— Melhor fazer o que mandei, ou eu juro que caço você até no inferno seu imbecil! — Grito antes de ajeitar meu penteado e sair da porta da frente. Eu sou seguida pela Kylie e pelo Thomas que correm logo atrás de mim.

— Arrasou, garota! — Kylie sorri batendo minha mão com a sua. Nós duas gargalhamos.

— Eu sei ser perversa quando quero.

— Você é louca, Nathalie! — Thomas tentou conter a sua risada, mas no fim não aguentou.

— Faço tudo para proteger quem eu amo. — Sorrio. — Falando nisso, onde está a Julieta? — Pergunto olhando para todos os lados.

— Estou aqui! — Ela aparece com um sorriso fraco em seu rosto. Conheço muito bem a minha irmã para saber que ela está contendo as lágrimas. Estou com dó, e olha que isso é bem raro de acontecer. — Podemos ir logo para o hotel? — Ela sussurra.

— É claro, Julieta. Está tudo bem com você? Aconteceu alguma coisa? — O Thomas passa o seu braço pelo ombro da minha irmã. Ela o abraça. Consigo ver em seus olhos as lágrimas caindo.

— Eu...só quero ir para casa.

[...]

Depois de pegarmos um táxi e finalmente chegarmos na entrada do hotel eu sorrio aliviada, mas esse meu sorriso morre na mesma hora quando infelizmente a primeira coisa que eu vejo quando coloco os meus pés na recepção é o Matthew conversando com uma ruiva em uma das mesas. Para mim isso não é um problema já que eles só estão conversando, mas como eu sei que a minha irmã é bem dramática, essa situação para ela será com toda certeza o fim do mundo.

Lembro quando ela era pequena e a nossa tartaruga, Beyoncé Fields, que tínhamos ganhado naquela mesma semana, fugiu. Julieta fez um drama surpreendente. A cidade toda ficou tocada com a situação. A minha irmã manipulou a cabeça de todo mundo. Julieta ficou duas semanas inteiras trancada no quarto chorando. Essa história foi parar no Jornal da nossa cidade. Foi um vexame, mas no final conseguiram achar a tartaruga, mas infelizmente a pobre Beyoncé estava morta. Não contamos isso para a Julieta até hoje. É capaz da coitada morrer de ataque cardíaco.

Corro de volta para a entrada do hotel e puxo o Thomas para o canto.

— Pelo bem das nossas vidas, não deixe a Julieta entrar no hotel.

— Por que?

— Não tenho tempo de te explicar agora. Só não deixe ela entrar dentro desse maldito hotel.

— Por que?

— Só cala à boca, Thomas.

— Por que?

— Você está me irritando.

— O que eu estou fazendo?

— Repetindo a mesma palavra toda hora.

— E isso é um problema?

— Sim. Isso irrita.

— Que dó! — Ele aperta as minhas bochechas. — Eu adoro te irritar!

— Você é tão imaturo, Thomas. Acho que esse foi um dos motivos para nós termos terminado também.

— Não. O motivo para nós termos terminado foi a sua indiferença.

— Você foi o maior culpado! — Grito perdendo a paciência. — Eu tenho a certeza de que se eu quisesse você voltaria correndo para mim.

— Há poucos dias atrás VOCÊ que estava correndo atrás de mim. Tenho certeza de que se eu quisesse VOCÊ voltaria correndo.

Gargalho.

— Duvido muito.

— Quer pagar para ver? — Ele sorri maliciosamente se aproximando cada vez mais, quando me vejo sem mais nenhuma escapatória Thomas me prensa na parede. Consigo sentir o cheiro forte do seu perfume por conta da nossa proximidade. Ele gargalha se afastando. — As suas mãos trêmulas já te entregaram, Nathalie. Eu sei que você quer essa gostosura aqui. — Ele aponta para si mesmo enquanto dá uma giradinha e tenta, numa tentativa super falha, fazer uma dancinha sexy.

Eu gargalho da sua inocência. Essa dança está péssima.

— Você parece o Johnny August dançando. Nós estudamos juntos na sétima série.

— Então ele dançava muito bem.

— Ao contrário. Ele foi parar no hospital porque estava dançando e a professora achou que ele estava tendo uma convulsão. Foi impagável. Tenho certeza que essa memória nunca será apagada da minha mente. Eram bons tempos. — Suspiro e ganho um leve empurro do Thomas que acaba não conseguindo conter a sua gargalhada alta e contagiante assim como eu.

— Fazemos um ótimo trabalho como ex namorados. — Digo, sorrindo.

— Nisso eu tenho que concordar.

Suspiramos juntos. Encosto a minha cabeça no seu ombro e ele me abraça durante alguns segundos. Nós somos assim, batemos portas, brigamos e irritamos um ao outro, mas no final sempre fazemos várias piadas com tudo isso e superamos.

— MEU DEUS A JULIETA! — Grito dando um pulo alto e correndo até a recepção com o Thomas logo atrás de mim. Assim que entramos vemos o Matthew e a Julieta discutindo e a Kylie só observando sentada com um saco de biscoitos na mão. Matthew e Julieta parecem estar bem bravos e estressados, o clima fica tão pesado e constrangedor que os dois vão para o elevador e somem da nossa vista. Com toda a certeza eles devem ter ido para um dos quartos pra continuar essa discussão.

[...]

Eu estava certa.

São três horas da manhã e eu não consigo dormir por conta do grande falatório que está vindo do quarto ao lado, ou seja, o da minha irmã. Eles estão discutindo já deve fazer umas duas horas.

Estou deitada na minha cama quentinha esperando isso acabar. Infelizmente parece não ter fim.

Julieta e Matthew ainda tem muito o que resolver e conversar.

Eu só espero que isso não destrua a amizade e o namoro dos dois.

60 dias com eles Where stories live. Discover now