Fundo do poço

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- Sinistro! - Resmunguei após terminar de ler aquele post.
A pessoa que escreveu aquilo devia estar no fundo do poço ou queria fazer com que outras pessoas se sentissem no fundo do poço.

Meu olhar se fixou no nome no canto a direita do site "Rosalie Maran". Arrastei o ponteiro do mouse até o nome da garota e cliquei sob o mesmo. Uma conta de e-mail se abriu logo em seguida - o que não foi surpresa alguma -.

Demorados minutos se passaram enquanto eu pensava em algo saudável a dizer. Estava confuso, com medo e também um pouco nervoso por conversar com uma estranha sem saber oque me esperaria.

Digitei algumas palavras de encorajamento várias vezes e as apaguei logo em seguida. Aquilo estava parecendo com os textos em gifs que meus avós mandam no grupo de nossa família.

- Emett, quão burro você pode ser ao ponto de nem mesmo conseguir falar algo legal à uma garota ?!

Era óbvio que havia sido uma pergunta retórica, afinal eu estava sozinho e o relógio já marcava 00:00. Os raios de luz do luar já adentravam meu quarto fazendo com que não ficasse totalmente escuro.

Suspirei de uma forma pesada como se uma imensa bigorna tivesse sido depositada em meus ombros, e, deitei a cabeça no Rack de meu computador. Desejei não ter feito aquilo por que assim que minha cabeça se encontrou ao móvel um baque de madeira sendo atingida soou pelo cômodo e ouvi ruídos no quarto dos meus pais.

Levantei a cabeça com os olhos arregalados na direção da porta. Agora ouvindo passos vindos do corredor, me apressei colocando o computador no modo descanso e baguncei minha cama antes de me jogar sobre a mesma para fingir dormir.

- Droga!!

Murmurei para mim e me levantei apavorado e com bastante pressa. Meu pai podia ser velho o quanto fosse, mas não era burro nem um pouco. Corri até o computador e peguei uma de minhas caixinhas de som a deixando pendurada pelo cabo, como se ela tivesse caído do Rack.

Voltei para a cama as pressas, outro erro, talvez nem tanto, eu me remexia muito na cama, mas nada como aqueles estalos que a madeira de apoio deu.

Pra minha sorte fui rápido o suficiente. Pois assim que os ruídos cessaram, meu pai arreganhou a porta já soltando um de seus gritos.

- Eu não disse...

Se eu estivesse olhando, com toda certeza, a expressão de confusão no rosto do meu pai estaria nítida. Senti aqueles olhos saírem de cima de mim e então soube que ele estava encarando a caixinha pendurada.
Por favor engole... engole

Ouvi um resmungar em meio a um suspiro e algo parecido com um sorriso cansado.

- Esse moleque não toma jeito!

Senti meu pai beijar minha testa após colocar a caixinha em seu lugar.

Ele tinha razão, estava tarde. Pois assim que ouvi seus passos se afastarem de meu quarto, caí no sono.

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