— Sou Kim Junmyeon, advogado e amigo de Kyungsoo — devolveu o cumprimento e contemplou o rapaz sentado na cadeira de rodas que acariciava a cachorra adormecida em seu colo. — Ela tinha fugido?

— Sim... — Jongin respondeu. — Eu a encontrei no corredor, mas agora, ela já está de volta ao seu lar. — Mencionou o último com o olhar fixo no rapaz de olhos grandes, para em seguida, aproximar-se da porta de saída voltando a inclinar-se num gesto de despedida. — Se me desculpam, tenho meus próprios cães para atender... Foi um prazer conhecê-los. — E saiu, deixando os dois homens olhando-o pasmos.

— O que foi isso? — Junmyeon interrogou Kyungsoo, que concentrava seu olhar em Mukmool.

— Nada... Não foi absolutamente nada.


💭


Se Kyungsoo pensou que a história com o vizinho tinha acabado, pois se enganou completamente: Jongin começou a frequentar a sua casa continuamente, perguntando por Mukmool e pela sua saúde. No começo, o moreno não passava da porta principal, um pouco pela raiva por ele não ter aceitado a cadelinha e o outro pouco era porque Kyungsoo ainda estava envergonhado pelo seu acidente e como quase Jongin o resgatou de uma vida no chão. Suas respostas curtas e grossas sempre eram interrompidas pelo latido animado de Mukmool, como se adorasse o seu vizinho, mas não o suficiente a ponto de ir com ele. Jongin começou a ganhar entrada para o apartamento em troca de bolinhos, pó de café e comida feita em casa, já que ao que parece, notou a frequência de vindas do delivery a casa de Kyungsoo e dizia que a comida feita em casa nunca era ruim, a não ser se fosse a sua mãe quem a fazia. O rosto compungido de Kyungsoo lhe deu a entender que ele havia dito algo errado, e o outro apenas soltou com uma voz sombria e solitária que ele não teve mãe porque a perdeu muito jovem.

Foi a primeira informação íntima que Kyungsoo compartilhou com alguém fora Junmyeon.

Jongin estava cada vez mais próximo e não se incomodava com os gestos frios e secos de Kyungsoo. Ele sempre chegava com um sorriso, guloseimas para ele e Mukmool, como também oferecia-se para levá-la ao veterinário ou ao pet shop animava-o para que o acompanhasse, pedido o qual Kyungsoo se negava rotundamente. Jongin contava detalhes de sua vida sem que fosse pedido, como por exemplo, que era professor de dança em uma academia para crianças a partir de três anos. Isto deu a Kyungsoo mais motivos para odiá-lo, porque agora entendia a fodida e eterna paciência que ele parecia ter, e o fato de que dançava. Kyungsoo imaginava-o com o mesmo sorriso que lhe deu quando contava sobre o seu trabalho, enquanto flutuava pelo ar em um salão espelhado. Foi uma imagem tão clara e vívida que lhe causou um pouco de dor, não porque o outro rapaz pudesse fazê-lo, mas sim pela angústia por si mesmo. Kyungsoo não lembra a última vez que dançou, muito menos a última vez que pôde estar sobre os seus próprios pés. Jongin era o epítome de tudo o que ele não era e jamais seria: o completo pólo oposto e isso despertava sentimentos encontrados nele. E o irritava que o outro não parecesse se dar conta disso, e quisesse levá-lo até o limite, incluindo a sua vida.

Um dia, Jongin ofereceu para levá-lo ao veterinário de Mukmool, e como sempre o fazia, Kyungsoo se negou, dando-lhe a mesma resposta de sempre. Mas desta vez, o moreno não cedeu em suas insistências e prontamente pegou a cadeira de rodas, levando-o para a saída do apartamento. Os gritos de raiva de Kyungsoo e as tentativas se segurar a cadeira de rodas com as mãos fizeram com que elas acabassem com uma dolorosa rigidez que torceu dolorosamente os seus pulsos fazendo-o gritar de dor que fez com que Jongin parasse e voltasse a olhá-lo, com pressa e angústia nos olhos. Porém, a visão do garoto na cadeira o desestabilizou completamente fazendo-o arquejar de medo e começar a sacudi-lo para tentar fazê-lo reagir. Kyungsoo não fazia nada. Seus braços estavam rigidamente dobrados, suas mãos em uma posição estranha com os pulsos dobrados, seu rosto em uma careta contraída pela dor e seus olhos fechados, como se estivesse dolorosamente adormecido.

O Dia Depois da Minha Morte [TRADUÇÃO PT-BR]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora