Capítulo 12

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Pedro 💲

Puxei a Duda até a goma, tava minha mãe lá encolhida no sofá.

Mari: Tô com dor.- Murmurou com os olhos cheios de lágrimas.

Duda: Quer remédio tia?

Mari: Quero meu marido.- Fungou.

Peu: Tamo em guerra mãe.

Meu raidinho tocou e eu tirei o mesmo da cintura.

***

Lima: Cadê tu Peu?
Peu: Em casa velho, minha mãe tá com dor.
Lima: Dá remédio e vem.
Peu: Ela quer você.
Lima: É foda.

***

Ele desligou e eu olhei pra elas.

Peu: Vou buscar ele, relaxa.- Dei um beijo na testa dela.

Duda: Cuidado Pedro.- Dei um beijo na bochecha dela.

Mari: Vai com Deus, filho.- Deixou uma lágrima cair.

Peguei os dois fuzis e distravaei, fui pelos cantinhos até a 10 ontem a guerra rolava solta.

Tinha uns manos caidos já, assim como os botas.

Fui por trás e subi na laje, matei dois policiais que tavam aqui.

Ajoelhei e posicionei o fuzil começando a soltar bala.

É bala nós pm.

Bagulho sinistro, nós tá de boa aqui e em filho da puta tirar a paz dos moradores.

Mata geral, trabalhador ou não.

Mata adolescente com farda da escola.

Mas isso a mídia não mostra pô, mostra só a parte ruim da favela.
Cadê que tu vê falando o quanto nós é simples? Que independente de tudo, nós é uma família?

Pra mim, favela é só um país novo.

Com novas regras.

Mas fala tu, quem é mais bandido? Quem anda de terno e gravata ou quem te mostra um oitão?

Fica aí a questão!

Depois eles recuaram deixando só vários corpos no chão.

De traficante e de gente inocente.

Gente que só não tem um bom dinheiro pra ir morar em outro lugar.

Pros pm, se tu mora na favela tu não é honesto.

Meu pau no cu desses cuzão.

Minha favela defendo até o fim.

Peu: Vai pra casa, eu cuido aqui.- Falei pro meu pai.

Lima: Tá bem? Algum arranhão, tiro, dor? - Perguntou nervosão.

Peu: Tudo passou, vai pra goma.- Ele me abraçou e saiu montando na moto.

Subi pra laje da 10 e peguei o caderninho da caveira.

O caderno com o nome de geral que morreu.

Aí nós manda uma quantia pra família.

O foda é dar a notícia irmão.

Comecei a passear pelos corpos anotando cada um.

Loiro: E aí? - Parou do meu lado com as mãos na cintura e eu olhei pra ele suspirando.

Peu: Goiaba, gordinho e Denise foram um dos.- Ele passou a mão pela barba.- Que eu saiba, Denise chegava dessa hora da escola e sempre vinha aqui trocar uma idéia com o gordinho.

Loiro: E o Antônio? - Cocei o cabelo.- Ele tá na creche uma hora dessas, tem que pegar ele agora.

Peu: Pega lá e leva lá pra casa.

Loiro: Vou mandar alguém.

Peu: Manda alguém conhecido né, moleque ficar assustado se não conhecer quem for buscar.

Loiro: Claro moleque.- Pegou o raidinho.

Peixe: Cheguei numa hora ruim pra porra.- Parou do nosso lado de moto.

Loiro: Finalmente voltou, seu viado.- Sorriu abraçando ele.

Peixe: E aí sobrinho.

Peu: Fala cara.- Fiz toque com ele.

Loiro: Já que tu voltou, volta pro movimento indo pegar o Antônio, filho do gordinho.

Peixe: Cadê o gordinho e a Deni? - Me olhou e eu baixei a cabeça.- Não pô, zoeira? O moleque só tem 6 anos, como fica? Não tem ninguém sem ser eles, puta que pariu.

Peu: Vou dar um jeito cara, qualquer coisa fica lá em casa.

Peixe: Eu fico com ele.- Afirmou.

Loiro: É um filho, não é qualquer coisa não.

peixe: Eu tô ligado, filho sempre foi meu sonho. Eu vou cuidar dele com todo amor, sempre quis ter com a vadia lá, mas deu em nada.

Peu: Seguinte, pega e leva lá pra casa, chegando lá decide. Tem que conversar com o menino primeiro.

Peixe: Jaé cara.- Abriu mó sorrisão e saiu.

Continuei anotando os nomes, quando terminei levei pra boca principal e fui com o loiro pra casa.

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