O Mundo era feito de Balas de Cereja

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Se ela achava que eu cairia naquele truque era melhor rever seus conceitos sobre mim

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Se ela achava que eu cairia naquele truque era melhor rever seus conceitos sobre mim.

Sabia exatamente que jogo aquela Cara de Coruja estava tentando jogar. Viola Beene esperava que eu sentisse sua falta e, consequentemente, começasse a correr atrás dela. Um ótimo plano, e poderia até funcionar caso eu me importasse minimamente.

Mas a verdade é que eu não estava nem ai para aquela tagarela morta de fome. Se ela queria se afastar, pois bem, que o fizesse, só tinha a agradecer o favor, enfim ficaria livre daquele cruzamento de dragão com coruja.

— Cara, onde você se enfiou a tarde inteira? — Arran perguntou, acompanhando meus passos. Entrei no quarto e afundei na cama, ignorando seu papo-furado. Não era como se tivesse que dar satisfações a ele ou a qualquer outra pessoa. Aonde eu estava ou deixava de estar era problema meu e de mais ninguém. — A Emily está uma fera. Você disse que treinaria com ela essa tarde e simplesmente desapareceu, eu tive que ficar no seu lugar, levei tantas boladas que minha cabeça está dando voltas até agora.

— Arran por que você não faz um favor para a humanidade? — Meu amigo me encarou atordoado, um vinco se formando na testa. — O que está esperando?

— Como assim o que eu estou esperando?

— O que está esperando para saltar? Aproveita que está ai, perto da janela, e salta. Mas salta de cabeça para baixo. — Ele fez um gesto obsceno e se afastou do batente. — O que eu faço ou deixo de fazer não é da sua conta, muito menos da conta da Emily. Vocês não têm vida própria, não?

— Até temos, mas a sua é mais excitante... Na boa, você é o único cara no Madison com um dragão de estimação. O que pode ser mais excitante que isso? — devolveu entre risos.

Eu não era um cara violento, mas toda vez que Arran abria a boca me perguntava por que ainda não o tinha feito engolir pelo menos metade dos dentes. Ele não parava de cuspir merda atrás de merda.

— Cara, eu sinto por você, nunca conheci ninguém com um caso de diarreia bucal tão grave quanto o seu. Se não parar de falar merda, cedo ou tarde, encontrará alguém que o fará engolir não só as palavras como os dentes.

— Vai à merda, Stantford!

— Acho que depois de te ouvir por tanto tempo já estou meio que mergulhado nela até o pescoço.

Me sentei na cama e joguei os sapatos em um canto. Arran tinha enfim decidido fechar a matraca e estava remexendo as Playboys antigas que escondia sob o colchão, provavelmente tentando decidir qual delas levaria para o banheiro.

— Olha essa. — falou, jogando uma revista no meu colo. — É a coelhinha de Maio, e é ruiva, como o seu dragão de estimação.

Ruiva o cacete, tinha mais tinta naquela cabeça que no Happy Holi.

— Para a sua informação eu não tenho dragão algum. Viola Beene estava falando sério quando sugeriu que nos afastássemos.

Joguei a revista de volta para ele. A tal coelhinha não fazia o meu estilo, era vulgar demais e atraente de menos.

Viola e Rigel - Opostos 1Where stories live. Discover now