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11/03/2012.

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Largado no sofá, relendo as centenas de pequenas cartas escritas por Hyunjin, meu rosto se mistura em palavras, lágrimas e sorrisos melancólicos. É perturbadora a ideia de que as singelas letras juntas formam um sentimento que não cabe em coração algum; ele simples e somente transborda. E eu posso enxergar, posso sentir que sei do que Hyunjin estava falando.

Porque é a coisa mais dolorosa do universo batalhar com o reflexo que te encara no espelho, vidrento, daqueles bem afiados e marcantes; uma mancha pesada e errática, perceptível pela dor, mas negada pelo mental. Pode parecer dramaticamente dispensável, mas você não entende a dor de ter somente uma coisa que te agarra ao mundo até que sua órbita de fato fique fazia de poeira estelar ou coisas do tipo.

Eu era seu centro. Eu era a ponta desfeita e distante de tua órbita aos pedaços.

Com todos os bilhetes em mãos, caminho até a rede de náilons e tsurus e, com toda a força de vontade e gratidão, início a colagem. Prendo as palavras firmemente em minha rede de tristezas, falhas, compaixão e preocupação; minha rede ㅡ aos olhos de outros, balões soltos na cidade.

Assim que os bilhetes acabam, deixo para continuar outro dia e sigo em direção ao cemitério no intuito de mais uma visita. Levo em minhas mãos um lírio que será desmanchado ao vento.

ㅡ 11 iljjae. loona + nctOnde as histórias ganham vida. Descobre agora