Por um instante eu vejo o mundo congelar quando ele sorri, e isso é louco, muito louco. Suas covinhas aparecem e os seus olhos diminuem um pouquinho por causa do sorriso. Minha vontade é de puxa-lo para um beijo, e é isso que eu faço. Eu puxo a gola da sua camisa, o trago para perto de mim e o beijo, ele sorri agarrando a minha cintura enquanto retribui na mesma intensidade.

— Você é expontânea às vezes. Gosto disso. — Ele diz quando eu afasto os meus lábios dos seus por falta de ar. Ele ri. — Eu sei que sou irresistível.

Dou-lhe um empurrão.

— Você também é irresistível, pimentinha. — Ele amassa a minha bochecha com a sua mão enquanto gargalha da minha cara amassada.

Matthew é tão idiota, mas tão idiota que a sua idiotice me contagiou e eu acabei gostando dele.

Só pode ser essa explicação, ou não?

[...]

A semana de recuperação do Matt passou bem mais rápido do que eu esperava, e isso o deixou muito mais feliz do que o normal. Matthew agora está todo alegre, andando de um lado para o outro pelo hotel, chega a ser engraçado e fofo.

— Você não conseguiria imaginar a felicidade que eu estou sentindo em estar fora daquele quarto. — Ele diz enquanto entra dentro do refeitório com os seus braços abertos e olhos fechados, sentindo a liberdade.

— Pensei que iria virar o homem das cavernas se ficasse mais um minuto trancado no quarto. — Thomas vai até Matthew rindo. Ele o abraça e os dois fazem o aperto de mão engraçado que eles têm. Eu gargalho. — Julieta, você cuidou bem do meu bebê?

Se tem uma coisa que o Matt odeia é ser chamado de bebê. E é claro que o Thomas usaria isso contra ele. Se não usasse, ele não seria o Thomas.

— Você é um idiota! — Matthew se estressa.

Kylie aparece e abraça seu irmão por trás enquanto gargalha extremamente alto da expressão dele. Ela pergunta se ele está bem, e ele responde que está com fome. Nós sentamos na mesma mesa que os meus pais, que as minhas irmãs e que o Jason. Pedimos o nosso café da manhã e esperamos com fome no olhar. Afinal, quem não tem fome logo de manhã?!

— Sabe qual é a melhor parte de ficar hospedada em um hotel? — A minha mãe começa a dizer a sua velha frase que todos nós já conhecemos.

— ...Que eu não tenho que cozinhar nem fazer faxina na casa. — Todos completamos em um coro enquanto reviramos os olhos, como de costume.

— Muito bem, crianças! Estão aprendendo rápido. — Ela ironiza.

— Então gente, o que vocês querem fazer hoje? — Papai pergunta. — Eu estava pesquisando e achei uma pista de patinação aqui pertinho. Podíamos dar uma passada lá, o que acham?

— Super divertido! Pai, por favor nós precisamos ir. — Hillary se anima e gargalha ao mesmo tempo porque o Hulk, seu cachorrinho, está lambendo sua bochecha.

— Adorei a ideia. — Jason comenta.

Todos concordam e começam a conversar ao mesmo tempo, é engraçado. Parecem entusiasmados.

— Infelizmente eu e Matthew não poderemos ir, deixa pra próxima.

Matt me encara com a sobrancelha arqueada e os olhos cerrados. Quando ele está prestes a dizer algo contrário ao que eu acabo de dizer eu dou um chutão em sua canela por baixo da mesa, ele disfarça a dor fechando os olhos e os punhos.

— Ela está certa. — Ele murmura.

Sorrio em resposta. Como o meu pão com recheio o mais rápido possível e quando acabo puxo o Matthew pelo pulso, e sem me despedir direito eu corro com ele até a saída do hotel.

— Que merda você está fazendo?

— Tenho uma surpresa para você. Eu venho programando tudo isso desde semana passada. — Conto. — Só me siga, tudo bem?

— Só não me coloque em mais nenhuma furada. — Ele implora.

Enquanto corro como uma doida no meio da neve o Matthew me segue resmungando.

O dia está bonito. Não está nevando tanto, tem sol e as pistas estão vazias. Com certeza deve ser por conta dessa festa de comemoração que terá hoje dos cento e dez anos da cidade. Será uma grande festa, com vários tipos de comidas, danças e pessoas, e também terá um show. Todos estão bastante animados, acho que será divertido.

Só de pensar que daqui à exatas três semanas todos nós voltaremos para casa me dá um aperto no coração. Eu estou gostando tanto daqui...por mim ficaria aqui para sempre.

Uma das milhares coisas que me preocupam é a minha relação com o Matthew. Será que quando voltarmos ele continuará sendo o mesmo? Será que a minha relação com ele voltará a ser como antigamente? Eu tento não pensar nisso, mas ultimamente está sendo impossível.

Quando me dou conta vejo que chegamos no lugar que eu queria.

— Chegamos! É aqui. — Digo com um sorriso no rosto.

Ele observa o lugar com as suas sobrancelhas arqueadas e com o olhar  confuso. Depois de longos segundos o Matthew finalmente entende o motivo para eu ter trazido ele aqui. A sua expressão muda para uma bem mais séria que a antiga. Eu já imaginava essa reação.

— Antes de você dizer qualquer coisa eu preciso dizer algo. — Abro um sorriso nervoso. — Quando algo muito ruim acontece você tem três escolhas: Deixar isso definir você, deixar isso destruir você, ou deixar isso te fazer mais forte. Estou aqui para te ajudar a superar e escolher a última.

Matthew encara os equipamentos em cima do banco cheio de neve e depois desvia o seu olhar. Ele parece estar nostálgico e com medo.

— Você quer me fazer voltar a esquiar.

60 dias com eles Where stories live. Discover now