Capitulo 10 - Jota (origem)

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João Pedro, Jota, sempre teve tudo que o dinheiro poderia proporcionar. Nunca precisou sequer pedir nada para os pais, que supriam suas necessidades antes mesmo dele sentir. Era óbvio que isso se tratava de uma tentativa de compensar a ausência constante dos dois em casa, visto que viviam trabalhando. Jota passava a maior parte do tempo sozinho com os serventes, lendo quadrinhos e livros.

Mas o rapaz nunca criticou seus pais, na verdade ele os admirava. Sempre pensou que o trabalho que eles faziam deveria ser importante o bastante para ter de abrir mão do tempo que passavam juntos. Vez ou outra eles faziam uma viagem em família, onde os dois deixavam de ser Sr. e Sra. Prado, advogados renomados, para se tornarem apenas Moisés e Cristina, pais de João.

No colégio, Jota sempre se destacava. Era o mais inteligente, o mais popular, atlético, bonito e carismático. Todas as meninas - e alguns meninos - queriam ser notados por ele. Ainda assim, ele nunca se interessou muito em assuntos de namoro. Sua prioridade sempre fora estudar. Nina era a única pessoa que não o tratava como se fosse algum tipo de referência ou exemplo de ser humano, talvez por conhecê-lo a muito tempo.

Certo dia, já no segundo ano do ensino médio, Jota já havia lido tudo que tinha em casa, então resolveu mexer nos arquivos dos pais. Lá encontrou vários casos que o chocaram. Assim ele foi se surpreendendo com a perversidade humana a cada inquérito, até que percebeu algo.

Em alguns casos de vários anos atrás havia um termo que se repetia constantemente. “Vanguarda Ativista”. Aparentemente, havia um grupo organizado de ativistas que sofreram perseguição política até sumirem do mapa. Isso chamou a atenção do jovem, que viu na Vanguarda uma oportunidade de fazer alguma diferença positiva neste mundo desumano que Jota havia recentemente aberto os olhos.

Assim ele buscou e investigou até achar um integrante antigo do antigo grupo. O senhor contou que a Vanguarda não havia acabado, mas que era apenas uma sombra do que era antes. Onde os jovens, boa parte filhos dos antigos participantes, se reuniam para fazer arte e algumas intervenções na cidade, nada além disso.

De fato, quando Jota pensou bem, lembrou que em seu colégio, em praças e tantos outros lugares havia uma marca que se repetia nas pichações. Um símbolo parecido com o da moeda japonesa iene. Jota encontrou o galpão na Floresta-Vazia e lá conheceu os remanescentes da Vanguarda.

Mais ou menos um ano depois o jovem já era o líder da recém (re)formada Vanguarda Jovem Colorista. Um resgate às raízes políticas do grupo, mas com uma nova abordagem. Jota propôs a fusão de esportes radicais, ativismo e arte, que logo se tornou popular entre os adolescentes de Chora-rios. Em pouco tempo já havia mais que o dobro de pessoas, de várias partes da cidades, a maioria estudantes, participando da Vanguarda.

Chora-rios: Os Vangues (em andamento)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora