Capítulo 8 - De onde os anjos vêm?

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A noite foi longa. O barulho do trem parecia ter impregnado no meu cérebro e eu havia descoberto que os dois homens tinham hábitos noturnos. Eu não sei ao certo o que eles ficaram fazendo a noite inteira, mas eles gritaram. Riram. Provavelmente beberam.

Graças a Deus que não estávamos em um carro, se aqueles dois tivessem que dirigir algo de verdade, provavelmente espatifariam o carro na primeira árvore que tivesse os galhos secos.

Tyller, para a minha surpresa, não roncava. O que me deixou muito feliz.

Quando abri meus olhos a primeira coisa que enxerguei foi o menino adormecido, sua mão estava apoiada sobre meu braço como se ele precisasse de algum contato físico para conseguir dormir. Eu conseguia sentir o calor do seu corpo no ponto onde sua mão tocava, era o único lugar do meu corpo que não estava sentindo frio.

Que horas devem ser? Minha cabeça parece não ter desligado um momento se quer durante toda a noite, e agora que os primeiros raios de sol tocavam o trem, ela parecia ter entrado em um estado caótico de pensamentos.

Olho para Tyller. Me lembro de uma criança do Instituto. Christtian, o nome era Christtian, as primeiras semanas dele no Instituto foram difíceis, ele não conseguia se adaptar e, frequentemente, dormia sobre as carteiras.

Tão sereno dormindo, uma peste quando acordado.


Você pode me chamar de egoísta, mas se eu não conseguia dormir, também não deixaria Tyller ficar dormindo ao meu lado.

-Hey Bela Adormecida,- Falei cutucando a cabeça dele. -Hora de acordar.

Tudo que ele disse foi:

-Hmmmm...

Bom, não sei realmente se aquilo poderia ser considerado uma fala, estava mais para um gemido.

-Acorda Tyller, o sol já nasceu!

-Jen devem ser 6 da manhã.- Tyller falou erguendo a cabeça.

-E...?- Continuei batendo na cabeça dele. -Acorda, preciso de alguém para tomar café da manhã comigo.

-Nem temos café!- Ele falou virando a cabeça para outro lado, e voltando a dormir.

OK! Pensei comigo mesma. Se ele não queria comer, pois então que não comesse. Eu iria comer minhas barras de cereal deliciosas, e ele que passasse fome.

Andei até a minha mochila e peguei uma barra de cereal. Abri a embalagem e comecei a mastigar. Eu não sei se era porque eu estava com fome, mas aquela barra parecia melhor que o normal.

Sentei-me na beirada da porta aberta do trem, fiquei vendo a paisagem passar sobre meus pés enquanto eu saboreava a barra de cereal.

-Lindo não é?- Uma voz fez-me dar um pulo de susto.

Olhei para todos os cantos mas não vi ninguém, até que virei meus olhos para cima.

Sentado em cima do trem estava, nada mais nada menos que, um anjo.

Eu nunca tinha visto nada assim, não fazia ideia  do quão grande anjos poderiam ser.

Aquele anjo em especial parecia enorme, tinha as asas abaixadas de forma que a sua resistência com o vento diminuísse, elas formavam uma concha ao redor dele, uma concha dourada que escondia grande parte das suas vestimentas.

Seus cabelos não eram loiros como eu havia imaginado. Ele tinha cabelos ruivos e seus olhos eram de um azul cintilante, daqueles que você reconheceria como azul mesmo no escuro.

Anjos Noturnos - Asas IndomáveisWhere stories live. Discover now