Epílogo

2.5K 189 530
                                    

if you don't know where you're going, any road will take you there

Ao entrar, Millie quase foi derrubada por dois vultos peludos de 40 quilos pulando em cima dela. Era assim todas as noites quando chegava; seus cachorros a recepcionavam como se não a vissem há mais de um ano. Mas, naquele dia, ela tinha que dar crédito a eles. Ela não os via fazia quase um mês.

Ela colocou sua bolsa no cabide ao lado da porta, lotado de jaquetas, e abaixou para dar atenção aos cachorros ansiosos. A mais nova, Tasha, era uma labrador que Millie tinha adotado com Finn três anos antes. Na época, eles queriam dar um grande passo em seu relacionamento, e a palavra com c parecia demais, então ele teve essa ideia e ela concordou.

Uma música alta tocava vinda da cozinha, o que provava a presença de Finn na casa. Millie o encontrou de costas para ela, encostado na pia usando o celular enquanto esperava a comida ficar pronta. Ela ficou orgulhosa diante da cena. Ele não sabia fazer nada pouco tempo atrás, mas agora sabia se virar melhor do que ela.

Ela grudou seu corpo ao dele, e cobriu seus olhos com as mãos antes que ele pudesse reagir.

— Adivinha quem é.

— Iris? — ela pôde perceber, pelo sorriso em seu rosto, que ele falou esse nome para irritá-la. Ela o puxou pelos ombros e o envolveu em um beijo, rindo quando se afastou:

— Da próxima vez vai ser ela, e você vai beijar a garota errada.

Millie e Iris tinham se estranhado de primeira quando foram apresentadas, mas com o passar do tempo, talvez pela influência de Lilia, elas tinham aprendido a se gostar. Agora eram amigas bem próximas e passavam tanto tempo juntas quanto Millie e a própria Lilia.

— Da próxima vez, eu não vou deixar você ficar longe por uma semana — Finn puxou Millie pela cintura, grudando seu quadril ao dela. Ela passou os braços para trás do pescoço dele. — O que você estava pensando?

— Eu estava pensando — Millie afundou as mãos no cabelo de Finn, enrolando seus cachos. — que quando voltasse eu seria toda sua. Por um bom tempo.

Ele roçou os lábios nos dela, envolvendo-os em beijos mais uma vez. Os beijos de Finn tinham passado a ficar mais ternos e devagar ao longo dos anos, como se ele estivesse estudando o movimento da boca de Millie para sincronizá-la com a dele. Por ela, ele podia continuar com isso o quanto quisesse. O beijo dele sempre seria seu primeiro beijo, o único beijo para o qual ela sempre voltava. O único beijo que doze anos antes a fez levantar e dizer "beijar é uma droga!" e sair andando.

— Chegou uma caixa — ele se afastou para dizer.

— O que?

Ele a puxou pela mão e foi correndo até a sala, de uma maneira tão infantil que a fez rir. Os cachorros foram correndo com eles, Tasha à frente abanando o rabo, como se quisesse mostrar o caminho para Finn.

Eles pararam em frente à árvore de Natal, embaixo da qual estavam alguns presentes embrulhados, mas se destacava uma caixa de papelão de tamanho médio. Millie a pegou, mas estava surpreendentemente leve. Havia uma etiqueta endereçando a casa, no nome dela e de Finn.

Ela sentou no sofá, tirando os sapatos para colocar os pés sobre o móvel. Finn sentou ao seu lado, e Tasha se enfiou no pouco espaço entre eles. Ela fechou os olhos e foi entortando a cabeça conforme a mão de Finn fazia carinho nela.

wonderland  |  stranger thingsWhere stories live. Discover now