Sério que ele conseguiu arrumar aquilo? Eu estava contando que aquela porcaria iria direto para o lixo. Uma pena.
Que bom. Eu falo com você quando chegar em casa, na casa da minha tia quero dizer, preciso voltar para a mesa antes que o meu pai venha atrás de mim.
Aonde está?
Em um restaurante, comemorando o fato de estar inteiro.
E o que você pediu?
Como assim o que eu pedi?
O prato, que prato você pediu?
Isso importa?
Não, mas eu quero saber.
Canard à l'orange.
Isso é pato cozido no caldo de laranja, não é?
Sim.
E estava bom?
É, estava. Que tipo de perguntas são essas?
Não sei, só estou tentando te manter o máximo de tempo possível ao telefone. Estou com saudade.
Viola, não faz nem dois dias que eu estou longe.
O tempo é relativo... e parece sempre se esticar quando estamos longe de quem amamos.
Pronto, ela vai começar.
Suspiro com força, digitando vagarosamente:
Tá legal, eu tenho mesmo que ir agora, falo com você depois.
Sem mais, afundo o telefone de volta no bolso e caminho para fora do banheiro. Se deixar ela continua falando até amanhã.
Mal a porta se fecha às minhas costas avisto o Henri vindo na minha direção com as mãos enfiadas nos bolsos do casaco e um sorriso de mil dentes no rosto.
― Ei ― a voz dele ecoa animada, animada demais para o meu gosto. ― O tio Max pediu pra eu ver se está tudo certo com você.
― Como pode ver, eu ainda estou respirando.
― Percebi. Acho melhor voltar lá pra dentro antes que ele mesmo venha atrás de você.
― Caso não tenha percebido, era justamente isso que seu estava fazendo quando se interpôs no meu caminho.
― Cara, qual é o seu problema? ― Ele interrompe a caminhada, eu faço o mesmo, só pra não deixá-lo parado sozinho feito um tonto no meio do corredor. ― Na boa, ninguém merece esse seu mau humor, tá parecendo o avô Adolf.
― É fácil falar, não é você quem está com o braço ferrado e, como se não bastasse, ainda tem de ouvir seus pais discutirem sobre as coisas mais idiotas possíveis toda vez que um olha na cara do outro.
― Eu sinto muito, pensei que eles tivessem se acertado.
― Como assim pensou que eles tivessem se acertado? Que conversa é essa?
Por um tempo ele não diz nada, só fica me encarando com a maior cara de mané, então se aproxima e põe a mão sobre o meu ombro.
― Qual é, você sabe, casais brigam, seus pais não são exceção.
― Eu tenho cara de idiota por acaso? Está sabendo de algo que eu não sei, desembucha.
― Eu não sei de nada. ― Ele engole em seco algumas vezes antes de continuar: ― Meus pais também brigam, Rigel, e com frequência, mas no final sempre se acertam e fazem as pazes. Você pode discordar de uma pessoa e, ainda assim, amá-la. Ou vai dizer que você concorda cem por cento com a Viola em tudo?
É o quê?
― Primeiro, não mete a Viola nessa conversa ― peço, voltando a me mover pelo corredor. ― Segundo, eu não amo ela.
― Ah tá ― ele dispara, acompanhando meu passo. ― E eu não amo Star Wars.
― Eu já disse umas cem vezes, mas vou repetir pra ver se você entende de uma vez por todas, a Viola é apenas uma amiga, nem isso na verdade, ela não faz meu tipo. ― digo, só pra ver se ele fecha a matraca e me deixa em paz. ― E para de me perturbar com esse papo de Viola, você nem conhece ela.
― Nós somos amigos no Facebook, a adicionei faz alguns meses, ela faz umas postagens bem interessantes ― diz com voz risonha. ― Sobre olhos cinzentos e passeios no jardim.
― Por que não vai cuidar da sua vida, hein? Se eu tivesse uma namorada com a aparência da sua estaria aproveitando cada segundo ao lado dela, em vez de ficar enchendo a paciência dos outros com essa droga de conversa fiada.
Na maior parte das vezes a namorada do Henri age como uma cópia da Scarlett O'Hara em E o Vento Levou, sendo uma completa mala sem alça. Mas, verdade seja dita, apesar disso, ela é gata até dizer chega, o tipo de garota que qualquer cara teria orgulho em exibir para o mundo. Ela não se veste como um palhaço, o cabelo é bem cuidado e, o mais importante, sabe exatamente como se portar em público.
Se eu trouxesse a Cara de Coruja a um lugar como esse, ela certamente faria do jantar um espetáculo e eu encerraria a noite com a cabeça enfiada em algum buraco, como um maldito avestruz, morto de vergonha.
Olá, gafanhotices
Eu quer agradecer por todos os votos e comentários deixados no capítulo anterior. Obrigada por não me abandonarem e não desistirem do livro. Sei que tenho demorado a concluí-lo, mas as coisas têm estado complicadas de verdade. Peço só mais um pouquinho de paciência, o fim está chegando.
Desde sempre não gosto de postar capítulos pequenos, por algum motivo eles me incomodam bastante, mas depois de muito pensar decidi que talvez essa seja a melhor opção. Ultimamente, eu não consigo mesmo me manter concentrada em nada por muito tempo e se fosse esperar para postar os capítulos só quando estivessem enormes acabaria demorando muito. Então, por enquanto, vou postar capítulos pequenos. Espero que entendam a minha decisão e que não se irritem muito com isso.
Viola e Rigel está chegando ao fim, pelas minhas contas faltam menos de dez capítulos e eu vou postá-los conforme puder, nos dias em que estiver me sentindo melhor. Sim, finalmente descobrirão o que aconteceu entre Max e Eliza e conhecerão o destino de Viola e Rigel. Eu vou sentir saudades da minha lagartixa albina e da minha cara de coruja.
Algum palpite sobre maliza?
Qual será o destino de Viola e Rigel?
Eu jé escrevi a cena final e posso dizer que foi um pouco...
Muitos kisses!
Ah, em breve teremos um livro novo. Eu estou com ele nos rascunhos há uma vida, e só não postei ainda porque não consigo decidir o elenco, a garota está escolhida, mas o garoto é um problema.
Aqui a capa - sim, eu invejei a capa de Para Todos os Capirotos Que Já Amei.
Outra personagem ruiva? Sim, eu gosto de criaturas ruivas - ninguém percebeu.
Quem leu a fanfic, por favor, não dê spoiler, isso pode acabar com toda a graça do livro. Eu vou mudar algumas coisas, muitas na verdade, mas a premissa é a mesma.
Cheiros na alma
YOU ARE READING
Viola e Rigel - Opostos 1
Teen FictionSe Viola Beene fosse um cheiro, Rigel Stantford taparia o nariz. Se ela fosse uma cor, ele com certeza não a usaria. Se fosse um programa de TV, ele desligaria o aparelho. Mas ela era apenas uma maluca expansiva e sorridente que infernizava a sua vi...
O tempo é relativo
Start from the beginning