Jade refletiu se o choque que a havia atingido também teria afetado sua expressão, mas não conseguiu chegar a uma conclusão. Ela sentiu pena da garota loira, observando uma pequena ruga de preocupação em sua testa enquanto falava de sua falecida família.

- Eu fui para um lar adotivo pois não tinha parente nenhum para me acolher... - Perrie continuou - Fui adotada aos 7 anos, depois novamente aos 10, depois aos 11... Nunca fiquei mais de 2 anos com uma família. Durante todo o tempo em que fiquei no lar, me culpei por não ter feito mais pela minha mãe. Culpei também a clínica em que ela muitas vezes deixou de comer para pagar, cada incopetente fisioterapeuta daquela espelunca. Eu podia ter feito mais, e não fiz.

- Mas você era só uma criança... - Jade disse tentando acalma-la, querendo tocar sua mão, mas sem fazê-lo.

- Eu sei, e foi isso que não me impediu de desistir de tudo e me tornar uma delinquente qualquer. Eu sei que não podia ter feito nada por ser uma criança, mas agora sou uma adulta e sei que posso fazer diferente do que aquelas pessoas fizeram. Eu posso salva-los do jeito que eu queria que tivessem salvado minha mãe.

- Essa é uma atitude muito bonita, Edwards - Jade admitiu, dizendo apenas partes do que desejava dizer - Existe muita bondade em você.

- Em você também, senhorita Thirlwall - Perrie sorriu para a mulher, que sorriu de volta - Eu vejo isso em você.

- Não gosto que ninguém espere nada de mim, porque corre grande risco de se decepcionar - Jade disse ríspida.

Perrie olhou fixamente para a mulher em sua frente.

- Ainda não somos amigas, mas vou te dar um conselho que te daria se fôssemos: acredite mais em si mesma. Eu sei melhor do que ninguém como é não ter expectativas sobre si própria, sei o que é o medo de falhar. Além de tudo isso, sei o que é ser descartada por não atingir expectativas. Eu nunca faria isso com você, Jade. Nunca faria isso com ninguém.

- Não me lembro de ter lhe dado a intimidade de me chamar pelo primeiro nome...

- Han.. Desculpa senhorita Thirwall - Perrie sorriu tristemente, vendo que seu discurso não atingiu a morena como ela desejava.

- Não - Jade sorriu - Não tem problema, pode me chamar assim.

Perrie sorriu de volta, a tensão se dissolvendo conforme as duas se olhavam. Muito lentamente, a loira apoiou os braços em sua própria perna, se curvando pra frente em direção á mulher sentada na cadeira. Ela se aproximava lentamente, nunca perdendo o contato visual. O vento batia muito levemente, bagunçando alguns fios do cabelo de Jade enquanto ela olhava fixo para os olhos azuis da garota em sua frente.

O sorriso se desfez, dando espaço para lábios entreabertos numa respiração irregular de ambas as partes. A morena arriscou fugir o olhar por um segundo para os lábios da garota em sua frente, voltando para os olhos depressa.

A nuvem de atração prendeu as duas naquele olhar. De repente, as duas estavam encarando os lábios uma da outra.

Perrie tocou nas mãos da morena cruzadas em seu colo. Uma descarga elétrica percorreu o corpo da garota, desde a ponta de seus dedos até os pés. Jade sentiu todo o sangue de seu corpo subindo para seu rosto, queimado suas bochechas.

O toque foi suave, inocentemente desencadeando uma série de sensações nas duas mulheres. Jade foi a primeira a recuar, pigarreando e desviando o olhar das armadilhas azuis de Perrie.

A loira permaneceu na mesma posição, voltando a sua postura segundos depois. Elas ouviram um barulho no jardim, seguido por uma voz.

- Perrie! Finalmente encontrei vocês! - Leigh sorriu aliviada para a amiga - O almoço está servido!

Take Care | JerrieWhere stories live. Discover now