Capítulo 2

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Dezembro de 2018

Tudo girava, as pessoas pareciam maiores do que elas realmente eram. Bebida. Muita bebida. Música alta. Suor. Onde eu estava mesmo? Wow, isso é um amontoado de cabeças? Ah não, é só a louca da Camila.

Eu não conseguia mais raciocinar, dançava com dois caras que eu nem sabia o nome, apenas via cores e corpos em grande sincronia com uma batida desconhecida.

— Thalita,... — e não entendi o resto, apenas sinto o puxão de Camila e depois tudo fica meio turvo.

— Eeu tô bem, Caaamz — digo.

— É, eu tô vendo. Nós vamos embora — ela diz me arrastando até a saída da boate.

— Eu tô legal, sério. Eu não preciso...

Eu não sei bem como, mas logo estávamos na casa dela e tudo se apagou.

🌹

Minha cabeça insistia em doer, acordo e olho para minha cabeceira... Não, eu não estou em casa. Onde eu estou? Tenho me lembrar dos fatos e Camila adentra o quarto.

— Um copo de água e um remédio para curar sua ressaca.

— Você é um anjo — digo pegando e alcanço meus óculos que estava ali do lado.

— É, eu sei — diz convencida — Minha mãe está terminando de preparar o almoço.

— Almoço? Que horas são?

— 13 horas, não se preocupe que eu já mandei mensagem para sua mãe falando que está aqui.

— Você existe mesmo?

—Eu sou maravilhosa — ela diz jogando o cabelo para trás e eu dou risada. Sua mãe logo nos chamou para o almoço e começo a lembrar dos fatos, ontem foi aniversário de Camila e fomos comemorar seus 18 na balada, eu com identidade falsa óbvio. É um saco ser a mais nova!

Um tempo depois me toquei que viajaria amanhã, então me despedi e fui para casa. Minha mãe estava mexendo nas malas e eu terminei de arrumar a minha, deixando apenas as coisas que deveriam ser colocadas por último.

Esse ano meu pai não irá, então vai apenas eu, minha mãe e irmã, como tem sido nos últimos anos. Lembro que Manuela pediu para eu ir antes esse ano, mas decidir não ir.

É aquela coisa de só valorizam a sua presença quando a tem pouco. Além do mais, tinha o aniversário da Camz e o Natal lá é um saco.

Depois de conferir as coisas, tomo um banho e vou dormir.


Parece que só foi eu fechar os olhos que o despertador tocou, já eram cinco horas da manhã. Hora de viajar.

Fui tomar café da manhã e arrumar as últimas coisas antes de ir.

Malas no carro indo para o local de partida. Minha família não era rica, tínhamos apenas boas condições, mas era mais acessível ir para Ilhadas de ônibus já que não tinha aeroporto lá e daria muito trabalho desembarcar em outra cidade e pagar uma van até o local que ficaríamos.

No meu celular já tinha uma playlist completa para o caminho, além dos livros que estou levando comigo.

O primeiro que irei ler é o novo livro da Anna Todd, eu estava doida para ler quando comprei porém com todos os vestibulares ficou impossível. E também uns episódios baixados da Netflix.

Essa hora e em pleno horário de verão, o céu permanecia escuro. Era domingo e as ruas estavam silenciosas, era difícil ver São Paulo desse jeito. Mas era dezembro, todo final de ano a metrópole esvazia, as pessoas viajam, vão para o interior ou para o litoral.

Após a despedida, pegamos a estrada que não parecia ter fim. Já era a noite, tiveram as paradas para comer, mas nesse momento todos pegavam no sono.

Eu olhava pela janela vendo o grande estado de Minas Gerais que cada vez mais iria ficando para trás. O que eu vou fazer quando chegar lá? Eu tinha tudo em mente, mas agora parecia estranho pensar nisso.

Combinei com a Manu que iríamos passar as férias comemorando meus dezoito, mas mesmo assim tenho receio. Sempre quando idealizo as coisas, elas saem erradas.

Sem perceber, acabo pegando no sono.

— Deborah — alguém me chama — Acorda.
Me recuso a acordar, eu não gosto muito desse nome. Eu prefiro THALITA, qual o problema?

— Thalita Albuquerque, tá na hora do café da manhã. Acorda logo, preguiçosa.

Me espreguiço e sinto a dor nas costas por causa da má posição que dormi. A claridade toma conta dos meus olhos, e descubro que meu primo que me chamava.

— Preguiçoso é você — resmungo, o ônibus para e eu me levanto.

Era um posto de gasolina, que tinha restaurante. Engraçado ver um posto tão cheio, me lembra da greve que teve uns meses atrás e parou o país.

Fomos direto para o banheiro, e que nojo! Por que os banheiros das estradas brasileiras têm que ser tão nojentos? É algum tipo de lei que estabeleceram? Enfim, de qualquer jeito era necessário.

Durante o resto do dia fiquei vendo os episódios de Suits que baixei. E no final da tarde já estávamos em Ilhadas.

Eu estava exausta, falei com meus avós e fui direto para o banho. Eu só precisava dormir em uma cama de verdade, e não uma poltrona de ônibus.

Mandei mensagem para Camz avisando que cheguei, e acabo dormindo.

🌹

Meu celular chovia mensagens da Manu, ela falou que viu o ônibus chegar. Mas eu não quero vê-la hoje, apesar de ser quase impossível.

Era 13 horas sem horário de verão. Meus Deus, eu dormi demais! Como isso foi possível?

De qualquer jeito, tomo meu banho e vou direto almoçar. Hoje era dia 31 de dezembro, e eu sei que é infantil querer ser a estrela da noite, mas... por que não?

Sim, eu sei. Alice já está aqui e provavelmente vai ser difícil, mas esse momento é meu. E, inclusive, ela deve ser outra que não irá tardar a me procurar, já que sua casa é praticamente na frente da que eu estou ficando. Porém tentarei me manter em casa até à noite.

Meu celular começa a tocar, óbvio que era ela.

— Oi Manu.

— Venha aqui em casa me ver.

— Eu acabei de acordar, Manu. Mais tarde eu vou.

— Mais tarde eu vou para aí, peste.

Realmente, a família da Manu costuma se reunir com a minha todo ano novo.

— Eu sei, mas o sol tá muito quente. Não vou conseguir ir agora.

— Tá bom, então a gente se vê mais tarde — e desliga.

Esse ano minha roupa de ano novo é completamente oposta ao do ano passado, e isso é totalmente proposital. Eu mudei e isso está perceptível a quem quiser ver, infelizmente. Grande ironia!

Lembro-me que prometi a Angelina uma conversa, e eu já sei perfeitamente tudo o que preciso falar, mas não será hoje.

Eu já estava praticamente pronta, minha mãe me chamava e eu colocava o sapato.

Passei meu perfume e soltei meu cabelo, ele estava todo cacheado. Único aspecto que tive controle de manter do ano passado.

— Cadê a Debs? — escuto uma voz familiar.

***

Hey amores,
Como vocês estão? Olha quem está atualizando livro no dia do jogo do Brasil.
Espero que vocês tenham gostado!
Xoxo,
A.H.

Thalita Albuquerque: a nova JulietaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora