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Ao descermos no ponto próximo de minha casa, soltamos as mãos, ele evitava olhar-me e eu estava ali procurando as palavras certas para dizer-lhe. Mas não achando nada plausível a dizer preferi calar-me.

Ao chegarmos em casa, meu pai Isaac nos recebeu com um sorriso:

_ Pai esse é meu amigo Gabriel, Gabriel esse é o meu pai Isaac.

_O Gabriel...

_ Sim pai o Gabriel.

Meu pai nem soube disfarçar a sua curiosidade em relação a Gabriel ao exibir um sorriso exagerado nos traços faciais para  ele  que logicamente entendeu o que eu havia dito a ele antes:

_ Prazer seu Isaac.

_ O prazer é todo meu, desculpa Valentim não me avisou que você viria com ele, eu não preparei nada especial.

_ Não se incomode com isso por favor.

_ Pai, o Gabriel e eu estaremos no meu quarto tudo bem? _ Nós iremos assistir a um filme e comer pipoca apenas.

_ Entendi filho.

Entramos no meu quarto e após fechar a porta balancei a cabeça:

_ Entendeu agora né?

_ Acho que sim...

Ele se encostou na parede ficando em silêncio, de repente me olhou e sem jeito começou a falar:

_ Foi estranho para você saber o que eu fiz?

_ Confesso que eu não esperava por isso.

_ Eu entenderei se não quiser mais ser meu amigo Valentim, eu fui... não,  eu sou um monstro.

_ Não, não é... você errou, mas se arrependeu, isso não te torna um monstro, te torna alguém que é maleável que errou mas aprendeu com esse erro e corrigiu a sua postura.

_ Infelizmente, o arrependimento não faz com que o tempo volte Valentim. O meu arrependimento não faz com que eu me sinta menos culpado. 

Ele parecia tão indefeso que Valentim sentiu uma imensa vontade de abraça-lo e a impressão que tinha era que quisera abraça-lo não para confortá-lo como amigo, mas pela sensação de tê-lo nos braços... mas se conteve, afinal não podia simplesmente puxá-lo para um abraço, temia assustá-lo ou que ele pensasse estar se aproveitando da situação:

_ Olha Gabriel, você não pode mudar o passado, de fato não pode, mas... não pode ignorar o seu arrependimento, não pode ignorar simplesmente esse mérito. 

_ Valentim olhe para mim, mas olhe de verdade e só então tente repetir essas palavras. 

_ Hei para de se auto comiserar, você é um ser humano suscetível ao erro, como você disse anteriormente, você tinha duas opções, uma aprender com o que houve e aprendeu e outra desandar o que não foi o caso. 

Fomos interrompidos com batidas na porta:

_ Valentim, eu terminei o lanche de vocês, já está na mesa,  agora eu terei que dar uma saída, Gabriel foi um prazer conhece-lo, volte sempre que quiser, da próxima vez faça esse meu filho avisar antes e eu farei algo melhor para vocês. 

_ Pode deixar seu Isaac, farei ele lhe dizer com antecedência. 

Cruzei os meus braços rente ao peito e fiquei observando os dois conspirar, não pude deixar de sorrir.

Assim que meu pai saiu ele me olhou e sorriu:

_ O que foi?

_ Estou vendo você e meu pai conspirando contra mim.

_ Conspirando? - ele me olhava fixamente com uma expressão risonha_ Não acha que isso é uma acusação pesada?

_ Você combinando com o meu pai uma próxima vez,  isso é uma armação genuína ou uma engenhosa trama  para passar mais tempo do meu lado?

_ Hum eu não sabia que o senhor perfeitinho tivesse uma fraqueza chamado convencimento, que feio senhor perfeitinho. 


_ Você está mesmo se divertindo as minhas custas, engraçadinho você. Vamos você deve está com fome, eu estou faminto.

Meu pai havia feito uma mesa farta, tinha pão de forma com presunto e queijo, pão francês, pão de queijo, suco de laranja, pipoca, frutas, pudim entre outras iguarias  ou seja uma mesa exagerada apenas para Gabriel e eu degustarmos.

_ Acho que seu pai preparou comida para um batalhão. 

Ele olhava atônito para o tanto de comida apresentado como lanche:

_ Que mesa incrivelmente farta - ele mantinha a boca tapada com a mão e os olhos arregalados. 

Era difícil conter o riso ao notar o seu espanto: 

_ Essa é a maneira dele de dizer que gostou de você. 

_ Que bom, eu fico feliz por saber disso. 

Fomos para sala cada um com um pratinho e um copo de suco, sentamos no sofá e começamos a assistir a um filme chamado Shelter (de repente Califórnia) era um filme muito bom que conta a história de Zach e Shaun. 
Zach é forçado a desistir de seus sonhos de entrar em uma prestigiada escola de arte, e acaba habituando-se a uma vida onde omite as suas próprias necessidades em favor de cuidar de sua irmã mais velha, Jeanne  e o seu sobrinho, Cody  que o considera um verdadeiro pai. Quando o irmão mais velho do seu melhor amigo, Shaun , regressa a casa para procurar inspiração para um novo livro, Shaun e Zach acabam por desenvolver uma grande amizade. Apesar de namorar com a jovem Tori, Zach aos poucos deixa-se relacionar emocionalmente com o escritor que não esconde o fato de gostar muito dele. E apesar de se sentir atraído por Shaun, Zach tem muitas dúvidas e terá receios de enfrentar a sua verdadeira identidade, a sua família e amigos. Quando finalmente o jovem assume os seus sentimentos, eis que irá surgir outro dilema na sua vida deixando-lhe a pensar naquilo que deve decidir para si: se o amor e os estudos ou se ficar e cuidar da família.  

Era de fato um filme muito bom, e mostrava a descoberta desse amor, quando o filme teve o seu fim, ficamos ainda comentando sobre ele, e eu me levantei para pegar os pratos involuntariamente toquei nos dedos dele quando juntos pegamos  o prato que ele segurava, soltamos ao mesmo tempo fazendo o prato espatifar no chão.

Nos abaixamos para pegar os cacos  e ele se desculpando, em um descuido ele acabou cortando o dedo com o vidro e eu segurei sua mão para ver o corte, sem pensar no que fazia levei o dedo dele a minha boca e chupei o sangue, depois o encarei, ele também me olhava sem desviar o olhar.

A linguagem corporal de ambos era querer aprofundar aquele contato e sem que eu  assumisse o controle do meu próprio impulso  fui diminuindo a distancia, Gabriel permanecia parado obedecendo ao próprio desejo quando fechava lentamente os olhos ao encontro de nossas  bocas em um selinho. Eu também acabava por fechar os olhos quando novamente nossos lábios se encontrava mas agora o selinho se tornava um beijo lento, ele entreabria os lábios para recepcionar os meus, onde minha língua serpenteava contra a dele em uma dança freneticamente ritmada. 





Tudo o que eu quero é você (quando o amor acontece 2)Where stories live. Discover now