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_ Acorda Valentim, vamos acorde, olha a hora meu pai vai me matar. Nós não podíamos ter dormido, o dia já amanheceu, caramba eu sou um cara morto.

Com as duas mãos no meu peito ele me sacolejava  me  despertava alvoroçado, nós havíamos adormecido após fazermos amor, e acabamos perdendo a noção do tempo, o dia já havia amanhecido e era de fato algo preocupante conhecendo o pai de Gabriel. 

Levantamos bruscamente apressados, procurando nossas roupas espalhadas pelo quarto, a qual nós nos vestimos já que estávamos nus e saímos do quarto, encontrando meus pais sentados na sala com minha irmã Lara:

_ Bom dia Gabriel, bom  dia Valentim - Adiantou-se Lara.

_ O café está na mesa filho - Papai Isaac informou:

_ Desculpa pai, o  Biel está atrasado, tenho que levá-lo imediatamente.

Gabriel apenas sorriu para eles deixando nossa casa me puxando pela mão. Ele entrou no carro colocou o cinto de segurança e dizia:

_ Vamos Valentim, vamos rápido, eu sou um cara morto, de hoje eu não passo, meu pai vai me matar.

Durante todo o trajeto de casa até perto da casa dele ele repetia essas palavras, parei duas quadra da casa dele como de costume e ele apenas selou os meus lábios saindo do carro sem dizer nem tchau. 

Quando retornei para casa, meus pais já não estavam, haviam levado Lara para a escola com certeza.

Deixei o peso do meu corpo cair sobre a cama e um sorriso surgiu nos meus lábios ao lembrar da noite em que passei com Gabriel.

Ele era de fato incrível.


Dois meses antes:

Era o meu primeiro dia na faculdade de engenharia, meu pai Martin teve grande influência na minha escolha, já que tenho ele como inspiração,  já meu pai Isaac é pediatra, tanto meu pai Martin como meu pai Isaac amam o que fazem e Lara e eu crescemos tendo esses dois homens como referencial. 

Levantei da cama direto para o banheiro afim de tomar um banho, depois me arrumei e desci encontrando meus pais e minha irmã a minha espera para o café da manhã, era regra de casa sempre fazermos as refeições juntos:

_ Bom dia Valentim -disse meu pai Isaac:

_ Bom dia pai.

Dei um beijo em seu rosto, outro no meu pai Martin e em seguida na minha irmã Lara, ela é seis anos mais nova que eu mas nos damos muito bem. 

Faltam um pouco mais  de  dois meses para que eu complete dezoito anos, portanto meus pais não me permite pegar no volante de um carro, eles são bem cuidadosos em relação a segurança, tanto minha como a dos outros, acho um pouco de exagero mas não ouso a debater com eles. 

Meu pai Martin me dará carona até a faculdade, antes ele levará Lara a casa da Cecília a amiguinha dela e de lá ela segue com ela para a escola, depois seguimos para o meu destino, fomos conversando e entre um assunto e outro ele perguntou:

_ E aí filho, como anda a vida amorosa?

_ Ninguém interessante pai, uns beijinhos aqui, outro ali mas nenhum que tenha importância de ser levado a mesa do jantar.

Uma outra regra de família é contarmos tudo durante o jantar, meus pais sempre nos ensinaram que o diálogo é muito importante, diziam ter tido muitos problemas no inicio do relacionamento deles por falta de conversarem. 

Chegando na faculdade me despedi dele e entrei no prédio onde uma turma de jovens se agrupavam, observei uma jovem muito bonita que me lançava um sorriso enquanto me olhava insistentemente. 
Percebia que ela exibia um ar de superioridade, nariz empinado, parecia muito esnobe,  ainda assim me forcei a retribuir o sorriso afinal meus pais me ensinaram a não julgar as pessoas a primeira vista. 


Aparentemente ela fazia parte da elite da faculdade e suas roupas de grife deixava isso bem explícito.

Nunca me deixei enganar por um rostinho de porcelana, seja ela feminina ou masculina, eu observava as atitudes da pessoa.  

Vi quando um rapaz chegou em um carro luxuoso, cabisbaixo passava pela turma que estavam agrupados, e no mesmo instante percebi uma movimentação, um dos rapazes cutucava a jovem que outrora me sorria, e gratuitamente ela e seus adeptos começaram uma sessão de ofensas ao rapaz que constrangido permanecia de cabeça baixa, ele era cercado por eles, presenciar aquela cena me enchia de furor e fui me aproximando devagar, eu sei que não deveria me meter em confusão logo no primeiro dia mas também não podia ignorar o fato de que aquele rapaz precisava de ajuda:

_ Bichinha, não sabe que aqui é uma instituição para pessoas de respeito, não de viadinho feito você?

No momento em que notei que a loira ergueu a mão para desferir contra o rapaz, eu segurei o seu pulso no ar. No mesmo momento em que vi que todos pararam para olhar a cena, a jovem demorou o olhar endurecido sobre mim como quem buscava explicações por minha atitude:

_ Quem você pensa que é garoto?

_ Sou alguém que sabe respeitar os outros, aparentemente diferente de você.

_ Como ousa me ridicularizar assim, por acaso não sabe quem eu sou?

_ Talvez um dia eu lhe conceda uma tarde para tomarmos um chá para que me apresente o seu curriculum, mas no momento eu não estou interessado em saber.

_ Como se atreve a falar assim comigo?

_ Como você se atreve a ofender gratuitamente uma outra pessoa?

_ Você vai se arrepender novato, nunca fui tão ofendida assim.
 

Ela e seus seguidores saíram enfurecidos, podia-se dizer que cutucar uma casa de marimbondo era menos perigoso do que afrontar a loira em questão, assim que ela se afastou o rapaz me olhou:

_ Muito obrigado, desculpa ter te metido nisso, agora você será mais um  no alvo da Bárbara e seus capachos, me perdoa.

_ Hei calma, eu me chamo Valentim e você?

Estendi a mão para ele que acolheu sobre a sua em um aperto:

_ Hennrry, eu sou Hennrry. Novamente desculpe por ter te metido nessa confusão, Bárbara Synclair não deixará isso passar em branco. Você a desafiou. 

Não é difícil adivinhar que daquele dia em diante eu ganhei amigos e inimigos, e não era qualquer inimigo era nada mais nada menos que Bárbara Synclair a herdeira de um dos homens  mais rico do país. 

Tudo o que eu quero é você (quando o amor acontece 2)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora