Capítulo 6

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Maurício

Depois que a Annie saiu em disparada, joguei minha mala na poltrona no canto do quarto, me joguei na cama e pensei em tudo que acabou de acontecer. Suspirei e fechei meus olhos.

A cama era enorme, uma King-size, o quarto era todo branco e a cama ficava no centro, com uma poltrona de couro preta no canto direito da porta e uma janela de frente, com vista para o mar.

Na parede acima da cama havia um quadro da largura da cama, moderno num estilo abstrato e bem colorido, criando um contraste na parede totalmente branca. De frente para a cama na parede oposta, havia um aparador preto com um imenso espelho sem moldura, direto na parede, seguro apenas com parafusos, finesson ou botão francês, não sei ao certo.

Ao lado da cama, dois criados mudos pretos e luminárias prateadas em cada um deles. Ao lado do espelho, na mesma direção da poltrona, havia uma porta para o banheiro com uma banheira de hidromassagem, chuveiro e privada, tudo branco de um lado e um pequeno closet do outro, onde eu poderia guardar minha mala.

Levantei-me e levei minha mala até o closet, depois de tirar um jeans e uma camisa branca dela e deixar sobre a cama. Ao passar pelo aparador, onde havia deixado o cartão-chave do quarto, vi que estava o número 903, que era o quarto dela. Eu havia passado pra ela o cartão errado.

E várias ideias se passaram por minha cabeça.

Peguei o cartão e sai do meu quarto, parei na frente da porta do quarto dela e dei uma leve batida. Ela não poderia reclamar, dizendo que eu não havia batido na porta antes de entrar. Passei o cartão pela tranca e ela se abriu. Os quartos eram idênticos. E me surpreendi.

Deparei-me com Annie deitada em sua cama, assim como eu havia feito em meu quarto, quando ela saiu. Ela deu um salto da cama me olhando assustada, com seus olhos grandes e azuis, incrédula por me ver encostado no marco da porta admirando-a. Ela se pôs de pé num pulo, como uma gata selvagem, seus cabelos soltos, pronunciando algo que eu não consegui entender direito, mas sem dúvidas, algum tipo de xingamento inaudível.

– O que você pensa que está fazendo? Como abriu a porta do meu quarto?

Ela foi falando e andando em minha direção, e eu gostei da cena. Ela parou na minha frente, e me fuzilou. Mas, eu só sorria pra ela.

– Vamos, me responda!

Estendi a mão com o cartão.

– Só vim devolver o seu cartão e pegar o meu. Acho que confundi e acabei te entregando o meu. Mas, acho que também me senti um pouco solitário ali do lado.

Disse virando minha cabeça em direção ao meu quarto com o meu sorriso sarcástico, que eu estava amando usar sempre que estou perto dela. Ela olhou confusa para minha mão e olhou para o aparador onde havia deixado o outro. Pegou-o e com um sorriso muito forçado ela me entregou e pegou o dela. Juro que falei de brincadeira, mas acho que acabei abrindo algum tipo de ferida que ainda estava aberta. Ela mudou sua postura, seu ar assustado e descontraído e ficou tensa.

– Obrigada Maurício, mas não posso fazer nada em relação à sua solidão, não costumo fazer esse tipo de trabalho que você está pensando. Então, vamos por tudo em cartas brancas, sem deixar margens para gracinhas. Desde o primeiro dia que conversei com você ao telefone, estou tentando ser o mais profissional possível. Estou lhe tratando com muito respeito e espero ser no mínimo, da mesma forma. Nada pessoal apenas profissional.

Ela me olhava com seriedade, mas eu só consegui ver que ela estava ferida profundamente, algo ou alguém havia magoado esta mulher. E no fundo eu queria saber quem foi que a magoou assim.

Inesperada Paixão - (completo)Where stories live. Discover now