado, e este dizia:
"Pedimos desculpas pelo atraso na entrega da sua carta, esta foi uma de entre outras que nos chegou as mãos no porto de Palma de Maiorca e acabou por ficar esquecida. Mais uma vez pedimos desculpas.
Capitão S. Turner."
Apressou-se a abrir a carta e viu que era da sua tia Mercedes, de Málaga e dizia:
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A Rainha Camponesa
Historical FictionA revolução do coração já começou. O medo da morte e o desejo proteger a família valem qualquer risco. Era com este pensamento que Esteban Rodríguez decidiu que a melhor coisa a se fazer naquele momento crítico pelo qual passavam, era fugir...