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Raíssa Montenegro

Dias se passaram, Rebeca foi embora e me vi sozinha mais uma vez, o inverno estava chegando e os dias frios eram cada vez mais frequentes, minha recuperação foi a melhor possível, Rebeca até conseguiu ficar uns dias a mais o que agradeci imensamente, sentia falta daquela louca. Hale sumiu do mapa, não o vi nem no hospital e nem no prédio, até estranhei, mas aí lembrei da sua rotina atribulada do hospital que como ele mesmo dizia que o consumia, e dadas a essas circunstâncias não o procurei, pois não queria atrapalhar, mas sentia sua falta de certa forma. Jason aparecia às vezes e só falávamos em ballet, hoje era dia de teste e eu estava mais do que pronta para voltar, estava morrendo de saudades das minhas sapatilhas, das minhas alunas e das minhas carecas mais que especiais, eu precisava voltar para as aulas do hospital também, pois tanto eu quanto as crianças precisavam disso.

Quando cheguei na academia fui recepcionada com carinho por todos, pareciam ansiosos pela minha volta, logo Jason veio ao meu encontro passou o braço pelo meu ombro e disse

— E aí, preparada para as audições?

— Sempre pronta!

Ao entrar no auditório, aquele ar de familiaridade me invadiu, notei uma grande movimentação, bailarinas da academia e também de outras escolas estavam presentes para fazer o teste, seria um dia cheio o que acabou me animando ainda mais, na bancada estava eu Carter e outros dois professores, Jason estava no palco dando as coordenadas e assim seguiu o dia. Foram selecionadas muitas bailarinas, mas ainda íamos analisar uma por uma em uma audição privada, Odete merecia ser interpretada pela melhor bailarina, sentia que o posto devia ser passado com maestria.

Eu não sabia como descrever o dia, foi gratificante, empolgante, e passou muito rápido, logo Jason veio ao meu encontro.

— E aí, o que achou?

— Muito bom, temos ótimas bailarinas, a escolha vai ser difícil!

— Ninguém nunca vai se igualar a você Raíssa - isso me pegou de surpresa, corei - Antes que eu me esqueça preciso te apresentar uma pessoa, um amigo, me ajudou muito lá na Rússia, agora vai trabalhar aqui na companhia com a gente.

— É mesmo? Quem é? - já na saída um rapaz alto, cabelos negros, pele clara veio de encontro conosco.

— Esse é Felipe! Novo fisioterapeuta da academia! - ele me lembrava alguém.

— Raíssa - me apresentei — prazer em conhecê-lo Felipe - demos as mãos em um comprimento formal.

—  O prazer é meu Raíssa - logo ele se voltou para Jason — Estava ansioso para conhecer você! É cara, realmente ela é linda - desconfortável com a situação, já havia passado da hora de eu sair de cena.

— Boa noite Jason, até amanhã! Até mais Felipe - me despedi.

— Raíssa, vamos jantar? - tá bom! isso não foi surpresa, agora eu queria poder estalar os dedos e desaparecer, como em um passe de mágica, respirei fundo.

— Hoje não Jason, me desculpe estou cansada e eu realmente quero ir para casa! Até mais. - já saí para não dar tempo dele argumentar para me fazer ceder.

(...)

Entrei no elevador e quando as portas estavam se fechando um braço forte as impediu, Isaac, fazia tempo que eu não o via.

— Oi!

— Oi Raíssa, como está?

— Bem! Você sumiu, não apareceu mais!

— Estou muito ocupado, as coisas no hospital andam corridas, nem sua consulta pós operatória consegui acompanhar, mas Wagner disse que estava bem. - abriu aquele sorriso encantador.

— Sim, estou em boas mãos.

— Está! Wagner é um excelente cirurgião cardíaco, melhor que ele só eu - rimos juntos

— Pouco convencido dr. Simpatia, se bem que agora posso te chamar doutor sorriso.

— Você e esses apelidos,  não vou nem perguntar o porquê do sorriso, acho que não  quero saber - riu - quando vai aprender a me chamar pelo nome?- a porta do elevador se abriu em seu andar e ele saiu, mas antes a segurou a para ouvir minha resposta.

— Não sei, quem sabe um dia! É divertido ver você irritado - sorri.

— Quer jantar comigo? Parece cansada e eu confesso que também estou morto, mas vai ser bom ter uma companhia. - esse realmente era um convite que eu estava tentada a aceitar.

— E desde quando você sabe cozinhar?

— Eu não sei, mas sei pegar o telefone e pedir comida!

— Hum, é justo, pois confesso que eu também não tenho dons culinários.

— E então?

— Posso pelo menos tomar um banho antes? - cedi sem nem ao menos pensar no assunto.

— Claro!

— Então vai pedindo que eu já desço de volta!

— 612!

— O que?

—O número do meu apartamento engraçadinha!

— Ah claro! Como se eu pudesse me perder nas três portas existentes em cada andar - dei uma risada contida — e solta essa porta, pede logo a comida que estou faminta, e você aí segurando o elevador só está me atrasando.

Nossos olhares se cruzaram e ficaram fixos um no outro, era palpável o ar ali naquele momento.

Isaac soltou a porta e saiu, eu gostava de tê-lo por perto, sua presença me preenchia de alguma forma, e seu jeito conquistou minha confiança.

(...)

Já de banho tomado e vestida, voltei para o apartamento de Isaac, toquei a campainha, fiquei mais de 5 minutos esperando que ele atendesse, quando ele abriu a porta, minha boca secou, ele estava só de calça de moletom com uma toalha secando os cabelos e os pés descalços.

— Desculpa a demora! - diz, minha Santa dos deuses gregos me ajude — Entra! Já fiz nosso pedido, pedi pizza, espero que não se importe.

— Pra mim tá ótimo! - Eu estava extremamente desconfortável, até o pé dele era bonito.

— Já volto, fique a vontade! - e foi para o quarto. E logo voltou vestindo uma camiseta azul. Agradeci mentalmente não ia conseguir ficar olhando pra ele sem camisa com aquele corpo escrito "me pegue".

Se controla Raíssa já tá fazendo papel de boba, e não tem nada aqui.

Se controla Raíssa já tá fazendo papel de boba, e não tem nada aqui

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Frágil Coração ( Degustação)Where stories live. Discover now