Capítulo 35

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KATE


Passei a mão na testa limpando o suor que escorria sem parar e olhei em volta. Ainda faltava muito, e olha que a minha sala parecia uma zona de guerra feita por caixas de papelão. Sobre o sofá os plásticos bolhas se amontoavam, sobre a mesa de centro, as fitas adesivas e as etiquetas para identificar tudo. O desânimo aumentava só ao pensar que, tinha empacotado apenas metade das coisas da sala.

Ia morrer até terminar tudo.

Pondo as mãos na cintura, fechei os olhos e soltei um resmungo alto. Adoraria ter uma fada madrinha para me ajudar, mas a trabalheira ia sobrar pra diaba mesmo.

Que ótimo.

E como não havia mágica para resolver a confusão desordenada que tomava conta da casa, prendi o cabelo que se soltava do rabo de cavalo e andei até onde tinha deixado todos os porta retratos. Sentando no chão, os coloquei à minha frente e puxei uma caixa para guardá-los. O processo se repetia, envolvê-los com o plástico algumas vezes para garantir que sobrevivessem à viagem, prender bem com a fita e pronto, caixa. Tinha ocupado um terço da caixa quando ouvi um soco na porta. Pensei um milhão de vezes se levantava ou não, atender a campainha não era o meu hobby favorito. Mas mesmo contra a vontade, lá estava eu, me arrastando em meio ao caos para receber o dito cujo.

— Ufa, pensei que ia me deixar aqui — Nina não esperou que eu respondesse, simplesmente me empurrou com o quadril e passou por mim, tendo várias sacolas penduradas nos braços, aumentando ainda mais a zona que me rodeava.

— E o que seria tudo isso aí? — perguntei apontando para ela após fechar a porta. Jogando o que segurava sobre a cadeira, deslizou a alça da bolsa do ombro e a deixou de qualquer jeito onde caiu.

— Essa sou eu te ajudando a se mudar. Esperava que eu fosse deixar a minha melhor amiga fazer "a" mudança da vida dela sem a minha presença?

— Agradeço, mas não devia estar trabalhando? — fitei o relógio na parede, vendo que ainda era nove e meia da manhã — A parte diurna costuma ser a mais complicada por causa dos seus alunos mais velhos.

— Ekaterina, aqueles velhinhos não precisam de mim. Como se não estivessem cansados de saber que só precisam mirar, apertar e pronto. Apesar de achar legal que em vez de fazer terapia de casal eles atirem pensando que a cabeça do outro é o alvo, a minha amiga aqui é mais importante que isso. Até porque não é todo dia que um míssil americano aparece nas nossas vidas querendo que nós sejamos as donas das suas contas bancárias.

— Diz isso porque tem dois agora na sua — cruzei os braços, arqueando as sobrancelhas para ela que não demonstrava sinal de estar ligando à mínima. — E olha que nem me contou exatamente o que aconteceu entre vocês.

Insisti, na esperança de fazê-la abrir a boca. Esperava que Nina corresse para me contar os detalhes mais sórdidos da noite que teve com Nathan e Miguel, mas para a minha surpresa, nenhuma palavra, menção, descrição, ou até mesmo se foi bom ou não.

— Já te disse que não abrirei a boca sobre esse assunto — falou com o nariz empinado. — Pelo menos não até que você use todas as calcinhas comestíveis que comprou. Eu acredito que seja uma troca justíssima. Faça com que Dylan tenha uma overdose de morango industrializado que digo palavra a palavra o que aconteceu comigo e os meninos.

— Nina... — sim, dei uma de Natasha e fiz beicinho, por favor, era quase uma necessidade de sobrevivência descobrir como tinha sido, não por causa dela, mas por causa de Nathan, só ao imaginar ele e ela eu começava a rir, fora que nunca participei de um ménage, então a curiosidade redobrava — por favor, só conte se rolou com os dois ao mesmo tempo.

SEDUÇÃO FATAL [HIATO]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora