Olá, me chamo Richard e essa desgraça aí é minha vida

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Mais um dia solitário em casa. Como sempre, minha mãe trabalhando o dia todo pra manter a casa e eu, jogado no sofá vendo um dos melhores animes já feito, Naruto. Posso ser considerado o que muitos chamam de geek, ou até mesmo um otaku (pra você que não sabe o que é um otaku, é como se diz adolescente desocupado em japonês).
Hoje tive uma missão, é assim que minha mãe chama minhas obrigações pra parecer menos desagradável, eu tinha que passar na mercearia na esquina para comprar os componentes do café da manhã de amanhã.
Já era quase 18:00, o tempo estava fechado e o sofá estava me segurando, a única coisa que fez eu conseguir me levantar foi lembrar que amanhã não teria café se eu não fosse logo, já que a mercearia fecharia exatamente às 18:00. Vesti uma calça, peguei a grana e corri o mais rápido que eu pude, nem me lembro se eu tranquei a porta, foi só eu sair de casa que o tempo fechado mudou para tempo de dilúvio.
Minha vida era a própria caçamba de lixo, não trabalhava, não namorava, eu estava só existindo e até disso já tava de saco cheio. Todo mundo só se ferra, até quem acha que não se ferra é um ferrado, qual o sentido de trabalhar a vida toda e se aposentar prestes a morrer? Em que parte se aproveita a vida? Isso se você não for morto no meio do caminho é claro, mas voltando ao desastre que eu chamo de meu dia, à essa altura eu já estava encharcado, mas felizmente o dono da mercearia, o Sr. Cláudio, me reconheceu e segurou o portão.

- Eaeee Richard, teve sorte eu já tava fechando!

E lá estava eu, um adolescente alto, negro, magro com o cabelo cacheado escorrendo sobre a testa por estar molhado da chuva, e claro, com um bigodinho que pra mim era muito charmoso, mas eu não podia falar pelo resto da sociedade. Nunca fui um exemplo de adolescente sociável, como sempre só acenei com a cabeça e entrei, mas estranho do que eu só o raio vermelho que refletiu até na careca do Sr. Cláudio e fez até os postes tremerem, e o fato da previsão não ter falado nada de chuva pra hoje é claro, mas o que realmente importava era que eu consegui concluir a missão, consegui chegar a tempo e meu café da manhã já estava salvo.

As Crônicas De Richard Brenner: Os Cristais CelestesOnde as histórias ganham vida. Descobre agora