Capítulo 19

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Acordo!

Estou meio cansada do dia que tive ontem, e minha maior vontade era de ficar na minha preciosa cama o dia inteiro. Meus pais estão novamente brigando. É tão chato vê-los neste estado tão... Insuportável. Meu pai sempre reclamando das contas e prejuízos de não sei quantos meses atrás, já minha mãe fica numa espécie de escudo de ignorância que nem eu consigo aguentar. Tudo isso desde que eu me conheço por gente.

Arrumo minha cama e tomo um banho rápido - só para tirar o mau cheiro - e desço as escadas. O clima estava bem pesado no térreo da minha casa, então resolvi só comer um pouco e ir esperar o ônibus na frente da minha casa.

Saio pela porta da frente me despedindo dos meus pais que pareciam preocupados, e ouço um '"juízo" da minha mãe. Acho que a confiança dela ainda não está 100% comigo.

Enquanto espero o meu transporte pego por uns instantes o meu celular e vejo novidades a mil do Caio, me esqueci completamente dele. Quando ia mandar uma mensagem...

- Buuuh! - Grita Jéssi me assustando.

- Se quiser me matar não precisa ser através de sustos, ok? - Falo ofegante.

- Aí calma! Foi só um sustinho de nada. - Ela fala e continua: - E a senhora em? Nunca mais falou comigo, nem te vi mais. - Ela insinua.

- Estava muito ocupada, as coisas estão acontecendo muito rápido. Nem me lembrei de falar com meu amigo que parece me mandar toda semana uma mensagem nova! - Desabafo.

- Nossa! Isso que eu chamo de falta de atenção! - Jessi fala debochando do Caio. - Mas e aí, o que anda acontecendo para te deixar desleixada desse jeito? - Indaga.

Começo a contar as coisas principais do que estava ocorrendo nos últimos tempos, desde quando nós não nos falamos mais, até ontem quando houve aquele "desentendimento". Cada palavra minha a deixava boqueaberta e as vezes espantada até demais.

- Então quer dizer que você viveu toda essa aventura desde aquele último fim de semana nosso? - Pergunta e eu afirmo. - Nunca pensei que viveria o bastante para ter uma amiga tão... Adrenalina. A Dora aventureira deve morrer de inveja de você! - Jessi solta um sarcasmo, e rimos.

- Olha ali, o meu ônibus chegou. - Falo e nos despedimos.

Entro no meu transitário (nome estranho não? Eu que enventei! Eu acho...) e vou direto para o fundo, como sempre: Quieta e observadora.

(...)

Quarta vez que o sinal bate e estamos liberados para mais um intervalo. Acho que finalmente vou ter um dia normal... Eu acho!

Um pouco distante ao meu lado, se encontrava Nicolas, pensativo como sempre. Depois de nosso encontro eu não sei se gosto dele como um amigo, talvez esteja sendo muito precipitada, mas sempre quando olho para seu rosto uma vontade interna de sorrir me domina. Quando conversamos nos intervalos, vejo seu olhar sempre feliz e... Apaixonante. Andamos juntos desde então, é tão bom ouvir a voz dele. Quando ele falta aula, uma tristeza me invade, e eu só penso em ficar sozinha no meu canto, mas na manhã seguinte torço para nos vermos novamente. Sei que pode parecer idiota e clichê, mas é o que sinto. Finalmente quando se vira percebe que tem uma certa pessoa olhando para ele, e sorri quando vê que sou eu e vem até mim.

- Então moça bonita, hoje no açougue do Nick, estamos vendendo pulmões, cérebro e antebraço, vai querer algo? - Ele pergunta fazendo piada com a minha cara de boba.

- Hoje vou querer os olhos! - Falo e ele ri da minha "cara de malvada".

- Tenho que ter medo?

- Acho bom! - Falo e rimos.

Conversamos todo o intervalo e logo em seguida vamos aos nossos lugares. Momentos como esse com pessoas como essa que quero ter na minha vida.

(...)

Quando a aula acaba todos vamos para saída e vejo Éric com o seu machucado no ombro coberto.

- Oi! Tudo bem? - Socializo com o garoto, ou ao menos tento.

- Aham... E então recebeu muito falatório no seu pé de ouvido? - Ele fala se sentando em um banco no ponto de ônibus, parece que por enquanto não pode dirigir.

- Com certeza! - Falo arregalando os olhos.

- Parece que está missão não saiu como esperávamos. - Diz o garoto machucado.

- Nem me diga! - Falo apontando para seu ombro. - Mas... Quem será que eram aqueles caras? Será que eram empregados desse tal Keniton? - Indago.

- Não fasso a mínima ideia! E se fosse, por que eles queriam... Nos matar? - Indaga com um turbilhão de dúvidas.

- Acho que se for ele, ou quem quer que seja, não quer ser descoberto.

- Isso faz muito sentido. "Dois adolescentes encheridos se metendo em negócios passados que podem o comprometer". - Ele destaca um pensamento.

- Claro talvez tenha matado sua família por seu pai não ter quitado uma dívida, e depois de o fazê-lo ele não gostaria que o descobrissem. - Esclareço.

- E esse desgraçado pode estar fazendo isso com milhares de famílias por aí. Temos que para-lo! - Éric fala decidido.

- Tem celular? - Pergunto.

- Tenho!

- Me adiciona aí.

- Onde? - Indaga confuso.

- No Facebook! - Falo impaciente.

- E-eu... Nunca tive uma conta no Fecebook! - Ele fala e uma profunda vontade de rir me apareceu.

- Eu crio para você!

- Não tenho certeza se quero uma conta... - Ele tenta.

- Mas eu tenho, passa o celular!

- Tá bom! Tá bom! - Ele fala tirando o celular do bolso.

- Uns instantes... Só baixar aqui... Colocar a conta e... Protinho! Já até me adicionei. Mais tarde te mando uma mensagem. Só para a gente se comunicar. Tchauzinho! - Falo sorridente.

- Tá-ta bom... Tchau! - Ele balbucia e depois olha na tela do celular e sorri.

Esse descontrole meu foi proposital, só para vê se esse garoto ressuscita no mundo atual. Gosto muito do Éric, ele é bem... Inofensivo, e isso me deixa mais livre para fazer as coisas. Raramente o vejo sorrindo, e quando vejo sinto como se sua felicidade fosse a coisa mais preciosa para mim.

Vou para casa e sigo minha "rotina".

Garoto Misterioso (EM REVISÃO)Where stories live. Discover now