Frágil Coração ( Degustação)

07

Isaac Hale

  O som estridente do toque do meu celular me tira de um sono profundo, estava cansado, andava fazendo plantões extras, e ser chefe do departamento de cardiologia do Medstar cobrava seu preço, quando olhei na tela eram três horas da manhã e o número que insistia em chamar era do hospital, provavelmente alguma emergência.

— Boa noite doutor! Deu entrada uma moça com problemas cardíacos e o médico do plantão solicitou apoio de um cardiologista, mas o médico que esta de sobreaviso não atende nossas ligações. – bufei, irresponsabilidade era algo muito comum ultimamente.

— Estou a caminho – por sorte morava próximo ao hospital e não demoraria a chegar, ao sair do prédio notei uma certa movimentação na portaria, e estranhei, mas com a pressa não parei para perguntar o que havia acontecido.

(...)

   Antes de entrar na sala de emergência já peguei o prontuário da paciente e verifiquei o que já havia sido feito e quais os sintomas apresentados, o residente detalhou mais uma vez todo procedimento realizado. Quando entrei na emergência senti que algo estava errado e não pude acreditar que ali estava Raíssa.

Prestei todo atendimento necessário, realmente foi um choque vê-la daquela forma, com uma arritmia que foi difícil ser controlada, foi preciso colocá-la no aparelho de oxigênio para que o ar chegasse a seus pulmoes, e vendo-a tão debilitada e precisando de cuidados, mexeu comigo.

  Quando seu quadro estabilizou pude respirar mais aliviado, pedi que a encaminhassem para um quarto. Logo peguei seu prontuário e o estudei a fundo, Raíssa Montenegro, 29 anos, sofria com sérios problemas cardíacos, fez uma bateria de exames recentemente, solicitei que realizassem todos os exames novamente, pois já a presenciei com falta de ar, e agora isso!

  Depois de ter feito tudo, resolvi passar em seu quarto, para ver como estava, e lá me deparei com uma moça morena sentada na cadeira ao lado, estava dormindo, olhei para Raíssa naquela cama, estava pálida, mas mesmo nessas condições não perdia aquela áurea que sempre a rodeava, quando fui saindo a moça que a acompanhava me chamou.

— Doutor, como minha prima está?

— Pedi alguns exames, mas ela vai ficar bem. – a curiosidade me corroeu e não consegui segurar a pergunta — Como aconteceu?

— Eu cheguei nessa madrugada, de tempos em tempos venho visitá-la, e quando entrei em seu apartamento, ela estava caída na sala, levei o maior susto. – isso explica o alvoroço na portaria do prédio.

— Volto mais tarde para ver como ela está! – não prolonguei o assunto, estava preocupado com ela, em tão pouco tempo tomou um espaço significativo na minha vida, era como se eu precisasse cuidar dela e mantê-la segura.

O dia foi amanhecendo e logo vi a moça que estava com Raíssa sair do quarto, sem querer fiquei vigiando, não me ausentei do hospital com medo de acontecer algo e eu não estar por perto, logo entrei em seu quarto e fiquei a observando enquanto dormia.

— O cenário ficou meio cinzento! – murmurou com a voz fraca.

— Bom dia maluca! – mesmo nessas condições não perdia o senso de humor, sorri — Como se sente?

— Não sei dizer, o que faz aqui?

— Uma arritmia forte fez você perder a consciência, sua prima te achou e chamou a ambulância, me acordaram de madrugada pra vim atender você – disse irônico.

— Tinha me esquecido de Rebeca – logo ela levou a mão na cabeça e voltou a fechar os olhos — me sinto cansada demais.

— Volte a dormir, é normal que isso aconteça, seu coração trabalhou em ritmo acelerado demais, o cansaço que sente agora é normal, não quero que se esforce, pedi novos exames, dependendo dos resultados te libero para voltar para casa ainda hoje – sem querer levei as mãos e afaguei seu cabelo macio.

— Obrigada Dr. Simpatia – suspirou fundo e deu um sorriso contido, fechou os olhos e não voltou a abri-los, eu fiquei mais um pouco ali a observando até a moça voltar.

— Bom dia Rebeca, ela já acordou, está um pouco cansada e voltou a dormir, qualquer coisa peça para me chamar.

— Pode deixar doutor – se insinuou mordendo o canto dos lábios — Que com toda certeza vou te chamar.

  Fui direto para o quarto de descanso dos médicos ver se eu conseguia descansar um pouco, agora já sabendo de todo problema de saúde de Raíssa eu não sabia se ter conhecimento de tudo me deixava aliviado ou se me preocupava ainda mais com a gravidade do caso.

  Respirei fundo e não foi nenhum esforço pegar no sono, e mais uma vez em meus sonhos a bailarina daquela fatídica noite tomou conta dos meus sonhos, era como se ela quisesse me mandar uma mensagem, assim que terminava o espetáculo, ela se curvava em um agradecimento e do palco acenava diretamente para mim enquanto sorria, estava escuro e não conseguia distinguir seu rosto com clareza.

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Estou morrendo de amores pelo nosso doutor simpatia❤

Boa leituraa😘😘😘