Capítulo 11

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Dois dias depois Micaela estava sentada no sofá tentando descansar depois de um dia inteiro de trabalho, quando a campainha tocou. Ao abrir a porta se deparou com Nicolas vestido da maneira mais casual possível, e duvidava que ele estivesse gostando de usar aquelas camisa jeans por cima da camiseta branca.

Ele não esperou que ela dissesse alguma coisa, simplesmente enfiou a mão no bolso da calça e de lá tirou o colar de ônix que ela havia perdido. Micaela prendeu a respiração e se controlou para não se jogar em cima dela e abraça-lo. Ninguém poderia saber o quanto aquele colar significava para ela. Mas ao invés de fazer isso, ela simplesmente ficou parada encarando-o, nem sequer pegou o colar.

-- Não vai pegar? – Perguntou ele.

-- Eu só espero que não esteja tentando me comprar. Não sou como aqueles imundos.

Nicolas suspirou, abaixou a cabeça e depois voltou a encara-la.

-- Não estou tentando te comprar, eu só.... Será que podemos conversar direito dessa vez? Pode ser aqui fora mesmo.

Ela fechou a porta atrás de si e se sentou nos degraus da escada de madeira da varanda, e Nicolas fez o mesmo. Logo ele começou:

-- Primeiro eu quero reforçar que não estou aqui para compra-la e que reconheço o quanto fui um cretino. Eu não espero que entenda agora o que passei e ainda passo, mas.... Quero te pedir perdão. Sei que nem se passasse um milhão de anos repetindo que me perdoasse apagaria o que eu fiz. Fui egoísta e tolo. Pensei somente na minha situação e não no que você pensava e sentia. Não quero que passe por isso novamente como aconteceu há cinco anos. Não que se sinta uma moeda de troca....

Apesar de ele pensar que não, Micaela o entendia. Agora com a cabeça fria, pensara melhor e refletira que fora uma das maiores vítimas de tudo o que aconteceu, não tinha culpa do seu pai ter cedido, da sujeira dos parlamentares e estava em tamanho desespero que sequer raciocinava direito. Além da pressão de aguentar tudo sozinho. Ainda assim, havia algo que a incomodava.

-- Me perdoa.... – Repetia ele – Não irá dizer nada?

Micaela deu de ombros e respondeu:

-- Já disse tudo o que tinha para dizer. Só ainda me incomoda você carregar isso sozinho. Por que nunca contou nada a ninguém? Por que só eu sei disso?

-- Porque sinto necessidade de dizer tudo a você! Não consigo esconder, não consigo mentir para você, Micaela. Eu não sei que influência você tem sobre mim, mas simplesmente preciso te contar tudo.... Eu não poderia contar para minha mãe, ela já se preocupa demais com a saúde do meu pai e com meu irmão que é apenas uma criança. Meu pai eu nem preciso dizer.... E o Marcos.... Eu ficaria extremamente envergonhado de contar o covarde que fui. Ele pode ter me criado, mas não sei se consigo contar isso a ele. É como um segundo pai para mim, e se ele soubesse.... – Ele apoiou os braços na perna e colocou a cabeça entre a mãos.

-- Não foi culpa sua! Você não começou isso. – Disse Micaela colocando a mão em seu ombro.

-- Mas fui omisso! – Disse ele levantando a cabeça e a encarando – Eu só tenho você. E sabe como é difícil para mim admitir isso. Sou orgulhoso, cabeça dura!

-- Eu sei. E eu estou aqui!

Eles se encararam por um momento que parecia ter durado uma eternidade. Quebrando o silêncio Nicolas ergueu o colar novamente e disse:

-- Acho que perdeu isso.

Dessa vez Micaela pegou-o rapidamente e o passou pelo pescoço.

-- Como o encontrou?

Outra vez e de novo. #1 (VERSÃO REVISADA DISPONÍVEL NA AMAZON)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora