-- Ei, calma aí! Eu só vou sair para comer algo. Não fica imaginando coisas que não existem.

-- Que seja! Você merece depois do que passou com aquele cretino. Não posso acreditar que Alex seja desse tipo.

-- Temos mesmo que lembrar isso?

-- Tem razão, vamos esquecer. O que importa agora é que você vai sair com um perfeito cavalheiro.

-- Não sei se daria esse título a ele....

-- Não seja boba, Mi. Ele é perfeito! Que sortuda! Agora vá tomar um banho, eu me encarrego de escolher sua roupa.

-- Mas....

-- Vá logo!

Micaela a contragosto entrou no banheiro e tomou seu banho da forma mais demorada possível, não viu o tempo passar, quando deu por si Amália já estava socando a porta. Na verdade, quase derrubando de tanto que batia.

Quando saiu enrolada na toalha viu a amiga parada em frente a ela com um vestido nas mãos.

-- Esse vai ser perfeito!

-- Esse? Mas.... Eu tinha pensado numa calça....

-- Que calça, Micaela? Você vai sair com um príncipe! Pelo amor de Deus, uma vez na vida aceite usar algo que não seja calças.

Micaela bufou, sabia que não adiantava discutir com Amália, ela sempre vencia. E o vestido não era de todo ruim.

Tinha uma gola que se colava ao redor do pescoço parecendo um colar, os ombros ficavam de fora e o tecido descia colado até um pouco acima da cintura, depois o tecido se soltava formando uma saia um pouco rodada até o meio das coxas, a cor em especial era magnífica, um salmão que dava todo o charme. Para completar ela colocou sandália pretas de salto baixo e soltou o cabelo deixando os cachos grandes pesarem nas costas.

Com uma maquiagem rápida e discreta ela já estava pronta.

Desceu as escadas com Amália atrás e logo quando a avistou Nicolas se pôs de pé e nem percebeu que seus lábios se abriram um pouco enquanto a olhava.

-- Vamos? - Perguntou ela.

-- Hã.... Vamos! - Respondeu ele ainda meio atônito.

-- Tenham juízo, crianças. - Disse Chiara antes deles saírem pela porta.

Quando entraram no carro Micaela logo perguntou:

-- Onde vamos?

-- Eu fiz uma reserva em um restaurante aqui da cidade.

-- Qual?

-- Não me lembro o nome, mas sei que é muito confiável.

-- Sei. - Respondeu ela desconfiada.

Logo que chegaram ao local Micaela reconheceu de primeira. Sempre quisera comer algo naquele restaurante, mas com o salário que ganhava não pagava nem o prato de entrada. Ela já estava quase desistindo da ideia de guardar dinheiro. Então de repente Nicolas aparece e a leva exatamente naquele lugar, como se lesse seus pensamentos.

Foram calorosamente saudados pelo Maitre, um francês de sotaque carregado.

-- Ah Bonsoir, Senhorr Lamberrtini. É um prrazer vê-lo novamente.

-- O prazer é meu, Claude.

-- Sua mesa já está prronta! Me acompanhem, porr favorr.

Foram levados até uma área reservada, onde uma mesa com duas cadeiras uma de frente com a outra fora disposta. A iluminação era baixa e o tom avermelhado e dourado das paredes dava um ar mais aconchegante, romântico e íntimo ao lugar.

-- O senhorr já sabe o que vão comerr?

-- Não, Claude. Tem alguma sugestão?

-- Clarro! Temos o prrato da noite que é Perru ao molho de foie gras. Também temos Confit de canard. Parmentier de canard....

-- O que acha do Peru ao molho de Foie Gras? - Perguntou Nicolas se dirigindo a Micaela.

-- Por mim tudo bem. Desde que não seja aqueles pratos que vem com migalhas! Sabe que odeio isso, sei muito bem que você come igual a um urso quando vai hibernar!

Nicolas riu e respondeu:

-- Não é o tipo de comparação que eu esperava. - E voltando-se para o Maitre, respondeu - Vamos querer isso mesmo, Claude. E uma garrafa de château lascombes.

-- Oui! - Respondeu Claude chamando um garçom e passando o pedido, quando o homem saiu, ele olhou para Micaela e disse - Si vous voulez bien m'excuser, vous êtes très Jolie.
(Se me permite, a senhorita é muito bonita).

Ela ficou olhando para Claude, sem saber o que responder. Olhou para Nicolas, que tinha um sorriso debochado no rosto, buscando por socorro.

Ele por sua vez olhou para o homem e disse:

-- Elle ne parle pas français.
(Ela não fala francês).

-- Ah, pardonnez-moi, mademoiselle. (Ah, perdão, senhorita).

Ao ouvir o Maitre de desculpar, Nicolas continuou:

-- Mais je ne peux pas contester qu'elle est belle.
(Mas eu não posso discordar de que ela é bonita).

-- Vous êtes honoré. Est-ce votre petite amie?
(Você é honrado. É sua namorada?).

-- Non, c'est ma fiancée!
(Não, é minha noiva).

Nicolas apesar de conversar com o homem, encarava Micaela que estava de braços cruzados e o encarava de volta com raiva.

-- Nous ferions mieux de ne pas continuer, elle semble agacée. - Disse ele novamente se dirigindo a Claude. (Melhor não continuarmos, ela parece nervosa).

-- Oui, je suis d'accord. A senhorita deseja algo?
(Sim, concordo).

-- Não, não quero nada. Obrigada, Pierre.

-- É Claude, senhorita.

-- Claude? Mas todo francês não se chama Pierre? - Debochou ela.

O homem lhe lançou um sorriso de cumplicidade e respondeu:

-- Acho que temos bastante diversidade!

Depois deu uma piscadela e os deixou a sós. Aproveitando a oportunidade Micaela inquiriu:

-- O que estavam falando? Por acaso me xingaram?

-- De maneira alguma. Ele disse que você é muito bonita e eu esclareci que você não fala francês.

-- Não foi só isso que vocês conversaram.

-- O resto você jamais saberá.

Outra vez e de novo. #1 (VERSÃO REVISADA DISPONÍVEL NA AMAZON)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora