Capítulo 3

1.7K 285 71
                                    

A cadeira automática ficou encarando-o de um dos cantos da sala durante vários dias. Até mesmo Mukmool estava encontrando nela um grande centro recreativo, se é que as suas patinhas pequenas tivessem a permitido chegar mais alto. Margaridas brancas que eram deixadas pelo síndico e encontradas ao lado de sua porta eram deixadas junto ao objeto, decorando-a. Kyungsoo não teve coragem de colocar o segundo ramo. Porque aos poucos, sentia que estava cedendo e se odiava por isso.

Porém, houve um dia em que não foi o síndico que estava do outro lado da porta: O moreno estava atrás do ramo de margaridas e sorriu suavemente, um pouco envergonhado.

— Eu vim te ajudar com Mukmool... — disse devagar, o suéter branco destacava melhor a sua pele morena e seu cabelo cor de chocolate, ocultando parcialmente os seus olhos ao baixar o olhar. Era uma visão quase etérea e Kyungsoo desviou seu olhar um pouco irritado porque Jongin havia visto mais partes dele do que gostaria, continuando a bater na maldita porta, apesar de tudo. E também, estava irritado consigo mesmo por não bater a mesma em seu nariz. Tampouco pôde responder porque havia três filhotes de cachorro aos seus pés, cada um com sua coleira, balançando suas caudas e esperando as instruções de seu dono. Estes agitaram-se ainda mais rápido diante da sua presença atrás da porta, olhando-o. Eram de três cores: mocha, branco e cinza. E antes que Kyungsoo pudesse dizer alguma coisa, seu coração derretido pelos cães foi arrebatado por sua pequena Mukmool, que saiu ao encontro das mascotes cheirando-as de cima a baixo sob a atenção dos dois rapazes, para em seguida, com um pequeno movimento de rabo, começar a dar pequenos pulinhos que os outros cachorros responderam animados movimentando suas caudas. Isso fez Kyungsoo sorrir largo diante da interação dos cãezinhos. E em seguida veio a risada infantil de Jongin, que o fez erguer o olhar para ele. Seu vizinho estava o encarando intensamente, com um sorriso que o congelou.

— Vamos sair... Com os cachorros, digo — mordeu o lábio em expectativa.

— Jongin... — o cenho de Kyungsoo ameaçava franzir suavemente, ao qual o moreno o parou com seu indicador.

— Vamos sair para passear e você vai na cadeira automática. Se você não gostar, eu juro que a levo embora da sua vida e não volto a te incomodar... — deslizou seu dedo pelo nariz de Kyungsoo e para baixo, deixando-o perplexo. Um toque suave, pequeno, carinhoso. Ele tinha perdido a conta da última vez que o tinham tocado assim. Considerou as possibilidades de sentar-se naquela cadeira, tomar um ar fresco, estar acompanhado... Ver Mukmool correndo pelo jardim...

— Ok... — murmurou, fazendo com que o moreninho comemorasse em alta voz. Todos os cães latiram ao redor dele, o que provocou a sua risada infantil. Kyungsoo afastou-se para um lado para deixar Jongin e o filhotes passarem, enquanto começava a andar em sua própria cadeira para o centro da sala. Jongin apenas aproximou a cadeira automática para o seu lado e lhe estendeu os braços, esperando. Kyungsoo o olhava nitidamente, mas sabia que não podia reclamar, uma vez que havia aceitado a proposta, e com isso, permitiu que esse moreno de cabelo cor de chocolate o acomodasse com sumo cuidado na estrutura da cadeira e lhe indicasse os comandos para fazê-la funcionar. Iria. E poderia seguir a sua vida em paz. Quem sabe o tipo de olhar Kyungsoo lhe estava dando pensando nele, porque este fez Jongin parar para abrir um pouco os olhos minguantes, surpresos, e em seguida sorrir com uma enorme ingenuidade.

— Não vai acontecer nada Kyungsoo... As rodas e a estrutura são suficientemente grandes para não virar ao pegar velocidade. E os freios são fortes. Conheço um pouco delas... — baixou o olhar, tímido.

— Posso... perguntar por quê? — a voz de Kyungsoo era suave também, porque sentia que estava entrando em um terreno íntimo do qual já não poderia sair.

— Dança Combinada... — Jongin simplesmente responde terminando de assegurá-lo. — Às vezes, eu ensino crianças e jovens com deficiência, preparando coreografias... — Colocou uma coleira em Mukmool, que já estava balançando o rabo inteiro de maneira muito animada. — Você leva ela.

O Dia Depois da Minha Morte [TRADUÇÃO PT-BR]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora