2 - A indecisão a consome: É amor ou apenas amizade?

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2 - A indecisão a consome: É amor ou apenas amizade?

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2 - A indecisão a consome: É amor ou apenas amizade?

— Então, como vai ser?

Merlin se encontrava extremamente concentrado, enquanto eu batia o pé freneticamente em um ato de nervosismo. Mordi novamente os lábios, tentando me concentrar.

— Que tal pelo começo?

Ah, burra! Que tal pelo começo? Que merda de pergunta era essa? Mordi novamente os lábios enquanto Merlin sorria mais uma vez com o canto dos lábios e tragava o seu cigarro.

— Pelo começo me parece uma boa coisa. Prossiga.

Ajeitei-me na cadeira, enquanto os flashbacks atingiam a minha mente com agressividade.



Conheci Vinícius na quinta série. Naquele ano o garoto tinha se mudado para o colégio e era o novo peixinho no mar de crianças bagunceiras. Lembro-me que ele chegou todo acanhado, sentou -se em uma das cadeiras da frente, à minha frente, e passou a observar o ambiente com certa curiosidade infantil. Ninguém, absolutamente ninguem, pareceu reparar no garotinho que usava um Band-Aid no dedo e óculos com grossas armações, além, é claro, de mim, a curiosa da sala. Lembro-me que cutuquei-o sem qualquer cerimônia e, ao ter a sua atenção voltada para mim, sorri simpática esticando a minha mão para cumprimentá-lo.

— Meu nome é Aída, e o seu?

Ele me encarou com uma certa dúvida, sem ter certeza de que eu fosse mesmo uma boa pessoa afim de fazer as honrarias, mas, por fim, devolveu um sorriso e apertou a minha mão que pendia no ar.

— Meu nome é Vinícius.

E então ficamos apenas nos encarando, dois seres sem saber como prosseguir numa conversa. É claro que eu, sendo a senhorita curiosidade, fitei novamente aquele Band-Aid e perguntei-lhe:

— Você cortou o dedo?

Não, Aída, essa merda está no dedo dele apenas de enfeite!

Vinicius cutucou-o e respondeu-me:

— Foi apenas um pequeno acidente. Digamos que eu tenha tentado ajudar a minha mãe na cozinha, mesmo que ela tenha me pedido para ir brincar na sala.

A Aída criança balançou a cabeça em sinal de concordância.

— Sua mãe tem razão, Vinícius. Minha mãe sempre diz que cozinha não é lugar de criança.

Depois, por um curto intervalo de tempo, ficamos novamente apenas nos entreolhando, até que, chegando mais próximo de mim, Vinícius sussurrou como quem conta um segredo:

— Você acredita em alienígenas?

Naquele dia, passamos a hora do intervalo inteiro juntos. Mal eu sabia que poderíamos nos tornar tão amigos, mas, bem, nos tornamos.

— Isso é realmente muito bonitinho. Mas creio eu que não foi aí que ele se apaixonou?

— Claro que não! — afirmei, decidida: — Talvez tenhamos que prosseguir um pouco mais. Uns anos à frente. Talvez para a oitava série.

Ele concordou com um meneio de cabeça, prestando atenção à mim e mostrando -se completamente atento.

Depois de mais alguns goles, voltei a relembrar o passado.

Estávamos eu e Vinícius na minha casa, na sala, assistindo a um filme bobo qualquer. E eu juro que não, não é isso o que você está pensando. Definitivamente eu não estava nervosa por estarmos ali, mas confesso que, em algum momento, senti Vinícius perto demais e, ao contrário do que muitas jovens fariam, eu simplesmente me afastei e inventei uma desculpa esfarrapada. E não por que eu estava com os hormônios à flor da pele, Vinícius é como um irmão mais velho para mim, e é isso. Só isso. E droga, como eu não percebi? Como eu não vi que toda aquela aproximação indicava alguma coisa? Ele havia se inclinado para o meu lado, sorrido daquele jeito bobo que só uma pessoa extremamente apaixonada sorri. Ele brincara com o meu cabelo, alisara a minha bochecha e fitara-me por tempo demais e eu? Nada! Bulhufas! Nenhuma espetadinha da flecha do maldito cupido. Onde estava ele, afinal? Eu desconfiava que o meu cupido tinha ido tirar férias longas demais e que estava fazendo isso apenas por sacanagem.

— Então você não gosta dele? — Merlin me interrompeu, analisando-me com cautela.

— Eu não sei — confessei entredentes: — Naquele dia eu não senti nada, mas porque é que então eu me sinto tão culpada agora?

— Talvez, só talvez, toda essa culpa esteja te consumindo pois o medo de perder o seu melhor amigo é pior do que tentar sentir algo que provavelmente você não sinta por ele e, sendo bem sincero, mocinha, tentar forçar algo que não existe tem quase 100% de chance de acabar em um desastre.

Ah, droga! Merlin, o estranho, tinha total razão. Enfiei mais bebida goela abaixo, começando a não me sentir apenas agitada, e sim, completamente embriagada.

 Enfiei mais bebida goela abaixo, começando a não me sentir apenas agitada, e sim, completamente embriagada

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