CAP 11 - Não Pode Ser

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Nossa jornada está chegando ao fim; fique agora com o penúltimo capítulo.
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ACONTECIA NAQUELA MANHÃ UMA HOMENAGEM ÀS VÍTIMAS DO ATAQUE QUE MATOU VÁRIAS PESSOAS. A AVENIDA DOS AMERICANOS ESTAVA REPLETA DE FLORES, CARTAZES, VELAS E FOTOS DOS FALECIDOS. LUCAS PASSOU POR ALI E LEMBROU DO CAOS QUE FOI. NO DIA ELE NÃO PAROU PARA VER, MAS OS AMIGOS LHE CONTARAM O SUFOCO QUE TINHAM PASSADO.

DO OUTRO LADO BERENICE DIRIGE ATÉ O CONSULTÓRIO NA COMPANHIA DE LUIZA.

- Tchau, amiga. Boa aula! - Desejou Berenice.
- Tchau, amiga. Valeu pela carona... não esconde nada da psicóloga.
- Claro que não vou esconder, Luiza. Vai logo assistir tua aula. - Ordenou Berenice fechando a porta.

CHEGANDO AO CONSULTÓRIO DA PSICÓLOGA JHÉORDIA, UMA NEGRA MUITO BELA, DE PELE MACIA E CABELO ENTRANÇADO, BERENICE DEU INÍCIO A TERAPIA.

- Eu sinto um vazio dentro de mim. É como se faltasse algo... Parece que tiraram parte de mim.
- Eu sei como se sente, sua amiga fazia parte da sua vida e subitamente, tiraram ela de você.
- Sim. Eu ainda sinto como se ela estivesse viva. Eu cheguei a vê-la. Fiquei apavorada. Mas foi só uma vez.
- Como se tivesse uma psicose por instante... você estava em um estado de ilusão, mas como se sente agora, Berenice?
- Eu estou mais calma, estou feliz que pela tarde vou começar a trabalhar, mas ainda sinto falta da minha Tamar.
- Essa falta você vai sentir por muito tempo ou para sempre, só não pode deixar que essa falta impeça você de viver a sua vida. Você é muito nova, tem que seguir em frente e esse emprego vai ser ótimo.
- É, vai mesmo. Eu sei que minha amiga está no céu. Ela era uma pessoa temente a Deus, uma boa filha, uma boa amiga. - Berenice disse entristecendo-se no final da frase.
- Eu vou lhe dar algumas dicas de como superar essa perda... e as futuras perdas. - Disse Jhéordia deixando Berenice pensativa sobre as futuras perdas.

BERENICE SAIU DE LÁ SATISFEITA. TEVE QUE VOLTAR DE ÔNIBUS, POIS O PAI JÁ TINHA IDO TRABALHAR.

NA CASA DE DONA FILOMENA, ANASTÁCIA CONTAVA O QUE LUCAS DISSE QUE IRIA FAZER. OS AVÓS DO RAPAZ FICARAM HORRORIZADOS, TANTO QUE DONA FILOMENA PASSOU MAL.

- Eu sinto muito, seu Marinado. Se eu soubesse não contava nada... o Lucas ainda me avisou.
- Minha filha, você fez o certo. Ele não tem nada que nos esconder as coisas. Não se preocupe, Filomena vai ficar bem logo logo.

ANASTÁCIA SAIU DE LÁ PREOCUPADA, MAS TIROU UM PESO DA CONSCIÊNCIA. QUANDO VOLTAVA, ENCONTROU BERENICE QUE RETORNAVA DA CLÍNICA. ELA ESTAVA LINDA, SEUS CABELOS ESCUROS BRILHAVAM E PARECIAM MAIS LISOS DO QUE NUNCA E SEUS OLHOS VERDES PARECIAM ESMERALDA.

- Nossa! Você está linda, Berenice.- Retrucou  cachinhos dourados.
- Obrigada, amiga.
- Amei a calça. - Elogiou a calça estilosa de Berenice que tinha rasgos na altura dos joelhos.  A jovem gostava sempre de andar na moda e seguir as tendências do momento.
- Gostou? - Berenice perguntou sem graça e em seguida sorriu.
- Gostei... Berenice, tem como você ir lá em casa? O Rodrigo está péssimo.
- O que ele tem? Não vejo ele desde terça feira.
- Você não está sabendo?
- Não. Aconteceu algo grave? - Berenice parecia muito preocupada.
- Vá até ele, talvez ele te conte.
- Sim, eu vou agora mesmo. Vamos lá.

JÁ ERAM DEZ HORAS DA MANHÃ QUANDO BERENICE CHEGOU NO QUARTO DE RODRIGO.

- Rodrigo? - Ela abriu porta.
- Berenice?
- Vim te ver. Se Rodrigo não vai à Berenice, Berenice vai até Rodrigo.- Disse ela dando um sorriso, na tentativa de disfarçar sua preocupação e curiosidade.
- A Luiza te contou, não foi?
- Não. A Luiza não me contou nada...
- Então quem te contou?
- Ninguém me contou nada... espera aí, até a Luísa já está sabendo de algo que eu não sei? Eu tô furiosa. - Disse intrigada, mas não furiosa.
- Então você não sabe mesmo?
- Rodrigo, eu já disse que não. Me conta logo o que está acontecendo, vai. - Pediu de maneira mimada. Rodrigo pensou um pouco e decidiu abrir o jogo.
- Berenice, o que vou te contar pode fazer você mudar de opinião ao meu respeito.
- O que você fez, matou um homem? - Ela interrompeu.
- Talvez eu tenha me matado... - Eles ficaram calados por algum segundo, mas Rodrigo se manifestou novamente. - Berenice... Eu transei com a Luna.- Berenice sentiu um incômodo, no susto levou a conversa para outro lado.
- Não creio que você teve coragem de fazer sexo com a Luna, essa menina... espera.. a Luna... a Luna é soro positivo. Meu Deus! - Ela pôs as mãos na boca. - Rodrigo! - Abraçou ele que se sentiu acolhido.
- Você não tem nojo de mim? - Perguntou ele ainda abraçado. Ela saiu dos braços dele e segurando seu rosto disse. - Claro que não. Rodrigo, eu sou sua amiga. - Ela estava com os olhos cheio de lágrimas e aquele olhar sincero foi o suficiente para Rodrigo se emocionar e abraçá-la novamente.
-Ninguém vai querer se relacionar comigo... agora mesmo que me sinto um lixo. - Lamentou-se chorando.
- Você não é um lixo. Essa doença não torna ninguém um lixo, nem doença nenhuma... Você sabia que eu tive câncer aos doze anos de idade?
- Teve? - Ele perguntou saindo do abraço.
- Sim. Tive câncer na garganta. Eu sofri bastante, mas os médicos foram bastante competentes e minha fé em Deus me ajudou muito também.
- Eu não sabia disso, mas o câncer tem cura pelo menos...
- Rodrigo... - Ela quase ficou sem palavras, mas retomou. - AIDS tem tratamento, tem como ter vida de qualidade. Basta você querer.
- Eu nem sei o que quero. Já pensei até em me matar.
- Não, Rodrigo. Não faça isso, pelo amor de Deus. Meu pai trabalha em um hospital e ele vive dizendo que tem pessoas como você que vivem bem, conseguiram casar...
- Pessoas como eu? - Questionou ironicamente. - Conseguiram?- Prosseguiu.
- Me desculpa, eu não sou boa com as palavras.
- Eu já achava que não ia conseguir ninguém por ser alto, rico e por ser branquelo desse jeito, sem sal.
- Pois quer saber, eu te acho lindo. Você tem um ótimo físico.- Ela falou olhando para o peitoral de Rodrigo que estava a mostra.
- Você diz isso porque tem pena de mim.
- Nada disso! Eu sempre achei, digamos que eu só criei coragem... só agora me toquei que você estava sem camisa. - Ela riu. Rodrigo ficou com vergonha e vestiu uma regata preta, nem parecia o mesmo.
-Você me acha lindo mesmo?
-Sim. Um garoto que não é alto pode ser tão bonito quanto um garoto que é, depende de cada um.
- Berenice, dificilmente você vai ver um cara com menos de um setenta sendo protagonista de uma novela como galã ou até mesmo em um filme... se tiver vai ser pra fazer comédia ou pra passar mensagens clichês sobre preconceito. Vocês mulheres vivem dizendo que homem grandão e fortão passa segurança, que se sentem mais protegidas.
- Aqui em Santa Aimee nunca ouvi isso, mas na TV sim... e você nem é tão baixo assim, tem muita gente mais baixa que você, principalmente as mulheres.
-Pois é, Berenice.... Mas uma menina mais alta não se sentiria segura se me namorasse...
- Rodrigo, existem mulheres que se sentem seguras pela forma que são tratadas e não pela altura do cara, talvez essas sejam menos inseguras... e sobre novelas e filmes, eu concordo. Mas isso vai mudar, porque vou produzir um filme, onde você vai ser o grande galã da trama. As mulheres do Brasil todo vão amar. - Rodrigo riu pela primeira vez desde que recebeu o laudo.
- Você é louca, Berenice. Mas eu gosto de você.
- Eu não sou louca nada... ah! Se eu fosse você dava um tapa no visual, vai melhorar sua autoestima.
- Ai, eu não tô com cabeça para isso agora, mas vou pensar na ideia.
- Pense... Vamos na minha igreja hoje a noite?
- Hoje a noite? - Ele murmurou.- Vou pensar na ideia também, prometo.
- Tá bom, seu chato. Deixa eu cuidar comigo, pois começo a trabalhar hoje.
- Sério?
- Sério. Hoje mesmo.
- Que legal!
- Deixa eu cuidar comigo... Tchau, cabeludinho.
- Tchau! Valeu aí.
- Que nada. Estamos juntos nessa. - Ela saiu.

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