Os mistérios de Santa Aimee

CAP 4- Pula, Luiza

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NAQUELA NOITE BERENICE FICOU BASTANTE ASSUSTADA E CHAMOU MARIA CECÍLIA PARA DORMIR COM ELA EM SEU QUARTO. NO OUTRO QUARTO JOÃO BATISTA USAVA O NOTEBOOK PARA FAZER RELATÓRIOS DE SEUS ATENDIMENTOS. SEUS OLHOS PRETOS E GRAÚDOS ESTAVAM UM TANTO FIXOS NA TELA, ELE FICOU ALI ATÉ TRÊS HORAS DA MANHÃ.

AO AMANHECER, MARIA CECÍLIA DEIXOU SUA FILHA NO QUARTO E FOI PREPARAR O CAFÉ DA MANHÃ DAQUELA SEGUNDA-FEIRA. ERAM SEIS DA MATINA E JOÃO BATISTA QUE PASSOU A MADRUGADA TRABALHANDO JÁ ESTAVA DE PÉ.

JOÃO BATISTA E MARIA CECÍLIA FORMAVAM UM CASAL JOVEM E BONITO. JUNTOS, FREQUENTAVAM A ACADEMIA PELO MENOS QUATRO VEZES POR SEMANA, POR ISSO TINHAM CORPOS SARADOS E SAUDÁVEIS. ALÉM DISSO, OS DOIS SEMPRE DAVAM UM JEITO DE NÃO DEIXAR O CASAMENTO CAIR NA ROTINA.

JOÃO TOMAVA BANHO PARA IR AO SERVIÇO E ENQUANTO ELE CANTAROLAVA SOB O CHUVEIRO, MARIA CECÍLIA PENSAVA NO PRESENTE SOMBRIO QUE A FILHA TINHA GANHO NA NOITE ANTERIOR, E AO VER O MARIDO SAIR DO BANHO, SEGUIU ELE ATÉ O QUARTO.

- Amor– ela chamou João Batista que ainda estava nu.
- Oi – respondeu ele virando-se.
- Eu vou à delegacia hoje. Não gostei nada desse caixão que deram para Berenice. Pareceu uma ameaça de morte.
- Talvez seja só uma brincadeira de mau gosto, meu amor– disse ele vestindo a cueca.
- João, e se não for?
- Não. Você deve ir até a delegacia sim. Eu apoio, só não quero que fique se corroendo, pensando o pior.
- Se acontecer algo com minha filha, eu nem sei o que será de mim–  fala com tristeza.
- Amor, não se preocupe– ele pede dando um selinho na esposa. Você amanheceu linda, meu bem.

QUANDO DEU SETE E MEIA DA MANHÃ, JOÃO BATISTA VAI PARA O TRABALHO EM SUA AMAROCK BRANCA, E BERENICE ACORDA COM O BARULHO DO CARRO

- Não me mata– berrou Berenice sentando na cama.
- O que foi, filha? - perguntou a mãe que entrou assustada no quarto.
- Mãe, eu tive um pesadelo horrível. Eu sonhei que alguém me matava com uma facada no estômago– ela conta nervosa e com lágrimas nos olhos.
- Foi só um sonho, minha filha. Calma! Não vai acontecer nada de ruim com você– tanquiliza a mãe dando-lhe um abraço.

NA CASA AO LADO DIREITO, DONA FILÓ LIGAVA PARA A MÃE DE MATEUS, QUE TINHA SIDO BALEADO NO DIA ANTERIOR. ELA ESTAVA PREOCUPADA E QUIS NOTÍCIAS DO GAROTO QUE SEMPRE LEVAVA O JORNAL NA SUA CASA

- Oi– disse dona Filomena, a senhora mais arretada de Santa Aimee.
- Oi, dona Filó– respondeu Isaura, mãe do jovem ferido.
- Isaura, minha filha. Como está o Mateus?
- Dona Filó, ele está bem. Já saiu do risco de morte, graças a Deus e a nossa senhora do Socorro perpétuo– falou ela, que era católica.
- Minha filha, que notícia boa, que notícia mais gostosa de se ouvir– exclamou ela e em seguida perguntou– ele recebe alta quando?
- Amanhã mesmo. 
- Ah! Que maravilha! Vamos visitar nosso moço trabalhador. Era só isso, minha filha. Obrigada!
- Eu que agradeço.
- Tchau!
- Tchau, dona Filó.

A LIGAÇÃO ACABOU E DONA FILÓ VAI ATÉ A COZINHA ONDE ESTAVAM SEU MARIDO MARINALDO E SEU NETO LUCAS SENTADOS À MESA TOMANDO UM DELICIOSO CAFÉ DA MANHÃ

- Tenho boas notícias– informou a velhinha que estava muito feliz.
- Conta, vó– pediu Lucas enquanto segurava a xícara com café.
- O Mateus não corre mais risco de morrer e vai ter alta amanhã– conta sorrindo e puxando uma cadeira para sentar.
- Que coisa boa, nosso índio logo estará nos trazendo os jornais– fala seu Marinado.

MATEUS, O ENTREGADOR DE JORNAL QUE FORA BALEADO NO PESCOÇO TINHA CARACTERÍSTICAS INDÍGENAS ASSIM COMO SUA MÃE, OLHOS PUXADOS E UM CABELO LISO E LONGO. ELE ENTREGA JORNAL DESDE CEDO PARA AJUDAR A MÃE, E HOJE ELE PAGA A FACULDADE COM O DINHEIRO QUE RECEBE COM ESSE TRABALHO, ALÉM DISSO, TRABALHA COMO GARÇOM EM UM RESTAURANTE NO CENTRO DA CIDADE NO TURNO DA NOITE. ESTAS CARACTERÍSTICAS LEVAVAM DONA FILÓ E SEU MARINALADO A ADMIRAR MATEUS