Capítulo 20

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KATE

— Me desculpa... — foi o que Nina conseguiu falar depois de perceber o que tinha feito. O leve rubor que começou em suas bochechas havia se espalhado pelo rosto inteiro. Sua pele era tão pálida que a vermelhidão a deixou parecendo um tomate.

Sabia que ela não tinha dito por mal. Nina gostava de falar. Muito. Não importando quem fosse e o assunto que fosse. Era o jeito dela, fazer o que? Inocente fui eu por pensar que mesmo sem querer ela não soltaria a verdade. Do jeito que estava tão próxima de Nathan, seria apenas uma questão de tempo.

Repuxei os lábios e suspirei. Não adiantaria de nada negar. Não que eu quisesse negar a existência da Natasha, mas eu tinha os meus motivos. Jamais permitiria que ela fosse machucada ainda mais. Suas constantes indagações sobre quem era o seu pai fazia com que qualquer homem diferente que se aproximasse despertasse a sua curiosidade.

Ao contrário do que me aconselharam – minha mãe inclusa –, não menti sobre ele. Mas também não expliquei tudo. Eram problemas complexos demais para uma criança. Meu papel era evitar que ela se decepcionasse. Por isso nunca a apresentei a ninguém. Contei que existiu uma pessoa que me ajudou a trazê-la para o mundo, mas que ele não faria parte das nossas vidas.

Natasha tinha grande expectativa de que essa tal pessoa que ela julgava ser especial aparecesse um dia.

Eu não.

— Mas ele vai aparecer um dia, não vai mamãe? — deitada sobre sua cama, com os fios compridos e brilhosos emoldurando seu rosto esperançoso, apertando o lençol florido entre os dedos, perguntou fazendo aquela carinha sapeca de quando queria descobrir algo.

Deixei o ar escapar pela boca e toquei em seu rosto.

— Provavelmente não, meu amor — neguei, dando um sorriso mínimo, tentando assim disfarçar a realidade.

— Por quê? Ele não gosta de mim? — a vozinha baixa, chorosa, os olhos claros se enchendo de lágrimas por alguém que não as merecia, muito menos o desejo da sua presença.

Ouvir aquilo não somente machucava como também me enchia ódio pelo que ele tinha feito. Nem o seu nome eu daria o prazer de falar. Minha vontade era esquecer. Só que para a minha eterna revolta, Natasha se parecia com ele. Às vezes quando me olhava de rabo de olho ou então quando os furinhos nas bochechas apareciam ao sorrir, eu o via diante de mim.

— Que? Como assim? — exasperada, a peguei no colo e a abracei forte — Por que disse isso?

Meu coração dava sinais de que aquilo não terminaria bem.

— Se ele gostasse, estaria aqui comigo. Todos os meus colegas da escola tem um papai, menos eu... balbuciou entre o choro que caía nos meus ombros.

Apertei os olhos. Meu choro querendo escapar também.

— Eu te amo, isso não conta?

— Eu sei mamãe, mas e ele? — enfiando o rosto no meu pescoço, apertou-me em seus braços enquanto tremia.

Natasha chorava de soluçar. Sacolejando cada vez que as lágrimas explodiam com mais intensidade. Engolindo meu orgulho e minha dor, beijei sua cabeça e acariciei suas costas novamente antes de falar aquilo que talvez levasse tranquilidade aos seus pensamentos de abandono.

— Claro que ele te ama... — sussurrei, escondendo com maestria a mentira — ele sempre te amou e sempre vai te amar.

— Kate... — Nathan pediu. — Kate, por favor, olha pra mim.

SEDUÇÃO FATAL [HIATO]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora