I Am Not Binary - Larry

Ok, I really don't understand

Zayn aparece na porta, sonolento, o que não me surpreende, visto que a criatura, dorme, acorda, caga e come.

– Ah... Olá, Harry. – diz, sem muita animação.

– Olá, Zayn. Louis, amor, vamos voltar para casa? – pergunto, calmamente.

– Não cara, tá muito cedo, vocês acabaram de brigar, não é bom resolver as coisas de cabeça quente. — Zayn se pronuncia minimamente racional.

– Zayn – Louis o chama – Você está dormindo desde ontem, pra ser mais exato, desde as 19 horas de ontem. Já faz mais de 24 horas que eu estou aqui, já estou sóbrio, e calmo. Não tem como tomar uma decisão de cabeça quente agora.

— Louis, mas mesmo assim. Foi uma briga feia, por causa do.. Da... A sei lá, por causa de Harry.

— Zayn, pode nos deixar à sós? — Louis pede — Precisamos conversar em particular

— Claro. Tchau Louis, tchau Harry.

— Tchau Zayn — falamos simultaneamente.

E fomos direto pro carro. Dei partida, com o objetivo de chegar em casa. Considerando que é do outro lado da cidade, acho que dá tempo de uma conversa desenvolvida e, principalmente, civilizada. Quando decido falar, Louis me corta.

— Amor, porque brigamos ontem? Eu não lembro de nada, e me dói a cabeça quando tento lembrar. — diz

— Amor, podemos falar da nossa briga outra hora? Foi por um assunto fútil...

Mentira. Meu gênero não tem nada de assunto fútil. Quando terei coragem de contar à ele?! De preferência, sem o auxílio de cachaça e sem transfóbicos, e também não quero contar isso num bar.

Quebra de Tempo
Noite passada, 11:37PM

— Amor! — grito no meio da multidão — Vamos lá fora? Quero te contar algo.

Realmente não sei de onde tirei toda aquela coragem e determinação de contar meu gênero, mas agora que estamos aqui, vai. Logo chegamos à parte de fora da boate.

— O que queria dizer amor? — Louis pergunta.

— Então... Eu não sou um homem.

E a partir daí tudo aconteceu muito rápido. Só sei que numa hora tinha um grupinho de machos dizendo que éramos bichinhas e na outra eu estava em cima dos três, tentando porrar aqueles idiotas.

— Amor, vamos pra casa? V-você está sangrando. — Louis diz assustado.

— Babe, eu vou te levar pra casa de Zayn, okay? — pergunto.

— Sim... Mas, o que é isso de você não ser homem? — sussurrou a última parte, para que ninguém ouvisse e não desse outra briga de novo.

— Já ouviu falar em gênero fluído?

— Não — responde, simples. — Você é tipo uma fusão de homem e mulher? — fala, e logo em seguida boceja.

— Amor, vou te levar à casa de Zayn. Durma lá hoje, okay?

— Okay. E se ele me perguntar se brigamos? E quem vai cuidar das suas feridas?

— Amor, calma. Resolvemos isso depois. — e aumentei o som, uma música relaxante.

Quando cheguei à casa de Zayn, ele também estava bêbado.

— Zayn, cuida do Louis pra mim?

Essas lembranças me atormentam. Não sei se aquele dia era melhor pra eu contar do meu gênero, mas de fato, eu escolhi o dia errado. Lembro que no dia que eu ia contar, ele estava animado com seu estágio em uma renomada universidade por aqui. Não havia trabalhado em lugares que realmente gostasse desde que fora demitido de uma creche para crianças órfãs, e sempre quis trabalhar ou em creches como essa, ou em universidades.

Porra Louis... Mesmo com essas brigas ainda sinto saudades suas